sexta-feira, 29 de novembro de 2019

GAMMA RAY - To the Metal! (Relançamento)


Ano: 2019
Tipo: Full Length
Nacional


Tracklist:

1. Empathy
2. All You Need to Know
3. Time to Live
4. To the Metal
5. Rise
6. Mother Angel
7. Shine Forever
8. Deadlands
9. Chasing Shadows
10. No Need to Cry


Banda:


Kai Hansen - Guitarras, Vocais
Henjo Richter - Guitarras, Teclados
Dirk Schlächter - Baixo, Vocais adicionais em “No Need to Cry”
Dan Zimmermann - Bateria


Ficha Técnica:

Kai Hansen - Produção, Gravação, Mixagem, Masterização
Dirk Schlächter - Produção, Gravação, Mixagem, Masterização
Hervé Monjeaud - Arte da Capa
Alexander Mertsch - Artwork, Design do Encarte
Michael Kiske - Vocais em “All You Need to Know”
Corvin Bahn - Teclados
Nadine Nottbohm - Vocais Femininos em “All You Need to Know” e “Mother Angel”


Contatos:

Instagram:
Assessoria:
E-mail:

Indicação: fãs de Heavy/Power Metal, HELLOWEEN, UNISONIC, e outros


Texto: “Metal Mark” Garcia


Introdução:

O tempo passa e vai erodindo mais e mais certas bandas, por mais que a formação se mantenha constante. As famosas variações de qualidade ocorrem em decorrência do desgaste dos músicos entre si, das longas turnês, e outros fatores. Por isso, apesar do que os mais fanáticos digam, todas as bandas possuem discos que saíram aquém do que elas realmente podem render.

Um bom exemplo disso é “To The Metal”, décimo disco de estúdio do quarteto alemão GAMMA RAY, lançado originalmente em 2010, e que agora é relançado graças a colaboração entre a Shinigami Records e a earMUSIC.


Análise geral:

A verdade é que o grupo, ativo desde 1989, nunca teve muito espaço para descanso, sempre caindo na estrada (e verdade seja dita: eles são uma das bandas da Alemanha que mais toca ao vivo pelo mundo), isso sem mencionar que a formação da banda estava estabilizada desde 1997, o que representariam 13 anos juntos. Ou seja, certo desgaste já estava acontecendo. E embora em “To the Metal” ainda se tenha material de alto nível, não está no nível de clássicos como “Land of the Free” ou “Power Plant”. É muito bom, não decepciona, mas não é fantástico.

Há pontos positivos, como alguns experimentos interessantes, como o Groove moderno que aparece em “Empathy”, e o enfoque um pouco mais “Down Rock” em certas partes de “Mother Angel”. Basicamente, o grupo estava buscando ampliar seus horizontes musicais e trabalhar de uma forma menos linear em termos de Heavy/Power Metal.


Arranjos/composições:

Por ter influências externas ao estilo clássico do grupo, “To the Metal” mostra a banda extremamente afiada, o que também mostra o quanto a formação estabilizada por mais de uma década ajuda.

Há riqueza de andamentos, momentos mais agressivos e sujos (como se poder ouvir em “All You Need to Know”), mas no geral, a banda continua caprichando em melodias com bom nível técnico, refrães marcantes, e um nível de energia absurdo. Novamente: pode não ser um disco perfeito, mas é muito bom em termos de arranjos.

GAMMA RAY ao vivo

Qualidade sonora:

Kai Hansen e Dirk Schlächter cuidaram da produção, gravação, mixagem e masterização de “To the Metal”, e a sonoridade soa mais artesanal e seca, o que deixou o disco soando mais agressivo que de costume (uma sacada nos timbres da bateria mostra isso claramente).

Mas ao mesmo tempo, o nível de clareza sonora é alto, permitindo que tudo possa ser acessado pelo ouvinte sem problemas.


Arte gráfica/capa:

Hervé Monjeaud é quem assina a arte da capa. O contraste de cores é bem grande, embora a arte ainda aparente ser simples. Tudo para tentar ambientar a musicalidade que o disco exibe. Ficou ótimo, diga-se de passagem.


Destaques musicais:

Mais uma vez: embora não possa ser comparado aos clássicos do grupo, “To the Metal” é um disco bem fácil de gostar, pois as composições são caprichadas. E as melhores canções para uma primeira audição são:

A veloz e cativante “All You Need to Know” (que mostra o estilo classic do grupo, com partes velozes contrastando com outras mais melodiosas, refrão marcante, e mais uma vez, a banda trouxe Michael Kiske para dar uma força nos vocais, junto com Nadine Nottbohm nos toques femininos, e mesmo alguns vocais Gothic Rock dão o ar da graça), o alinhavo levemente rascante de “Time to Live” (um trabalho bem legal de baixo e bateria, com ritmos não tão velozes ou complexos, e aqueles backing vocals bem grudentos durante o refrão), a pesada e climática “To the Metal” (o andamento diminui ainda mais de velocidade, ficando mais pesado, com os vocais fazendo um trabalho ótimo nos timbres naturalmente esganiçados de Kai), a rica em melodias e mudanças de ritmo “Rise” (basicamente, o jeito clássico do grupo de fazer música, embora com guitarras com riffs mais agressivos, embora sem complicar a evolução das melodias), a pegada mais visceral e voltada ao Rock ‘n’ Roll/Hard Rock de “Mother Angel” (alguns riffs vão lembrar o trabalho do ACCEPT, e novamente, Nadine dá um toque de classe com sua voz melodiosa), “Shine Forever” (os timbres mais agudos dos vocais encaixaram como uma luva na base instrumental, sem falar que o baixo mostra uma debulhada e tanto no início) e “Chasing Shadows”, ambas mostrando o clássico jeito GAMMA RAY de ser.

É, o disco é muito bom mesmo.


Conclusão:

Basicamente, “To the Metal” marca o fim da formação que estava junta desde 1997 (o baterista Dan sairia da banda em 2012), e assim, pode ser visto como o encerramento de uma era para a banda.

E este lançamento, por sua vez, torna acessível aos fãs sua aquisição.


Nota: 8,5/10,0


To the Metal!



Rise

AXEL RUDI PELL - XXX Anniversary Live


Ano: 2019
Tipo: Duplo ao Vivo
Nacional


Tracklist:

CD1:

1. The Medieval Overture (Intro)
2. The Wild and the Young
3. Wildest Dreams
4. Fool Fool
5. Oceans of Time
6. Only the Strong Will Survive
7. Mystica (incl. Drum Solo)
8. Long Live Rock

CD2:

1. Game of Sins/Tower of Babylon (incl. Keyboard Solo)
2. The Line
3. Warrior
4. Edge of the World (incl. Band Introduction)
5. Truth and Lies
6. Carousel
7. The Masquerade Ball/Casbah
8. Rock the Nation


Banda:


Johnny Gioeli - Vocais
Axel Rudi Pell - Guitarras
Ferdy Doernberg - Teclados, Backing Vocals
Volker Krawczak - Baixo
Bobby Rondinelli - Bateria


Ficha Técnica:

Anton Kabanen - Produção, Mixagem, Gravação
Emil Pohjalainen - Masterização
Roman Ismailov - Artwork


Contatos:

Site Oficial: www.axel-rudi-pell.de
Instagram:
Assessoria:
E-mail:

Indicação: fãs de Hard Rock clássico, RAINBOW, YNGWIE MALMSTEEN, e outros


Texto: “Metal Mark” Garcia


Introdução:

Seguir uma carreira musical que chegue aos 30 anos não é algo simples. Em meio a problemas como o combalido mercado musical de hoje, aos problemas em manter formações estáveis, e mesmo o desânimo e o tédio causados pela rotina em se manter ativo, conseguir passar uma década na ativa é um feito enorme, quanto mais 3 décadas!

Óbvio que o guitarrista alemão Axel Rudi Pell é um autêntico herói nesse quesito, mantendo-se na ativa apesar de todos os problemas. E é por isso que é respeitado dentro do cenário. E comemorando seus 30 anos de muitos discos excelentes e turnês marcantes, vem o duplo CD ao vivo “XXX Anniversary Live”, que acaba de sair no Brasil pela Shinigami Records, tanto em digipack como jewelcase.


Análise geral:

Como já dito, manter uma banda na estrada (e ativa) por 30 anos é marca de quem sabe o que quer fazer da vida. Nisso, Axel sempre se rodeou de músicos de alto nível.

Agora, é incrível como o Hard Rock/Classic Rock do grupo funciona bem ao vivo, e mesmo em tempos em que “overdubs” e infinitas edições digitais surgem em registros do tipo, este duplo ao vivo mantém uma forte aura de “aovivocidade”, ou seja, se percebe que não há muitas correções. É o quinteto fazendo sua parte, mostrando peso, entrosamento e classe.

Além disso, a presença de solos de bateria e teclados, bem como a apresentação dos integrantes, dá um toque clássico.


Repertório:

O que pode pôr tudo a perder, ou ganhar o jogo, em termos de discos ao vivo é o “setlist” escolhido.

Mas para quem acompanha a carreira do alemão e sua banda, é claro que já sabe que “XXX Anniversary Live” é o terceiro disco ao vivo da banda (e segundo disco duplo, já que “Made in Germany”, de 1995, é um CD simples). Além do mais, é preciso entender que o disco foi gravado durante a turnê de divulgação de “Knights Call”, de 2018, logo, nem é preciso dizer que boa parte do material dele se encontra aqui. Mas alguns clássicos como “Casbah” e “Carousel” também estão aqui.

Ou seja, o repertório é muito, muito bom!


Axel Rudi Pell ao vivo
Qualidade sonora:

Como já é de praxe, Axel produziu “XXX Anniversary Live”, tendo Ralf Speitelna captação das canções, Thomas Geiger na mixagem e Ulf Horbelt na masterização.

Mas diferentemente de muitos, a opção foi de fazer a sonoridade desse disco ao vivo ser realmente ao vivo, sem aquela coisa mecânica e fria que vem de infinitos remendos e overdubs. Se eles existem, são quase imperceptíveis.

Ah, sim: apesar do feeling claramente orgânico, tudo pode ser ouvido claramente nos mínimos detalhes. Se soa ao vivo e espontâneo, o faz com uma qualidade ótima.


Arte gráfica/capa:

A capa de Holger Fichtner é muito bonita, e embora simples em termos de contrastes, é elegante como já virou uma “trademark” do grupo. E no encarte, uma declaração de Axel, bem como vem recheado de ótimas fotos dos shows, e mesmo imagens de cartazes. Um belo design feito por Kai Hoffmann.


Destaques musicais:

Um disco ao vivo se deve observar como um todo, para ver como a banda e público reagem, a energia gerada por ambos. E pelo que se ouvem nessas gravações feitas em várias cidades da Europa (Bochum e Budapeste são duas delas), os fãs foram ao êxtase.

Basicamente, no CD 1, é para se aplaudir a performance da banda em momentos como “The Wild and the Young” (belíssimo trabalho de guitarras, tanto nos riffs como nos solos), a melodiosa e cativante “Wildest Dreams” (belo refrão e vocais em uma pegada pesada à lá Classic Rock dos anos 70), a pesada e climática “Fool Fool”, o peso mamutesco e elegante de “Only the Strong Will Survive”, a longa “Mystica” (baixo e bateria fazendo bonito, especialmente por conta do solo de Bobby Rondinelli), e a excelente “Long Live Rock” (outra em que os vocais estão muito bem).


Já no CD2, o jeito mais acessível de “The Line” (bela introdução de teclados, inclusive), a selvageria encorpada de “Warrior” (um super Hardão, com guitarras lindas em termos de melodias), a curta e cativante “Truth and Lies” (uma instrumental excelente), a mistura do jeito acessível do Hard Rock com peso de “Carousel”, e a saideira com jeitão Classic Rock de “Rock the Nation” são de fazer o queixo cair.

Bom é apelido!


Conclusão:

Axel Rudi Pell é muito respeitado fora do Brasil (aqui, nem tanto, já que a fragmentação do cenário por conta de estilos e visões ideológicas prejudica muito qualquer artista), e tanto os fãs mais antigos como os mais novos vão babar por “XXX Anniversary Live”.

Ah, sim: eis um tutorial de como fazer um disco ao vivo de verdade!


Nota: 9,0/10,0

  
Only the Strong Will Survive

segunda-feira, 25 de novembro de 2019

BEAST IN BLACK - From Hell With Love


Ano: 2019
Tipo: Full Length
Nacional


Tracklist:

1. Cry Out for a Hero
2. From Hell With Love
3. Sweet True Lies
4. Repentless
5. Die by the Blade
6. Oceandeep
7. Unlimited Sin
8. True Believer
9. This is War
10. Heart of Steel
11. No Surrender
12. Killed by Death (MOTORHEAD) (bônus)
13. No Easy Way Out (Robert Tepper) (bônus)


Banda:


Yannis Papadopoulos - Vocais
Anton Kabanen - Guitarras,  Teclados, Orquestrações, Backing Vocals
Kasperi Heikkinen - Guitarras
Mate Molnar - Baixo
Atte Palokangas - Bateria


Ficha Técnica:

Anton Kabanen - Produção, Mixagem, Gravação
Emil Pohjalainen - Masterização
Roman Ismailov - Artwork


Contatos:

Site Oficial: www.beastinblack.com
Assessoria:
E-mail:

Indicação: fãs de BATTLE BEAST, e Heavy Metal finlandês


Texto: “Metal Mark” Garcia


Introdução:

Talvez estas palavras não sejam novidade, mas é fato que cada país tem uma “marca registrada” em termos musicais, especialmente quando se fala em Heavy Metal como um todo. Por mais que existam os emuladores, dificilmente uma banda norte-americana tem uma sonoridade similar às da Inglaterra. Comparem BLACK SABBATH a BLUE ÖYSTER CULT, e começaram a perceber que existem diferenças entre as escolas dos países em questão. Nisso, nos dias de hoje, a Finlândia produz bandas e mais bandas, todas com algo que mostra que se está lidando com grupos daquelas terras.

E isso é evidente em “From Hell With Love”, segundo álbum do quinteto BEAST IN BLACK, de Helsinque, e que acaba de ser lançado no Brasil pela Shinigami Records e a Nuclear Blast Brasil.


Análise geral:

Para quem não sabe, o quinteto é o irmão mais jovem do BATTLE BEAST, sendo fundado por Anton Kabanen, ex-guitarrista e membro original. E desde que veio seu primeiro disco, “Berserker”, a banda tem causado certo frisson nos fãs. E não é à toa.

Primeiramente, na banda, estão também o baixista húngaro Máté Molnár (que foi do WISDOM), o guitarrista Kasperi Heikkinen (que entre outros, tocou com U.D.O., GAMMA RAY e DIRKSCHNEIDER), o vocalista grego Yannis Papadopoulos, e o baterista Atte Palokangas (conhecido por ter passado pelo THUNDERSTONE). É um time e tanto.

O BEAST IN BLACK tem uma pegada muito pesada e agressiva que contrasta com um jeito melodioso e cativante com toda a carga do “traditional Finnish Heavy Metal”. A diferença que “From Hell With Love” soa mais acessível que seu antecessor, e em relação à sua banda irmã, mostre mais peso, justamente por ser mais influenciado pelo Heavy Metal tradicional e Hard Rock (e mesmo alguns toques subjetivos de Prog Metal/Symphonic Metal aqui e ali, e algumas passagens AOR), ao passo que o outro já se abriu para estilos mais acessíveis.

Mas não se enganem com as palavras e comparações: a banda tem uma personalidade bem forte e óbvia.


BEAST IN BLACK ao vivo
Arranjos/composições:

O jeito mais acessível desse disco não esconde a capacidade da banda em criar ótimos arranjos, embora longe de ser minimalista ao ponto de ser cansativo.

Outro ponto é que as melodias são de fácil assimilação, cada refrão é extremamente envolvente, e a banda soa espontânea e com energia. E apesar desse jeito de ser fazer música já ser bem conhecido, nas mãos da banda se torna algo pessoal, algo que mostra que o quinteto merece todo os elogios que recebe desde que surgiu.


Qualidade sonora:

Anton Kabanen produziu, mixou e acompanhou de perto as gravações, tendo a masterização sido feita por Emil Pohjalainen.

Como se pode imaginar, o nível de profissionalismo é alto, logo, tudo soa claro e bem inteligível aos ouvidos, mas o peso é esmagador, com um balanço bem feito entre melodias e agressividade. Além disso, “From Hell With Love” é um disco sem medo de soar moderno. Longe disso, tudo foi feito para ser atual.


Arte gráfica/capa:

A arte gráfica de Roman Ismailov é ótima, buscando aparentar algo saído das revistas de heróis da Marvel ou DC Comics (o que não é de se espantar, já que o nome da banda é uma influência direta do mangá “Berserk”, de Kentaro Miura), expressando algo do universo de fantasia no jeito de “A Espada Selvagem de Conan”.


Destaques musicais:

Não dá, é difícil escolher alguma faixa que se destaque em “From Hell With Love”. O disco é marcante, envolvente, cheio de nuances e contrastes de luz e sombra. Mas por preciosismo (preguiça?), as mais indicadas para uma primeira ouvida no trabalho:

“Cry Out for a Hero” (um Hard ‘n’ Heavy moderno e grudento, cheio de ótimas melodias e vocais rascantes, refrão marcante e excelentes guitarras), “From Hell With Love” (um típico Heavy Metal moderno e com toques melódicos acessíveis, uma contribuição dos teclados), “Sweet True Lies” (é clara a acessibilidade musical, quase como se nomes como BON JOVI, FIREHOUSE ou mesmo JOURNEY, tocassem Heavy Metal), “Repentless” (teclados e guitarras mostram aquela aura Prog Metal/Symphonic Metal mencionada antes, com conduções rítmicas pesadas à lá Finnish Metal), “Oceandeep” (que é introspectiva e quase acústica em seu início, inclusive com toques de flauta, e que próximo ao fim ganha peso e energia), “Unlimited Sin” e “True Believer” (ambas mostram claros toques AOR/Pop em certas ambientações, embora o alinhavo pesado e agressivo seja evidente, e um ótimo trabalho de vocais e backing vocals), “Heart of Steel” (uma pancada de peso e belas atmosferas criadas pelos teclados, com certo jeito de Hard ‘n’ Heavy dos anos 80), e “No Surrender” (mais uma em que o lado AOR/Pop surge com força, com boas dobradinhas entre as guitarras e teclados).

Para ilustrar a dualidade em que o grupo mostra em sua música, tem-se duas canções extras: “Killed By Death” (eterno hino do MOTÖRHEAD, que aqui ganhou um jeitão mais melodioso para temperar a agressividade original) e “No Easy Way Out” (do cantor Robert Tepper, conhecida por estar na trilha sonora de “Rocky IV”, um AOR/Pop de muito sucesso da época, que aqui ganhou mais peso e agressividade por causa das guitarras).

Mas não se deve deixar “Die by the Blade” ou “This is War” de fora da primeira audição. Logo, o melhor é colocar o disco para tocar e aproveitar.


Conclusão:

Pode-se dizer que o BEAST IN BLACK é a grande surpresa do ano, já que “From Hell With Love” veio muito melhor que a encomenda. Além disso, essa versão nacional merece ser adquirida sem remorsos.

Aliás, aproveitem, pois é um dos grandes discos do ano!
  
Nota: 10,0/10,0


From Hell With Love



Sweet True Lies



Die by the Blade


HÅRD:ON - Bad Habits Never Die



Ano: 2019
Tipo: Full Length
Nacional


Tracklist:

1. Bad Habits Never Die
2. Catwalk
3. Dr. She
4. Touchdown
5. Sunset Drive
6. Open Your Eyes
7. Kings of the Pit
8. Two to Tango
9. Life


Banda:


Chris Hoff - Vocais
Alex Hoff - Guitarras, Teclados, Backing Vocals
Ricardo Bolão - Baixo, Backing Vocals
Daniel Gohn - Bateria


Ficha Técnica:

Hård:On - Produção
José “Heavy” Luís Carrato - Produção, mixagem, masterização


Contatos:

Site Oficial: www.hardonmusic.com
Assessoria:

Indicação: fãs de RATT, MÖTLEY CRÜE, DOKKEN, KISS da fase “Creatures of the Night” até “Revenge”, e Hard/Glam em geral

Texto: “Metal Mark” Garcia


Introdução:

No atual “revival” das sonoridades dos anos 60, 70 e 80, existem muitas bandas que estão por aí apenas fazendo tudo aquilo que já foi feito, como uma máquina de xerox em série. Seja no exterior, seja no Brasil, seja no estilo que for, é sempre necessária uma triagem para separar as cópias daquelas que realmente merecem elogios.

E o quarteto paulista HÅRD:ON faz bonito com “Bad Habits Never Die”, seu segundo disco, que acaba de ser lançado pela Shinigami Records.


Análise geral:

Melodioso, ganchudo e pesado, o trabalho musical do quarteto se baseia no que se convencionou chamar de Hard/Glam Metal da primeira metade dos anos 80, quando o gênero ainda pulsava com energia e peso, antes de sua maior abrangência comercial (quando o peso e agressividade diminuíram em prol de maior acessibilidade). Basicamente, não é nenhum pecado dizer que aquele mix de peso, melodias e energia que se conhece de discos como “Metal Health”, “Shout at the Devil”, “Stay Hungry”, “Pyromani” e outros está presente aqui. Basicamente, o estilo quando começava a estourar nas paradas de sucesso.

O que os diferencia: a banda mostra personalidade, e soa viva, sem querer viver no passado. Entenderam que o se pode soar moderno, sem destoar do que se quer fazer.


HÅRD:ON ao vivo
Arranjos/composições:

A verdade é que a fórmula musical do grupo não é desconhecida: melodias simples e acessíveis, refrães recheados com backing vocals que grudam nos ouvidos, boa técnica musical, mas a solidez de um conjunto de peso.

Óbvio que existe um “feeling” que leva as mentes diretamente aos anos 80, e que os coloca no mesmo patamar de bandas atuais que fazem sucesso na Europa. Mas não é algo forçado não existe a pretensão de “ser anos 80”, mas é algo que flui de forma completamente espontânea.


Qualidade sonora:

O grupo assumiu a produção de “Bad Habits Never Die” em união com José “Heavy” Luís Carrato (sim, o mesmo que trabalhou com bandas antológicas do Brasil como PLATINA, A CHAVE DO SOL, GUETO, CAMISA DE VÊNUS e outros, e ele ainda fez a mixagem e a masterização), como ocorrera em seu primeiro disco (“Hård:On”, de 2016). E ainda: as partes instrumentais foram gravadas no Rocks Studio (São Paulo, Brasil), enquanto as vozes foram captadas no Cubic Sun Studio (Berlim, Alemanha).

O resultado é algo que soa limpo e compreensível para os ouvintes (tudo pode ser entendido sem esforços), mas com uma dose extra de peso. Aliás, pode-se aferir que certa aura artesanal permeia as canções, ou seja, um toque de crueza para dar mais impacto e peso.


Arte gráfica/capa:

Basicamente, a arte da capa é permeada por elementos gráficos atuais, mas ao mesmo tempo, toques bem “anos 80” ficam evidentes por conta das referências a jogos, cigarros, bebidas e Rock ‘n’ Roll. Algo capaz de deixar os cabelos de mais conservadores e politicamente corretos de pé ao mesmo tempo.


Destaques musicais:

Esse soco Hard ‘n’ Heavy chamado “Bad Habits Never Die” é compost de 9 canções que são capazes de seduzir até a mais empoeirada das múmias paralíticas que possam pensar, pois são ótimas. Mas se destacam para uma primeira audição:

“Bad Habits Never Die” (suavidade e aspereza convivendo harmoniosamente, com um andamento lento e pesado, mas sem deixar que as melodias se percam, além de guitarras pesadas de primeira, tanto nos riffs como nos “leads”), “Catwalk” (peso-pesado à lá KISS da fase Hard/Glam, refrão marcante, sem mencionar que guitarras e vocais estão ótimos), “Touchdown” (um fluxo de energia absurdo, passagens marcantes, peso em doses generosas, com baixo e bateria marcantes), “Sunset Drive” (onde mais uma vez baixo e bateria mostram sua vibração, e isso em uma faixa onde a acessibilidade musical é enorme), “Two to Tango” (excelente técnica apresentada pelas guitarras nas bases, além de vocais de primeira), e “Life” (uma senhora balada, com melodias cativantes).

Mas na segunda ouvida, não há como não ouvir o disco todo. Logo, evitem surpresas: ouçam todas logo de cara!


Conclusão:

Fica clara a ideia de que o HÅRD:ON evoluiu bastante, e que “Bad Habits Never Die” tende a abrir mais portas para a banda, tanto no Brasil como fora daqui.

Estão esperando o que? Comprem suas cópias, e boa diversão!


Nota: 9,0/10,0


Bad Habits Never Die

segunda-feira, 18 de novembro de 2019

OPETH - In Cauda Venenum


Ano: 2019
Tipo: Full Length
Nacional


Tracklist:

1. Garden of Earthly Delights
2. Dignity
3. Heart in Hand
4. Next of Kin
5. Lovelorn Crime
6. Charlatan
7. Universal Truth
8. The Garroter
9. Continuum
10. All Things Will Pass


Banda:


Mikael Åkerfeldt - Vocais, Guitarras
Fredrik Åkesson - Guitarras, Backing Vocals
Joakim Svalberg - Teclados, Backing Vocals
Martin Mendez - Baixo
Martin Axenrot - Bateria, Percussão


Ficha Técnica:

Mikael Åkerfeldt - Produtor
Stefan Boman - Produtor, Mixagem
Geoff “Pounda” Pesche - Masterização
Seempieces - Arte, Design
Dave Stewart - Orquestrações, Arranjos de Cordas


Contatos:

Site Oficial: www.opeth.com
Assessoria:
E-mail:

Indicação: fãs de Progressive Metal e Rock Progressivo em geral, ANATHEMA


Introdução:

Existem aqueles grupos que vão fundo em carreiras musicais cheias de transições. Em muitos casos, isso pode causar o esvaziamento da base de fãs, em outros, estes se adaptam, e em outros ainda, novos fãs se achegam ao mesmo tempo em que os velhos se afastam.

E como todos já sabem, o OPETH é desses que vivem se transformando com certa constância, nunca sendo repetitivo. Mas é fato que de “Pale Communion” (2014) e “Sorceress” (2016) para cá, a banda tem causado certo frisson em seus fãs. Isso sem mencionar algumas polêmicas (como aquela pela declaração de que Mikael Åkerfeldt se sentia livre por ter parador de usar vocais agressivos). Aos que preferem o passado mais sujo, “In Cauda Venenum” pode não ser uma experiência muito agradável, mas para sua legião de fãs mais recentes, será um deleite. Ainda mais que tanto sua versão dupla (que tem o disco normal e a versão cantada em sueco) como a simples foram lançadas aqui pela colaboração entre a Shinigami Records e a Nuclear Blast Brasil.


Análise geral:

“In Cauda Venenum” pode ser encarado como o mais consensual e sólido disco da fase Progressiva atual do quinteto. E antes que perguntem: não existem vocais urrados.

O minimalismo do grupo não quebra o fluxo espontâneo das canções. Ao mesmo tempo, aquele feeling “noir” intimista contrasta com partes mais pesadas (mesmo cheia de arranjos progressivos). Óbvio que soa criativo e pesado, mas é necessário que ouvinte se dispa de convicções ou ideias prévias sobre o grupo. Além disso, é um disco difícil de ser assimilado, talvez até mesmo por fãs ocasionais de Rock Progressivo. Ou seja: existem momentos meramente melancólicos, e outros em que peso e agressividade se mesclam a estruturas progressivas sem pudores.

Guardadas às devidas proporções, poderia se dizer que o quinteto seria uma versão metálica do MARILLION com o rebuscamento de um GENESIS.


Arranjos/composições:

Pode se dizer que as viagens melancólicas/progressivas, bem como os momentos mais pesados de “In Cauda Venenum” são permeados de arranjos encaixados com maestria, que apesar da técnica, não soa pedante em termos técnicos, algo que deixaria os ouvidos exaustos. Mas nem de longe é algo simplista, pois necessita de uma boa dose de paciência para ser assimilado.

Óbvio que fazer algo assim exige uma boa dose de engenhosidade dos músicos, e mesmo que a criatividade esteja em alta. Mas quem conhece o OPETH, sabe que isso nunca foi um problema.


OPETH
Qualidade sonora:

As mãos do próprio Mikael Åkerfeldt cuidaram da produção, tendo ao seu lado Stefan Boman como co-produtor (e que ainda cuidou da mixagem), deixando a masterização para Geoff “Pounda” Pesche.

O que resulta dos esforços deles: uma sonoridade bem cuidada, clara a ponto de tudo ser compreendido. Mas há um toque de sujeira extra em certas partes, quase que emulando o feeling presente em velhas gravações dos anos 70 do Rock Progressivo.



Arte gráfica/capa:

Um disco de Rock Progressivo com uma ambientação como a de “In Cauda Venenum” precisa de uma arte realmente à altura, como a Seempieces soube fazer.

Ela é soturna, chamativa, e bem feita. E obviamente vai trazer a mente dos fãs algo dos 70 visto em discos de bandas como PINK FLOYD.


Destaques musicais:

Como já mencionado, é preciso estar isento de concepções prévias para poder adentrar os mistérios desse disco. Se ainda estiverem presos ao passado de discos como “Morningrise”, “Blackwater Park” ou mesmo “Ghost Reveries”, vai ser difícil compreender a amplitude musical de “In Cauda Venenum”.

Os melhores momentos: o mix de peso e técnica apresentado em “Dignity” (com pelas partes de teclados e rebuscamento da parte de baixo e bateria), mesmos elementos apresentados em “Heart in Hand” (está com certos toques mais grooveados), a belíssima e introspectiva “Lovelorn Crime” (onde o lado Folk Rock do grupo aflora, remetendo a algo de Simon & Garfunkel em termos de ambientação), a profundidade melódica Progressiva de “Universal Truth”, a estética “noir” dura e intimista de “The Garroter”, e a sinuosa e sedutora “All Things Will Pass”.

Mas novamente: este disco NÃO É TÃO SIMPLES de ser compreendido, logo, não ouça uma vez e tire conclusões apressadas!


Conclusão:

A verdade é que o OPETH realmente busca algumas partes mais pesadas de seu passado, mas ao mesmo tempo, “In Cauda Venenum” mostra que o quinteto está mais e mais se aprofundando no Rock Progressivo com certo “insight” eclético e experimental de seus últimos discos.

Óbvio que isso vai gerar muita polêmica e disse-me-disse, mas qual grande disco não é assim?

Nota: 8,8/10,0


Texto: “Metal Mark” Garcia


Dignity

quinta-feira, 7 de novembro de 2019

Potencial Comercial: ou porque o Metal brasileiro está se apequenando...


Por “Metal Mark” Garcia


Nesses tempos em que crenças pessoais e ideologias militantes assolam o Metal, muitas bandas têm metido os pés pelas mãos e caído em arapucas. Por isso, pouquíssimos são aqueles que poderiam entrar no time de SEPULTURA, ANGRA e KRISIUN como bandas brasileiras que têm relevância no mercado internacional. E a ideia é simples: todos têm aniquilado seu potencial comercial por motivos a serem dissertados nesse texto.

Por “potencial comercial”, entenda-se a capacidade de uma banda de Metal tem de crescer sob certas condições, e assim, alcançar sucesso comercial (ou seja, em vendas de discos e merchandising). Ou seja, é quanto a banda pode crescer tendo os devidos investimentos.

Ilustrando o que quero dizer por meio de alguns exemplos históricos.

Nos anos 80, era muito comum que bandas que vinham de selos independentes ter uma sonoridade com energia e mais crua, e ao entrarem em uma grande gravadora, sofriam alterações. As gravadoras contratavam produtores para moldarem (o mais certo seria “polir”) a música de determinado grupo ao público vigente, o que era uma estratégia que podia render bons frutos, mas que também poderia significar fracasso. Nisso, as gravadoras estavam tentando maximizar o potencial comercial desses grupos, mas obviamente erravam mais que acertavam. Não era uma questão bem X mal, mas meramente financeira.

RAVEN: Este é um ótimo exemplo no sentido negativo de potencial comercial.

RAVEN antes da era da Atlantic Records

O trio inglês vinha em uma ascensão em termos de público desde que lançaram “Rock Until You Drop”, e com 3 discos, era uma potência dentro do underground, tanto que o METALLICA foi banda de abertura na época da “Kill ‘em All For One Tour”. Mas bastou entrarem em uma “major” (a Atlantic Records) que fizeram “Stay Hard” (em 1985, para se exato), um disco que assustou os fãs da época, pois era bem mais voltado ao que fazia sucesso no mercado norte-americano (ou seja, Hard/Glam como MÖTLEY CRÜE, RATT e outros) que a seu jeito Hard/Heavy clássico. Foi um golpe duro aos fãs mais antigos, e a situação piorou ainda mais com “The Pack is Back” (de 1986). A coisa foi tão feia que a banda, que poderia ter sido um novo IRON MAIDEN ou JUDAS PRIEST em termos de sucesso (sim, eles tinham potencial para tanto) ficou apequenada pelo resto de sua carreira. Se de um lado perderam muitos fãs (que os trocaram por bandas emergentes daqueles anos), não conseguiram criar uma base sólida de novos fãs que os permitissem crescer mais. O potencial comercial do grupo (que não era pequeno) foi perdido por uma enorme falta de estratégia de como lidar com a banda e sua música. E se completou com a perda do “timing”, pois a NWOBHM estava perdendo forças e o Thrash Metal começava a crescer e ter apoio das gravadoras grandes. Basta ver o sucesso comercial de “Master of Puppets”, também de 1986). O RAVEN teve que se contentar em ser uma banda “Cult” pelo resto de sua existência, mesmo fazendo ótimos discos de 1987 para cá.

Capa de “The Pack is Back”. Reparem na diferença de visual
entre o passado e esse disco. Mais Glam impossível.

Outros como PICTURE (tanto que “Traitor”, de 1985, eclipsou quase tudo que a banda havia feito de bom antes), SAVATAGE (“Fight for the Rock”, de 1986 só não causou estragos piores porque, um ano depois, lançaram o ótimo “Hall of the Mountain King”, mas nunca cresceram o que podiam) caíram nessa mesma arapuca. O hoje chamado clássico do ACCEPT, “Metal Heart” (de 1985), teve uma recepção cheia de narizes torcidos por parte dos fãs naqueles tempos por conta de elementos mais acessíveis em suas músicas.

Uma clara mostra que os fãs desse tipo de Metal não aceitavam mudanças, e como o próprio público estava mudando (lembrando: a NWOBHM e bandas de Metal tradicional em geral estavam perdendo espaço para o Thrash Metal, enquanto o Hard/Glam e o AOR reinavam supremos nas paradas de sucesso).

Exemplo positivo: METALLICA.

RAVEN e METALLICA durante a  “Kill ‘em All For One Tour”

Talvez seja o maior exemplo de todos de quem sabe aproveitar oportunidades.

Disco após disco, sempre cresceram até o sucesso de “Metallica”, mas se observarmos direito, eles sempre usaram estratégias de marketing interessantes, e nunca perderam o “timing”. Estavam sempre no lugar certo, na hora certa e fazendo a coisa certa. Mesmo as idas na direção oposta (o fato de não gravarem vídeos, os discursos contra o Hard/AOR que infestava o cenário dos EUA), e mesmo as brigas com Dave Mustaine na imprensa e a (infeliz) passagem de Cliff Burton os ajudou. Óbvio que tudo isso sempre embasado em músicas de alto nível. Aliás, a banda não fazia concessões, era do jeito deles ou não era (apenas em “Metallica” isso foi mudado, pois a visão de Bob Rock os ajudou a chegarem no próximo nível).

Fonte: Metalhead Zone

O mesmo vale para KISS (ou acreditam que a presença de Bob Ezrin na produção de “Destroyer”, a guinada para o Hard/Glam nos anos 80, o final da fase mascarada, e mesmo a turnê com a formação original e usando as maquiagens não foram estratégias bem pensadas?), IRON MAIDEN (na biografia “Run to the Hills” se vê como as presenças de Rod Smallwood e de Martin Birch foram importantes em termos de estratégia e mesmo de música) e outros que estão ou no time dos gigantes ou dos grandes. Mesmo o AC/DC com toda sua atitude ‘fuck you’ teve que se curvar diante da sabedoria comercial de “Mutt” Lange (duvido que queriam ter que trabalhar em empregos comuns na Austrália depois de terem tantos discos lançados), o que fez da trinca “Highway to Hell”, “Back in Black” e “For Those About to Rock” um sucesso e os permitiu alcançar o tão almejado estrelato (se duvidam, procurem lear a biografia da banda escrita por Mick Wall). 

TRADUZINDO: É preciso algo além da música em si para se chegar lá. É preciso estratégia de marketing, e tudo mais que for possível para que a banda atinja o maior número de fãs possível. Mesmo algumas polêmicas podem ajudar (Ozzy que o diga).

Estabelecida a definição de potencial comercial e seus exemplos, podemos analisar um momento histórico problemático: a atual fragmentação do cenário nacional em torno de ideologias políticas. Elas podem ser abordadas como um problema severo e perigosas ao potencial comercial de qualquer grupo (menos os que são gigantes, pois estão acima do bem e do mal, onde as instabilidades não os atingem).

No Brasil, vemos um tiroteio ideológico de todos os lados (que piorou muito após a eleição presidencial de 2018). 

Uns exigem que as bandas se postem politicamente (como se alguém fosse obrigado a isso); o outro lado, por sua vez, defende que o Metal não possui uma ideologia partidária. Em ambos os casos, um bom profissional diria que não se deve cair nesse tipo de armadilha, justamente para não se limitar em termos de público. Em uma visão simplesmente pragmática em termos de marketing, não existem fãs de esquerda ou direita em termos financeiros, apenas fãs que pagam pelo trabalho das bandas. Repetindo de forma mais simplificada e clara: não existem fãs opressores e nem fãs oprimidos, existem fãs!

Vejam bem: no momento em que os ânimos estão divididos entre esquerda e direita, exigir que uma banda se posicione de um lado nessa briguinhas de crianças no pátio de escola (perdoem-me ser sincero, mas é a impressão que tenho) é desagradar um ou outro segmento. A conseqüência óbvia é a perda de uma fatia de público, e isso em uma época em que a venda de discos e audições via streaming não rendem quase nada para os grupos. Estes sobrevivem com venda de merchandising e cachê de shows (aquelas que são suficientemente grandes para tanto), logo, isso significa a perda de dinheiro, e assim, a banda vai definhando até sumir de cena. Sinto muito, mas sentimentalismos underground (e ideologias) não pagam as contas... E ninguém fica gastando do próprio bolso ad infinitum sem ter alguma compensação, a menos tenha ótimas condições (o que fere o opositor de um dos segmentos citados).

Se isso ocorresse nos anos 80, no auge do poder das grandes gravadoras, é certo que alguém delas daria uma bela bronca em engraçadinhos do tipo. Sim, isso daria um belo chute nos fundilhos de quem queria se posicionar politicamente. A gravadora queria lucrar, logo, nada mais simples que dispensar os insatisfeitos com suas decisões, pois eles, se não vendem, são dispensáveis. 

Sendo sincero: todas as bandas que se meteram nesse balaio de gato ideológico deram um imenso tiro no pé (se é que sobrou algo do pé depois de tantas palhaçadas). Em uma perspectiva futura, o número de audições nas plataformas digitais diminuirá, e a mesma coisa pode ocorrer com a presença do público em shows. Se as mesmas já tocam fora, é possível minimizar esse dano, mas as restritas ao Brasil vão sentir isso mais duramente. Danificaram a potencialidade de angariar público, ou seja, de aumentar a receita financeira que oxigena a carreira do grupo, pois nenhum fã gosta de ser ofendido em suas pessoalidades (ao qual todos têm direito, mesmo que o leitor discorde disso). Talvez por isso uma das bandas que mais se posicionou politicamente antes do pleito do ano passado tenha encerrado as atividades: viram a conseqüência dos próprios atos. Tanto é assim que viraram piada nas redes sociais, até bem mais que foram apoiados. Perderam mais que ganharam, não importam ideologias.

KORZUS
Óbvio que este autor sabe (e viu) da tal lista de bandas ditas “antifas” que andou rolando pela internet há alguns meses, e que traduzindo em miúdos, são as que se posicionaram politicamente em prol da esquerda. Por tudo que se pode ver, o encolhimento comercial de cada uma delas é questão de tempo. Inclusive os músicos destas bandas estão marcados por uma enorme parcela do público, que pelo visto, os perseguirá de tal forma que tudo que tentem pode dar burros n’água. Repetindo: comercialmente, uma banda não tem fãs de esquerda ou direita, mas tem fãs. Ao autor da lista, se ler estas palavras, digo que seu tiro saiu pela culatra: o número de pessoas que afirmou que usará esta lista para evitar essas bandas é enorme. Ou seja, você jogou contra o próprio patrimônio, ou seja, contra o Metal. Se tem banda, se é produtor, enfim, alguém que depende um pouco que seja de capital de giro, errou, ainda mais em tempos que sigilo é algo praticamente inexistente em redes sociais.

Há aqueles que desejam ficar fora dessa estória, inclusive com declarações óbvias. 

O fato de KORZUS, TORTURE SQUAD e outros estarem com essa posição neutra não significa omissão ou que estão pactuando com o atual governo, mas que estão, muito provavelmente, preocupados com suas carreiras a longo prazo. E porque (sabiamente) discordam de ambos os lados nessa peleja cômica (ambas as bandas falaram isso com todas as palavras nos eventos em que existiram manifestações políticas por parte dos fãs, e foram hostilizadas na internet posteriormente). E como dito antes, ninguém tem que ter posição política explícita, a lei garante isso. Se posicionar pró ou contra o atual governo do Brasil, pró ou contra os anteriores, vai terminar em desgaste com o público e perdas que podem não ser reparadas, a menos que as bandas tenham suporte financeiro do exterior (ou seja, já tenha público cativo no exterior).

O melhor conselho: deixar que a música falar por si (para as bandas que gostam desse tipo de tema) sem alimentar polêmicas desnecessárias nesse assunto, e não fazer de seus shows comícios. 

Aliás, uma crítica: qual banda dessas que foi chamada para fazer comício político? Há anos o Metal sempre é ignorado por partidos e candidatos políticos, enquanto pagam fortunas por artistas mais populares. Sim, nenhum deles vai lá sem ganhar grana ou alguma divulgação (lembremos que a MPB está, criativamente falando, falida há anos, logo, seus artistas precisam se mostrar vez por outra, pois musicalmente é um estilo esgotado). Deixem de ser bobocas, façam música, toquem e pronto, ninguém quer saber de suas vidas ou ideologias, quanto mais de suas opiniões partidárias ainda mais quando tentam enfiar isso goela abaixo dos outros, em uma mostra de que não sabem viver em democracia e não respeitam o direito de expressão e pensamento alheios. Querem o direito para si, mas nunca para o outro que não quer bater palmas para maluco dançar nessa tragicomédia em que transformaram o cenário. Inclusive o Heavy Metal Thunder Brasil fica tendo que lidar com denúncias, porque este autor se atreve a falar uma verdade que poucos querem ouvir: reclamam de censura, mas são os piores censores; reclamam de quem não se posiciona politicamente, mas querem censurar quem não está ao lado deles. 

Aliás, cabe dizer que bandas como BEHEMOTH, EMPEROR, DISSECTION, BURZUM e outras entraram na mira dessa turma. Bandas que os influenciaram como músicos, mas hoje, cospem no prato que um dia comeram, como se sua música não refletisse cada uma delas.

Pensem: existem conservadores e liberais, pessoas de direta e esquerda, entre membros de bandas famosas. Aliás, não é porque apóia seu pensamento político que o músico/grupo se torna bom (ou se torna ruim por discordar de você). Óbvio que muitos músicos do primeiro time já têm públicas suas opções políticas (ou permitem as pessoas pensar dessa forma), mas eles já estão acima do bem e do mal. Kirk Hammet, Dave Mustaine, Tom Araya, Alice Cooper, Gene Simmons, Kerry King... A lista é longa, mas vejam os nomes e de que bandas eles são: só de grupos já consagrados, que qualquer polêmica que pense o leitor, não as atinge. E isso não se aplica a bandas que precisam criar uma sólida base de fãs, que quase têm que mendigar “likes” e visualizações nas mídias sociais. Tapinhas nas costas de correligionários não bancam sua banda, mas o dinheiro dos fãs.

Óbvio que todos podem (e devem ter) um pensamento político, e mesmo partidário, pois é direto constituído. Agora devem manter isso em seus devidos particulares, sem agredirem a outros (como teimam em fazer no Brasil) por pensarem diferentes, pois fãs agredidos são fãs que não pagam pelos seus trabalhos, são fãs que não vão mais aos seus eventos, não usam suas camisas, não ouvem suas músicas. E se serve de termômetro, são menos “likes” em suas páginas no Facebook.

Se alguém viu partidarismo aqui, lhes direi apenas para tirarem a venda dos olhos. Estou falando de aspectos financeiros e adjacências, e sendo mais honesto que muitos bobocas políticos são. Não bato palmas para maluco dançar como alguns professores falidos fazem, te vendendo luxo como lixo em uma série de mentiras em que eles mesmos não acreditam. Desculpem, mas ninguém é fascista-machista-homofóbico e outros gritos de ordem vazios só porque discorda de vocês e de sua agenda ideológica, e nem me venham com perguntas estilo “você acha que...”, pois não caio em arapucas do tipo. Este autor é PRÓ METAL, entenderam? P-R-Ó-M-E-T-A-L, letra por letra, para ver se soletrando suas mentes emperradas pegam no tranco! Não preciso mandar mensagens subjetivas, mando na lata!


Cabe um testemunho: nos anos 80, existiam diferenças políticas entre os fãs. Isso sempre existiu. O que não existia: NINGUÉM brigava com NINGUÉM por causa disso. Basicamente, a geração dos nascidos nos anos 70 parece ter, por conta da educação familiar, entendido o bom e velho “me respeite para ser respeitado”. Não são todos (tem uns velhos por aí que andam aprontando das suas), mas era mais ou menos por aí.

Pronto, tudo preto no branco. Agora, se querem continuar com isso, sigam em frente. Escrevi e avisei, e não posso evitar que se destruam, mas não me envolvam em sua pantomima infantil e cega. Não quero e não vou participar de seus joguinhos de intrigas, fofocas e outros!

Encerrando: a banda ter os pés no chão e avaliar suas possibilidades, o público-alvo e a buscar formas de despertar a curiosidade para começar a estender sua base de fãs, e evitar mexer em temas que dividam seu público (como política, militâncias e partidarismos). No mais, que cada um cuide de sua carreira conforme desejar. Aliás, conservador, liberal ou outro são meros rótulos, nos quais não me encaixo. Se você vê este autor em um deles, melhor você ir ao psiquiatra, pois está doente e vazio.



No mais, o Metal é para todos, quer gostem, quer não gostem... Aliás, aos que não gostaram, a porta da rua é serventia da casa.

Passar bem!