segunda-feira, 18 de novembro de 2019

OPETH - In Cauda Venenum


Ano: 2019
Tipo: Full Length
Nacional


Tracklist:

1. Garden of Earthly Delights
2. Dignity
3. Heart in Hand
4. Next of Kin
5. Lovelorn Crime
6. Charlatan
7. Universal Truth
8. The Garroter
9. Continuum
10. All Things Will Pass


Banda:


Mikael Åkerfeldt - Vocais, Guitarras
Fredrik Åkesson - Guitarras, Backing Vocals
Joakim Svalberg - Teclados, Backing Vocals
Martin Mendez - Baixo
Martin Axenrot - Bateria, Percussão


Ficha Técnica:

Mikael Åkerfeldt - Produtor
Stefan Boman - Produtor, Mixagem
Geoff “Pounda” Pesche - Masterização
Seempieces - Arte, Design
Dave Stewart - Orquestrações, Arranjos de Cordas


Contatos:

Site Oficial: www.opeth.com
Assessoria:
E-mail:

Indicação: fãs de Progressive Metal e Rock Progressivo em geral, ANATHEMA


Introdução:

Existem aqueles grupos que vão fundo em carreiras musicais cheias de transições. Em muitos casos, isso pode causar o esvaziamento da base de fãs, em outros, estes se adaptam, e em outros ainda, novos fãs se achegam ao mesmo tempo em que os velhos se afastam.

E como todos já sabem, o OPETH é desses que vivem se transformando com certa constância, nunca sendo repetitivo. Mas é fato que de “Pale Communion” (2014) e “Sorceress” (2016) para cá, a banda tem causado certo frisson em seus fãs. Isso sem mencionar algumas polêmicas (como aquela pela declaração de que Mikael Åkerfeldt se sentia livre por ter parador de usar vocais agressivos). Aos que preferem o passado mais sujo, “In Cauda Venenum” pode não ser uma experiência muito agradável, mas para sua legião de fãs mais recentes, será um deleite. Ainda mais que tanto sua versão dupla (que tem o disco normal e a versão cantada em sueco) como a simples foram lançadas aqui pela colaboração entre a Shinigami Records e a Nuclear Blast Brasil.


Análise geral:

“In Cauda Venenum” pode ser encarado como o mais consensual e sólido disco da fase Progressiva atual do quinteto. E antes que perguntem: não existem vocais urrados.

O minimalismo do grupo não quebra o fluxo espontâneo das canções. Ao mesmo tempo, aquele feeling “noir” intimista contrasta com partes mais pesadas (mesmo cheia de arranjos progressivos). Óbvio que soa criativo e pesado, mas é necessário que ouvinte se dispa de convicções ou ideias prévias sobre o grupo. Além disso, é um disco difícil de ser assimilado, talvez até mesmo por fãs ocasionais de Rock Progressivo. Ou seja: existem momentos meramente melancólicos, e outros em que peso e agressividade se mesclam a estruturas progressivas sem pudores.

Guardadas às devidas proporções, poderia se dizer que o quinteto seria uma versão metálica do MARILLION com o rebuscamento de um GENESIS.


Arranjos/composições:

Pode se dizer que as viagens melancólicas/progressivas, bem como os momentos mais pesados de “In Cauda Venenum” são permeados de arranjos encaixados com maestria, que apesar da técnica, não soa pedante em termos técnicos, algo que deixaria os ouvidos exaustos. Mas nem de longe é algo simplista, pois necessita de uma boa dose de paciência para ser assimilado.

Óbvio que fazer algo assim exige uma boa dose de engenhosidade dos músicos, e mesmo que a criatividade esteja em alta. Mas quem conhece o OPETH, sabe que isso nunca foi um problema.


OPETH
Qualidade sonora:

As mãos do próprio Mikael Åkerfeldt cuidaram da produção, tendo ao seu lado Stefan Boman como co-produtor (e que ainda cuidou da mixagem), deixando a masterização para Geoff “Pounda” Pesche.

O que resulta dos esforços deles: uma sonoridade bem cuidada, clara a ponto de tudo ser compreendido. Mas há um toque de sujeira extra em certas partes, quase que emulando o feeling presente em velhas gravações dos anos 70 do Rock Progressivo.



Arte gráfica/capa:

Um disco de Rock Progressivo com uma ambientação como a de “In Cauda Venenum” precisa de uma arte realmente à altura, como a Seempieces soube fazer.

Ela é soturna, chamativa, e bem feita. E obviamente vai trazer a mente dos fãs algo dos 70 visto em discos de bandas como PINK FLOYD.


Destaques musicais:

Como já mencionado, é preciso estar isento de concepções prévias para poder adentrar os mistérios desse disco. Se ainda estiverem presos ao passado de discos como “Morningrise”, “Blackwater Park” ou mesmo “Ghost Reveries”, vai ser difícil compreender a amplitude musical de “In Cauda Venenum”.

Os melhores momentos: o mix de peso e técnica apresentado em “Dignity” (com pelas partes de teclados e rebuscamento da parte de baixo e bateria), mesmos elementos apresentados em “Heart in Hand” (está com certos toques mais grooveados), a belíssima e introspectiva “Lovelorn Crime” (onde o lado Folk Rock do grupo aflora, remetendo a algo de Simon & Garfunkel em termos de ambientação), a profundidade melódica Progressiva de “Universal Truth”, a estética “noir” dura e intimista de “The Garroter”, e a sinuosa e sedutora “All Things Will Pass”.

Mas novamente: este disco NÃO É TÃO SIMPLES de ser compreendido, logo, não ouça uma vez e tire conclusões apressadas!


Conclusão:

A verdade é que o OPETH realmente busca algumas partes mais pesadas de seu passado, mas ao mesmo tempo, “In Cauda Venenum” mostra que o quinteto está mais e mais se aprofundando no Rock Progressivo com certo “insight” eclético e experimental de seus últimos discos.

Óbvio que isso vai gerar muita polêmica e disse-me-disse, mas qual grande disco não é assim?

Nota: 8,8/10,0


Texto: “Metal Mark” Garcia


Dignity