O dia 19/01/2018 marcou o fim de uma era no Rock: após 50 anos de muito trabalho, clássicos e muitas turnês, o RUSH encerrou suas atividades. Conforme entrevista dada por Alex, “não temos planos de fazer turnês ou gravar novamente. Basicamente, acabamos. Após 41 anos, sentimos que já era suficiente”.
Em 50 anos de carreira (sendo 44 deles com a mesma formação), Geddy Lee, Alex Lifersone Neil Peart quebraram todas as barreiras musicais possíveis, muitas vezes indo além do que qualquer um poderia prever. 20 discos ilustram esta carreira como clássicos do Rock, alguns deles sendo obras marcantes, como “2112”, “Moving Pictures”, “A Farewell to Kings” e outros tantos que, seja pela opinião da crítica ou dos fãs da banda,marcaram nossas vidas.
Além disso, justamente por nunca aceitarem um rótulo que definisse sua música, o trio é o pai do que chamamos de Metal Progressivo, a fusão do Rock Progressivo com o Metal que, anos depois, seria levado adiante por nomes como QUEENSRYCHE, FATES WARNING e DREAM THEATER.
Não há a quem culpar, não há porque nos lamentarmos. Tudo nasce e tudo morre, e o trio viveu o suficiente para ser introduzido no Rock and Roll Hall of Fame em 2013. O grupo deixou não seus fãs órfãos, mas uma herança musical enorme, discos, DVDs e outros para, no futuro, mostrar que existiu um Monstro Sagrado do Rock que nasceu no Canadá, mas que pertenceu ao mundo.
Que o RUSHdescanse merecidamente em paz, pois fez muito por todos nós.
Obrigado, Geddy, Alexe Neil por tantos anos de boa música e alegrias.
Thank you, Geddy, Alex and Neil for all these years of good music and happiness.
Uma característica que podemos comprovar em relação aos fãs de Metal do Brasil é sua completa ignorância quando se fala em Metal da América Latina. Temos muito pouco contato com bandas de outros países vizinhos, o que chega a ser vergonhoso: conhecemos muito o Metal europeu, mas o sul-americano sempre acaba sendo deixado de lado. E quando falamos em nossos vizinhos da Argentina, o desconhecimento beira a nulidade. É uma pena, pois bandas como CLIMATIC TERRA, V8 e RATA BLANCA já mostraram tantas vezes como se faz música de gabarito na terra de nossos “Hermanos”. E um nome forte e interessante da cidade de Buenos Aires é o do CINNAMUN BELOVED, que já está em seu segundo disco, chamado “Stain”.
O estilo da banda é claro: aquela mistura de bons vocais femininos com ótimas melodias, excelentes orquestrações de teclados, riffs de guitarra de peso, e um trabalho de baixo e bateria com boa diversidade técnica. Se por um lado esse jeito de se fazer Metal não chega a ser algo novo, o quinteto mostra muita personalidade, um jeito de se fazer harmonias que seduzem os ouvintes, e muito, muito potencial.
Em termos que qualidade de som, “Stain” tem um bom nível. Embora muitas vezes se perceba uma crueza além do necessário para o trabalho que eles fazem, não ficou ruim. Óbvio que conseguimos compreender o que o quinteto está fazendo, tem peso e boa clareza, mas poderia ser um pouco mais limpo. Mas está bom como está.
Na arte, a banda lança mão de algo mais simples e direto, talvez para que a atenção do ouvinte fique focada apenas na música que eles fazem.
Embora o CINNAMUN BELOVED possa render bem mais do que mostra em “Stain”, fica comprovado que eles fizeram um trabalho e tanto. E lembrando que esta forma de fazer Metal saiu de evidência há alguns anos, é um disco muito bom, e uma proposta corajosa. E como a banda sabe arranjar bem suas canções, mostra uma técnica muito boa, mas que não soa excessiva.
“Stain” é um disco muito bom do início ao fim, onde se destacam o andamento ganchudo da melodiosa “So Far” (sem contar que a interpretação de Sabrina é ótima), o jeitão pesado e acessível de “Ride the Night” (baixo, bateria e teclados se mostram em ótima forma nesta canção), a melancolia introspectiva de “I Don’t Wanna Be” (outra canção onde os vocais são belíssimos, sem falar nos pianos bem encaixados), o jeito mais pesado e agressivo de “Storyline”e suas guitarras agressivas, a condução rítmica sedutora e as melodias mostradas em “The Scent”, e as belas e pesadas linhas melódicas de “Another Day”.
O CINNAMUN BELOVEDé um nome extremamente promissor das terras de nossos “Hermanos”, “Stain” é um disco muito bom, mas como dito acima: eles podem fazer muito melhor, logo, é uma questão de tempo para que conquistem mais e mais fãs.
Ah, sim: “Stain” pode ser baixado de graça no site da banda.