terça-feira, 15 de maio de 2018

MICHAEL SCHENKER FEST - Resurrection


Ano: 2018
Tipo: Full Length
Nacional


Tracklist:

1. Heart and Soul
2. Warrior
3. Take Me to the Church
4. Night Moods
5. The Girl with the Stars in Her Eyes
6. Everest
7. Messin’ Around
8. Time Knows When It’s Time
9. Anchors Away
10. Salvation (instrumental)
11. Livin’ a Life Worth Livin’
12. The Last Supper


Banda:


Michael Schenker - Guitarras
Steve Mann - Guitarras, teclados
Chris Glen - Baixo
Ted McKenna - Bateria


Ficha Técnica:

Michael Voss-Schön - Produção
Kirk Hammett - Guitarras em “Heart and Soul”
Robin McAuley - Vocais em “Heart and Soul”, “Warrior”, “Time Knows When It’s Time”, e “The Last Supper”
Gary Barden - Vocais em “Warrior”, “Messin’ Around”, “Livin’ a Life Worth Livin’” e “The Last Supper”
Doogie White - Vocais em “Take Me to the Church”, “The Girl with the Stars in Her Eyes”, “Anchors Away” e “The Last Supper”
Graham Bonnet - Vocais em “Warrior”, “Night Moods”, “Everest” e “The Last Supper”


Contatos:

Assessoria: markus.wosgien@nuclearblast.de (Nuclear Blast)

E-mail:


Texto: Marcos Garcia


Uma consciência que tomou de assalto o Metal em meados dos anos 80 foi o quanto o uso e abuso de álcool e drogas poderiam corroer a carreira artística de muitos músicos, bem como ceifar suas vidas. Muitos recorreram a clínicas de desintoxicação (os famosos rehabs) para manter suas carreiras e vidas. Um dos músicos mais brilhantes e que sofreram nessa lua foi o guitar hero alemão Michael Schenker, irmão mais novo de Rudolf (do SCORPIONS). Sua carreira seguiu começando no próprio quinteto alemão, seguida por uma meteórica passagem pelo UFO e gravando discos como “Phenomenon”, “Force It”, “No Heavy Petting”e “Lights Out”, e por fim chegando a sua própria banda, o MSG, mas suas lutas internas nunca cessaram. Até agora, que, enfim livre, este monstro das seis cordas e influenciador de muitos (ou não sabiam o motivo de tantos guitarristas usarem uma Flying V?) está de volta, vivo e arrasando em “Resurrection”, primeiro disco sob o nome MICHAEL SCHENKER FEST. E que disco, meninos e meninas, que ainda ganhou versão nacional pela Shinigami Records e pela Nuclear Blast Brasil!

Aqui, temos uma belíssima mostra do bom e velho Hard Rock/Classic Rock pesado e bem trabalhado, com boa dose de peso e a boa e velha pegada germânica. Óbvio que se procurar algo de cada um dos trabalhos dele em “Resurrection”, vai encontrar. Não se lava as listas de um tigre.

Mas como esse disco soa atual, vivo e cheio de uma energia selvagem. E nem um pouco clichê. As melodias são fáceis de serem compreendidas, cada refrão parece ter sido criado milimetricamente para grudar em nossos ouvidos, e o melhor de tudo: distante de pretensos heróis da guitarra, Michael e sua trupe preferem compor como banda, não para exercício de egolatria do “Boss” da banda. Mesmo porque Michael não usa sua guitarra como vibrador para excitar cérebros!

Preparem-se para uma aula de quem manja do assunto e tem esse gênero musical no sangue!

Em termos de sonoridade: perfeita. O feeling musical do grupo soa atualizado, distante desse monte de clones que se acham anos 60, 70 ou 80 que empesteiam o cenário atualmente. A clareza e força provêm do presente, mas a garra, a técnica e musicalidade são todas de Hard Rock lá dos bons tempos. Tudo está em seu devido lugar e com devido volume, sem tirar ou pôr nada. E a arte é muito legal, mostrando a gangue do MICHAEL SCHENKER FEST reunida à mesa, onde o prato principal é boa música.

Para quem ainda não percebeu, “Resurrection” tem quatro vocalistas que já estiveram no MSG no passado, e todos ao mesmo tempo, dando um toque belíssimo e bem pessoal às canções.

Isso mesmo, quatro vocalistas diferentes, e muitas vezes, na mesma canção!

E os timbres vão dos mais secos e rockers de Graham Bonnet, passando pelas vozes melodiosas de Doogie White e Gary Barden, e ao jeito mais AOR suave de Robin McAuley, e tudo funciona em perfeita harmonia, e ainda endossado pela força rítmica de Chris Glen (baixo) e Ted McKenna (bateria), e as bases de guitarras e teclados de Steve Mann, todos com passagens pelo MSG. Mas poder ouvir o vibrato, os licks, riffs e solos de guitarra de Michael é algo prazeroso e único.

E como tudo parece correr certo com a banda, as músicas são todas excelentes.

Sem nos prender ao passado, canções como a grudenta “Heart and Soul” com suas belas harmonias (e que trampo dos vocais, e onde temos solos de Kirk Hammet, um dos convidados do disco), a pesada e elegante “Warrior” (reparem na força de baixo e bateria, dando suporte às guitarras), à dinâmica perfeita entre os vocais que se ouve em “Take Me to the Church”, o peso germânico evidente na energia crua e agressiva de “Night Moods” e de “The Girl with the Stars in Her Eyes”, a levada mais espontânea e baseada no mais puro Rock’n’Roll de “Messin’ Around”, o toque de classe dado por “Anchors Away”e suas melodias de fácil assimilação, e a belíssima e bem trabalhada “The Last Supper”, onde todos os vocalistas participam. Agora, se querem ver com mais detalhes a fluência técnica de Michael, basta ouvirem como a guitarra é bem tratada em termos de solos na instrumental “Salvation”.

Sem fritadas exageradas, sem técnica autoindulgente, “Resurrection” nos mostra o quanto o “V Killer” Michael Schenker continua atual e importante. E que o MICHAEL SCHENKER FEST não fique apenas nesse disco, por favor!

Ah, você achou que algumas partes de guitarra te lembravam alguém, não é? Na realidade, são esses “alguéns” que pensou que são crias de Michael Schenker e você não sabia.

Nota: 100%


IHSAHN - Àmr


Ano: 2018
Tipo: Full Length
Importado


Tracklist:

1. Lend Me the Eyes of Millenia
2. Arcana Imperii
3. Sámr
4. One Less Enemy
5. Where You Are Lost and I Belong
6. In Rites of Passage
7. Marble Soul
8. Twin Black Angels
9. Wake


Banda:


Ihsahn - Vocais, guitarras, baixo, teclados


Ficha Técnica:

Ihsahn - Produção
Linus Corneliusson - Mixagem
Jens Bogren - Masterização
Tobias Ørnes Andersen - Bateria
Fredrik Åkesson - Guitarras em “Arcana Imperii”
Ritxi Ostáriz - Artwork


Contatos:

Assessoria:

E-mail:

Texto: Marcos Garcia



Desde o encerramento das atividades do EMPEROR, o vocalista/guitarrista Ihsahn leva uma carreira solo adiante. Apesar de bem sucedido e reconhecido na Europa, seus trabalhos nunca tiveram ampla aceitação no meio Metal. A veia mais Progressiva/experimental que ele apresenta no IHSAHN não é muito palatável para fãs de música extrema, ou soa agressiva demais para os fãs de gêneros mais tradicionais. Mas é fato que o trabalho dele é cheio de qualidades, como se pode ouvir em seu sétimo e mais recente disco de estúdio, “Àmr”.

A palavra “àmr”, em norueguês antigo, significa algo como “negro” ou “repugnante”, que poderia ser a melhor descrição para o sentimento que muitos fãs de Metal não iniciados nesse formato experimental têm com um disco assim. Mas a verdade seja dita: “Àmr”é um disco fenomenal, cheio de melodias introspectivas densas, de uma profundidade inesperada. Para ser sincero, é o disco mais melodioso da carreira solo de Ihsahn, mas ainda assim, é complexo e bem difícil de ser digerido. Os toques Industriais aqui, mais experimentais ali, encaixam como uma luva.

Traduzindo: “Àmr”é um senhor disco, talvez o melhor dele desde que voltou à música em 2005.

Pesada e limpa é a sonoridade desse play, embora possua uma boa dose de agressividade para dar um contraste bem feito com a suavidade melancólica e progressiva em muitos pontos. Mas tudo soa em seu devido lugar, e com bons timbres, criando a ambientação perfeita para cada uma das canções do play. Ela tem um tom de sujeira um pouco mais evidente que em álbuns anteriores, talvez para ressaltar os momentos mais agressivos. E a arte gráfica ficou muito boa, bela e macabra em certos detalhes.

Óbvio que fica claro que o trabalho IHSAHN é bem mais avant-gardeque muitos fãs de música pesada possam aceitar, mas não é difícil se sentir seduzido por suas melodias hipnóticas. Além disso, o instrumental é muito bem cuidado, buscando juntar o lado progressivo de sua música com sua herança agressiva. E funciona muito bem, digamos de passagem.

Tendo o controle da obra, Ihsahn tocou quase todos os instrumentos (exceto as partes de bateria) e cuidou dos vocais, tudo para que as 9 canções de “Àmr” soassem como ele concebeu. E as melodias experimentais “Lend Me the Eyes of Millenia” com seus riffs raçudos e seus teclados industriais, a beleza Progressiva mesclada a partes mais agressivas de “Arcana Imperii”, o jeitão Jazz/Dark Ambient introspectivo da viajante “Sámr”, a densa e agressiva “One Less Enemy” e seus detalhes técnicos, o caos técnico e Progressivo de “In Rites of Passage” (lembram bem de longe o experimentalismo caótico do finado VED BUENS ENDE), a agressividade um pouco mais digerível de “Marble Soul”, e à “back to Black Metal roots” “Wake”(embora cheio de adornos mais melodiosos incríveis, especialmente as partes de vozes limpas) são os melhores momentos do disco. Mas de ponta a ponta, “Àmr” é um desafio dos mais deliciosos de ser encarado.

No mais, IHSAHNmostra-se prolífico, pois “Àmr” é um discão, tanto para fãs dele quanto para aqueles mais chegados em experimentações.

Nota: 91%


VILETALE - Suicide of Dei


Ano: 2018
Tipo: Extended Play (EP)
Selo: Independente
Nacional


Tracklist:

1. OTH - The Last Message (intro)
2. Overlord Murder
3. Santificada Seja a Carne
4. Splatterhouse
5. Suicide of Dei


Banda:


Bruno Jankauskas - Vocais, guitarra solo
Alan Ricardo Wenderlich - Guitarra base, vocais
Filipe Trindade Oliveira - Baixo
Matheus Lunge - Bateria


Ficha Técnica:


Contatos:

Site Oficial:
Assessoria:



Texto: Marcos Garcia


A vocação extrema do Brasil é algo evidente desde a segunda metade dos anos 80. Mais de 80% dos nomes lendários daqueles tempos são de estilos extremos de Metal. Até hoje, por aqui, se percebe essa influência, passada de geração em geração. Óbvio que existem bandas e mais bandas com muito pouco a acrescentar à história do Metal nacional, mas existem outras que possuem enorme talento, ainda que necessite lapidações. E nesse segundo grupo, está o quarteto VILETALE, de Blumenau (SC), que nos chega com “Suicide of Dei”, seu mais recente EP.

O ponto mais forte do grupo é, sem sombra de dúvidas, sua criatividade. Embora a essência Death Metal seja a mais evidente, se percebem influências de Thrash e Black Metal permeando suas canções. Muitos tentam isso, mas o quarteto consegue fazer algo consensual e denso, e desde “Initiation” (o primeiro EP da banda, de 2016), eles têm evoluído bastante musicalmente. Fora a energia bruta que flui de suas canções, dos bons arranjos instrumentais e vocais diversificados em termos de timbres, se percebe intelecto por trás do processo de composição e de letras, algo não tão valorizado por muitos.

Podemos aferir, assim, que o quarteto mostra em “The Suicide of Dei” uma enorme maturidade.

Uma das primeiras coisas que chamam a atenção é que a sonoridade do grupo evoluiu. Agora, a gravação soa mais limpa, mais clara, nos permitindo compreender sem muitos esforços o que eles criam musicalmente, e mesmo aqueles famosos detalhes que fazem um disco brilhar. Óbvio que ainda podem melhorar ainda mais, mas estão com um bom nível de qualidade de gravação. Além disso, a arte da capa realmente é bem chamativa, claustrofóbica, nos fazendo pensar muitos aspectos da vida.

Exibindo boa técnica musical, o VILETALE vem surpreender nossos sentidos, pois quando uma canção surge e forma uma opinião, a outra vem e nos desafia novamente. Sim, cada canção vem mostrando um aspecto de sua personalidade, algo diferente do que se vê comumente no Brasil.

Em “Overlord Murder”, temos uma canção mais simples, mas onde se percebem contrastes de tempos interessantes, e nas partes mais cadenciadas, se percebe clara influência do Black Metal grego. Mais agressiva e com boa dose de velocidade, vem “Santificada Seja a Carne”, com seu jeitão mais Brutal Death Metal e bom trabalho em termos de guitarras. A brutalidade fica ainda mais evidenciada em “Splatterhouse”, onde as linhas harmônicas privilegiam uma pegada Death Metal mais tradicional, e onde o baixo debulha várias vezes. E já mostrando um lado mais opressivo, temos “Suicide of Dei”, onde arranjos mais soturnos e um andamento que varia bastante entre uma pegada Death Metal Old School até passagens Black Metal, com ótimas guitarras e bom trabalho de baixo e bateria.

Ainda que existam arestas a aparar (porque o quarteto é uma banda jovem, com quase dois anos de existência apenas), o VILETALE é promissor. E “Suicide of Dei” os ratifica como uma das grandes promessas do Metal extremo brasileiro.

Nota: 84%