Tipo: Full Length
Ano: 2017
Nacional
Tracklist:
1. Counting the Corpses
2. Stygia
3. They Speak My Name in Tongues
4. The Styx River
5. Behold the Evil
6. Sodom and Gomorrah
7. Down at the Valley of the Great Encounter
8. The Humanist
9. Cross and Fiction
10. Borgia
Banda:
Lord Vlad - Vocais, baixo
Danilo Coimbra - Guitarras, orquestrações
Jafet Amoêdo - Guitarras
Convidados:
Thiago Nogueira - Bateria
Paulo Henrique Santiago - Orquestrações, flauta em “Down at the Valley of the Great Encounter (Horrified cover)”
Ficha Técnica:
Lord Vlad - Produção
Danilo Coimbra - Produção
Jafet Amoêdo - Produção
Vicente Fonseca - Mixagem, masterização, produção
Sérgio “Baloff” Borges - Assistente de letras
Argos - Arte gráfica
Contatos:
Site Oficial:
Twitter: https://twitter.com/malefactorbr
Instagram: https://www.instagram.com/malefactor_brazil/
Bandcamp:
Assessoria:
E-mail: lordvlad666@hotmail.com
Texto: Marcos “Big Daddy” Garcia
Durante o período de expansão do Império Romano, duas legiões de soldados se tornaram famosas: a Legio VI Victrix (“Sexta Legião Vitoriosa”) e a Legio VI Ferrata (“Sexta Legião Encouraçada”). A primeira é conhecida por suas campanhas na Hispânia, Germânia e Britânia, enquanto a segunda (tida por muitos historiadores como uma sequência da primeira, ou mesmo tendo em suas fileiras muitos veteranos da mesma, uma tradição dos tempos de Júlio César) lutou nas guerras civis romanas entre 40 e 30 DC, sendo mandada posteriormente para a Judéia, onde permaneceu por dois séculos.
Mas tão encouraçados ou vitoriosos são os Centuriões do Metal extremo nacional, o MALEFACTOR, de Salvador (BA), que chega com seu mais recente álbum, “Sixth Legion”.
Reduzidos a um trio nas gravações, o grupo não se fez de rogado e continua sua tradição musical: é quase impossível rotular o trabalho deles, pois o amálgama de influências é tão grande que pode iludir a percepção de muitos. Melodias de Metal tradicional que surgem nas guitarras convivem bem com vocais ora urrados, ora normais e algumas intervenções de timbres rasgados (embora mostrando alguns tons vocais diferentes), fora a técnica musical muito boa de baixo e bateria, fora as orquestrações. E o amadurecimento de 26 anos de estrada fez com que a banda soasse ainda mais coesa que antes, mais firme e pesada, mas sem perder a ótima noção harmônica agressiva.
Traduzindo: “Sixth Legion” é mais um clássico da banda, mas mostra-os em um patamar qualitativo absurdo.
O time que trabalhou na produção do disco caprichou em termos de qualidade: a sonoridade de “Sixth Legion” é excelente, pois ela conseguiu aliar peso e clareza de forma perfeita, sem contar que o peso está abusivo. Os timbres sonoros foram escolhidos muito bem, e isso no caso deles nunca é simples (como dito acima, mixar tantas influências é um trabalho enorme). Além disso, no que tange a apresentação visual, tudo está muito caprichado em termos de capa e encarte, sempre com tudo trabalhado em tons de cores não muito convencionais. Mas o MALEFACTOR está longe de ser convencional.
A verdade seja dita: neste que é o sexto disco da banda, o foco instrumental da banda está bem mais homogêneo, bem mais criativo que antes. E a qualidade musical está distribuída de forma homogênea pelas 10 composições. Sem falar que a capacidade de criar arranjos está ótima (reparem bem nos solos), e como as músicas grudam nos ouvidos, algo que não é comum em bandas de Metal extremo. Ou seja, “Sixth Legion” é um disco onde tudo é possível!
O ataque dessa Legião começa com a trabalhada e veloz “Counting the Corpses”, onde melodias súbitas e criativas surgem em vários momentos das guitarras (Danilo e Jafêt se mostram muito entrosados, com riffs e duetos perfeitos). Ela é seguida de “Stygia”, com tempos não tão velozes, e que é rica em arranjos e melodias (o uso de timbres limpos nos vocais de Lord Vlad em algumas artes ficou algo maravilhoso). Um pouco mais cadenciada e fria como aço temperado em fogo e gelo é “They Speak My Name in Tongues”, capaz de empolgar até mesmo um defunto (reparem bem como baixo e bateria estão debulhando nas partes instrumentais, entremeados por teclados sinistros). A beleza de “The Styx River” não pode ser medida, já que as partes com guitarras limpas e teclado seduzem nossos ouvidos, e nas partes mais pesadas, os vocais variam muito entre guturais, rasgados e limpos, mantendo o peso e melodias à lá JUDAS PRIEST em equilíbrio (fora as referências ao universo de Robert Howard, criador de Conan). Mantendo o enfoque técnico e com uma pegada bem Melodic Death Metal é “Behold the Evil”, mas sempre com a pancadaria garantida pelo ótimo trabalho da base rítmica. Mesmo mantendo as harmonias, “Sodom and Gomorrah” é bem agressiva e rápida, cheia de riffs causticantes e boas mudanças de tempos (preciso comentar que o tema central das letras são as cidades de Sodoma e Gomorra, cuja destruição é narrada no livro do Genesis?). Mostrando que são capazes de coisas que até os deuses duvidam, eles fizeram uma versão grandiosa para “Down at the Valley of the Great Encounter”, do grupo grego HORRIFIED, com muito peso e melodia nas guitarras e boas passagens sinistras, onde flautas e orquestrações surgem, mas sempre com a personalidade do MALEFACTOR. Partes tenebrosas com vocais sinistros introduzem “The Humanist”, também com passagens mais lentas e envolventes com a presença de teclados, belos vocais limpos aqui e ali, riffs de guitarras envolventes (e tudo para envolver o ouvinte na aura densa do discurso de John Milton, interpretado por Al Pacino, em “O Advogado do Diabo”). Com uma levada extremamente ganchuda é a azeda “Cross and Fiction”, permeada por uma densa atmosfera caótica e arranjos mais agressivos, onde baixo e bateria mais uma vez roubam a cena, embora seja a música mais simples do disco em termos de arranjos e mudanças rítmicas. E fechando, temos a ambientação opressiva e melancólica de “Borgia”, outra em que o quarteto mostra uma abordagem mais direta, embora as passagens limpas e melodiosas sejam um deleite, e para quem não percebeu, a letra fala do Papa Alexandre VI, nascido Rodrigo Bórgia, ou Roderico de Borja, espanhol em cujo papado de dez anos (morreu 7 dias antes de completar 11 anos no trono de São Pedro) os escândalos se acumularam no Vaticano, tanto que o nome Borgia se tornou sinônimo de libertino e nepotismo, mas também é conhecido pelo patronato das artes (lembrando que ele foi Papa durante o período Renascentista).
No mais, pouco se pode falar de “Sixth Legion” que não seja que este é um dos melhores discos de Metal produzidos no Brasil. E falo sério!
Avante, Centuriões! Avante, MALEFACTOR!
“TODOS IGUAIS, TODOS PELO METAL!”