sexta-feira, 9 de novembro de 2018

BLOODBATH - The Arrow of Satan is Drawn


Ano: 2018
Tipo: Full Length
Importado


Tracklist:

1. Fleischmann
2. Bloodicide
3. Wayward Samaritan
4. Levitator
5. Deader
6. March of the Crucifers
7. Morbid Antichrist
8. Warhead Ritual
9. Only the Dead Survive
10. Chainsaw Lullaby


Banda:


Nick “Old Nick” Holmes - Vocais
Anders “Blakkheim” Nyström - Guitarras, backing vocals
Joakim “Joakim” Karlsson - Guitarras
Jonas “Lord Seth” Renkse - Baixo, backing vocals
Martin “Axe” Axenrot - Bateria


Ficha Técnica:

Karl Daniel Lidén - Mixagem, masterização
Eliran Kantor - Arte da capa
Jeff Walker - Vocais em “Bloodicide”
Karl Willetts - Vocais em “Bloodicide”
John Walker - Vocais em “Bloodicide”


Contatos:

Assessoria:
E-mail:

Texto: “Metal Mark” Garcia


Muitas bandas, ao lançarem seus novos discos, causam comoção entre os fãs de Metal. Mesmo nomes mais cult (ou seja, não são gigantes do mainstream, ou fortes dentro underground) são capazes de fazer isso devido à história do grupo, bem como se ele nasceu como um projeto. Estas definições podem ser ditas do quinteto sueco BLOODBATH, que causou um alvoroço dentro do cenário com a chegada de “The Arrow of Satan is Drawn”, seu mais recente álbum.

Para início de conversa, é preciso entender que a formação da banda já teve nomes de músicos como Mikael Åkerfeldt (do OPETH), Dan Swanö (ex-EDGE OF SANITY, hoje no WITHERSCAPEe um monte de outros projetos, inclusive como respeitado produtor musical), Peter Tägtgren (do HYPOCRISY e PAIN?, além de também ser produtor musical) e outros. Na formação atual, membros de nomes como KATATONIA, OPETH, PARADISE LOSTe outros. Óbvio que muitos podem pensar em Doom Metal ou algo do tipo.

Nada disso.

O BLOODBATHé um grupo de Death Metal tradicional, tocando uma mistura do som da Velha Guarda sueca do estilo com muito da estética das bandas da Flórida e alguns toques do jeito britânico de se tocar o gênero. Ou seja, não fazem nada de inovador, nada fora do script, mas mesmo assim, é genial, com uma autenticidade que poucos grupos ousariam ter. Muita energia, peso para ninguém reclamar, e aquela aura suja e agressiva que realmente faz falta a muitos nomes dos dias de hoje (em especial os que nasceram bem depois da época e que se acham “Old Shcool”). Mas não se enganem: na música do grupo, se percebe que eles sabem trazer para os dias atuais o velho estilo, ou seja, não soa datado ou mofado em momento algum.

Traduzindo: “The Arrow of Satan is Drawn” nada tem de novo, mas mesmo assim, é um disco muito bom.

Na sonoridade, salta os olhos (e ouvidos) o fato que o grupo não quis soar como no passado, mesmo sendo todos os seus membros veteranos do cenário. Pelo contrário: a qualidade sonora transpira vida, energia e agressividade, com aquele toque de crueza opressivo dos anos 90, mas sempre limpa, de uma forma em que o quinteto se faz entender. A resposta está no fato de que eles tocam como se estivessem no passado, mas com uma timbragem instrumental atual, e usando de tecnologias modernas para gravarem. Por isso o disco soa tão atual. E que bela arte de capa da parte de Eliran Kantor.

Mesmo com a saída de Sodomizere entrada de Joakim nas guitarras entre o lançamento de “Grand Morbid Funeral” e de “The Arrow of Satan is Drawn”, o espírito de sua música está intocado. E apesar da banda evitar focar em técnicas individuais de seus integrantes, percebe-se que eles não são simplistas na execução de suas canções. Além disso, é evidente que suas músicas são de digestão fácil para o ouvinte, e com bons arranjos e mudanças de ritmo.

Se preparem, pois esses mortos-vivos não vão nos deixar em paz!

Em dez faixas destruidoras de crânios, podemos destacar a opressiva “Fleischmann” (onde o grupo soa coeso e usando de riffs de guitarras doentios), a brutalidade veloz de “Bloodicide”(há momentos em que a influência de Hardcore fica evidente, e sem falar que os guturais estão ótimos, ainda mais com a participação dos Death Metal Masters Jeff Walker do CARCASS, Karl Willetts do MEMORIAM UK, e John Walker do CANCER), a energia crua e empolgante de “Wayward Samaritan” (quase um MOTÖRHEAD Death Metal nos momentos mais cadenciados), o peso abusivo de “Deader” (reparem no trabalho excepcional da base rítmica e nos toques de teclados tenebrosos), o clima bruto e atmosférico de “Morbid Antichrist” (o uso de timbres vocais limpos e agonizantes em certos momentos é perfeito), o jeito pegajoso agressivo de “Only the Dead Survive” (os arranjos de guitarras fazem a diferença, seja nos momentos mais brutos ou nos mais melancólicos), e a climática “Chainsaw Lullaby” (que oscila entre partes mais velozes e outras mais lentas, mostrando ótimas guitarras mais uma vez).

Mesmo que seja só um trabalho paralelo de membros do OPETH, KATATONIA e PARADISE LOST, o BLOODBATH é excepcional, e “The Arrow os Satan is Drawn” é uma aula de Old School Death Metal.

Hora da aula, meus caros!

Nota: 94%








CHTHONIC - Battlefields of Asura


Ano: 2018
Tipo: Full Length
Selo: Ciong Zo
Importado


Tracklist:

1. Drawing Omnipotence Nigh (instrumental)
2. The Silent One’s Torch
3. Flames Upon the Weeping Winds
4. A Crimson Sky’s Command
5. Souls of the Revolution
6. Taste the Black Tears
7. One Thousand Eyes
8. Masked Faith
9. Carved in Bloodstone
10. Millennia’s Faith Undone
11. Autopoiesis


Banda:


Freddy Lim - Vocais, erhu
Jesse Liu - Guitarras, backing vocals
CJ Kao - Teclados
Doris Yeh - Baixo, vocais femininos
Dani Wang - Bateria


Ficha Técnica:

Staffan Karlsson - Gravação, mixagem
Seiji Toda - Gravação
Joakim Dahlstöm - Mixagem
Mika Jussila - Masterização
Oink Yang-de Chen - Artwork
Mason Wang - Arte da capa
Wei-Shun Liu - Corais em “Drawing Omnipotence Nigh” e “Souls of Revolution”
Chi-Jen Chen - Corais em The Silent One’s Torch”, Flames Upon the Weeping Winds”, Taste the Black Tears”, e Carved in Bloodstone
“The Silent One’s Torch”, “Flames Upon the Weeping Winds”, “Taste the Black Tears”, e “Carved in Bloodstone”
Chun-Yu Yang - Corais em “Souls of the Revolution”
Hsuan-Yi Chen - Corais em “The Silent One’s Torch”, “Flames Upon the Weeping Winds”, “Taste the Black Tears”, e “Carved in Bloodstone”
Denise Ho - Vocais femininos em “Millennia’s Faith Undone”
Po-Jen Liao - Corais em “Drawing Omnipotence Nigh” e “Souls of Revolution”
Su-nung Chao - Erhu
Ching-Lan Hsu - Corais em “Drawing Omnipotence Nigh” e “Souls of Revolution”
Hsiang-yi Wei - Corais em “Drawing Omnipotence Nigh”, “The Silent One’s Torch”, “Flames Upon the Weeping Winds”, “Taste the Black Tears”, “Carved in Bloodstone”, e “Autopoiesis”
Randy Blythe - Bateria em e “Souls of Revolution”
Joey Kuo - Corais em e “Souls of Revolution”
Fang-Yun Chen - Dizi em “Drawing Omnipotence Nigh”


Contatos:

Assessoria:

Texto: “Metal Mark” Garcia


O Oriente é uma região cheia de lendas e folclores maravilhosos, mas muitas vezes, não temos acesso ao que se faz em termos de Metal por aqueles cantos do mundo. Mas vez por outra, encontramos bandas que fazem valer a pena a experiência. Uma delas é o 閃靈, que conhecemos por aqui como CHTHONIC, um grupo veterano de Taiwan, e que nos presenteia com o belíssimo Battlefields of Asura”, um disco fantástico e que pode transcender (e transgredir) muitas de nossas concepções musicais.

Basicamente, poderíamos dizer que a banda faz um estilo melodioso e sinfônico de Death/Black Metal, mas permeado por influências musicais de sua região (como a presença de instrumentos como erhu e dizi deixa clara), e mesmo toques de Industrial em alguns momentos (nada muito mecânico, e apenas nuances). Ou seja, é uma musicalidade bem feita, rica e cheia de nuances sinfônicas bem diferentes do usual. E não chega a ser um pecado imperdoável dizer que são o DIMMU BORGIRou CRADLE OF FILTH do oriente, embora busquem fazer as coisas de uma maneira mais própria, sem ficarem presos a modelos musicais erodidos e engessados.

Ah, se Battlefields of Asura”? Meus caros, este é um dos melhores discos de Metal extremo do ano, e talvez do Metal como um todo!

Trabalhar com uma musicalidade dessas é um desafio. Mas a produção acertou a mão, criando uma sonoridade límpida e pesada, permitindo que suas belas melodias sejam compreendidas por nossos ouvidos, bem como se tem a rispidez do Metal extremo presente nas devidas doses. Além disso, os timbres instrumentais foram escolhidos de forma que a música da banda seja rica e que todos os instrumentos musicais se encaixem nos devidos lugares. E a arte da capa, belíssima, mostra uma visão clara do que querem transmitir com o título “campos de batalha de Asura”, sendo uma palavra que vem do sânscrito असुर e seriam uma raça de deuses orientais que se opõem aos Devas. Algo complexo que merece um estudo mais aprofundado da parte de todos.

O grupo mostra um trabalho coeso, maduro e recheado de técnica. O que os diferencia de seus pares europeus é o “insight” em relação à sua música, sua forma de abordar o Symphonic Black/Death Metal. E como soam criativos, usando um amplo espectro de timbres de voz bem maior do que estamos acostumados em termos de ocidente, uma proeminência de teclados (que criam lindas partes melódicas), ótimos riffs de guitarra (e solos, um aspecto pouco usado por aqui), e uma seção rítmica sólida e técnica. Além disso, o CHTHONIC não segue regras, faz como quer sua música, e a enriquece com arranjos fantásticos.

Chega a ser constrangedor destacar uma ou outra música em Battlefields of Asura”, mas “The Silent One’s Torch” com suas mudanças de tempo e lindas melodias (e um trabalho fantástico de teclados, baixo e bateria), “Flames Upon the Weeping Winds” que possui os mesmos elementos (embora seja mais melódica, com contrastes entre vocais agressivos e limpos, sejam masculinos ou femininos), o jeito que beira o Metal tradicional das guitarras de “A Crimson Sky’s Command” (lindos duetos, verdade seja dita, sem mencionar os teclados com partes Industriais aqui e ali), a riqueza sinfônica de “Souls of the Revolution”, as linhas harmônicas e arranjos de guitarras de “One Thousand Eyes”, e a técnica e cheia de mudanças de tempos “Millennia’s Faith Undone” (os vocais encaixam como uma luva nas bases instrumentais) são os grandes momentos. Se preparem, pois não tem como não ficar emocionado ao ouvir um disco tão bom.

Óbvio que a estética sonora/visual do grupo pode assustar alguns desavisados, mas é preciso entender: Taiwan, assim como todos os países da região, possuem uma cultura singular, e ela permeia seu jeito de ser e fazer música, logo, se preparem. Mas para quem tem mente pensante, não é difícil.

Óbvio que esta resenha foi escrita tendo em mãos a versão em inglês do disco (sim, existe uma versão cantada no idioma natal deles, que tem por título政治). E aproveitem, pois “Battlefields of Ashura”vem mostrar que você pode continuar sendo fã de bandas já estabelecidas, mas nomes como o do CHTHONIC merecem muito sua atenção.

Nota: 100%

Flames Upon the Weeping Winds: https://www.youtube.com/watch?v=x8uBaHnub7A