terça-feira, 2 de julho de 2019

IN FLAMES - I, The Mask


Ano: 2019
Tipo: Full Length
Nacional


Tracklist:

1. Voices
2. I, The Mask
3. Call My Name
4. I Am Above
5. Follow Me
6. (This is Our) House
7. We Will Remember
8. In this Life
9. Burn
10. Deep Inside
11. All the Pain
12. Stay with Me
13. Not Alone (Bônus)


Banda:

Crédito foto: William Felch/WombatFire

Anders Fridén - Vocais
Björn Gelotte - Guitarras
Niclas Engelin - Guitarras
Bryce Paul Newman - Baixo
Tanner Wayne - Bateria


Ficha Técnica:

Howard Benson - Produção
Chris Lord-Alge - Mixagem
Ted Jensen - Masterização
Blake Armstrong - Artwork
Howard Benson - Teclados adicionais
Joe Rickard - Bateria


Contatos:

Site Oficial: www.inflames.com
Assessoria:
E-mail:

Texto: “Metal Mark” Garcia


Introdução:

Vez por outra, bandas antigas acabam se transformando. Para aqueles que observam dois álbuns isolados, é impossível notar a evolução (palavra que anda cada vez mais sendo avacalhada por bangers da Old School, embora não haja motivo para tanto). Para quem acompanha a carreira de uma banda, essa “mudança” é algo consensual, não surge do nada, por mera decisão dos músicos.

Para aqueles que conhecem o quinteto sueco IN FLAMES de longos anos, entenderão que “I, The Mask” não vem nesse formato como um acaso do destino. Aliás, a parceria da Shinigami Records com a Nuclear Blast Brasil tornou o acesso ao disco mais simples (e barato).


Análise geral:

O quinteto, um dos fundadores do Melodic Death Metal e pioneiro do “Gothenburg sound”, chega com um disco que é, ao mesmo tempo, fácil de gostar, mas difícil de entender.

“I, The Mask” mostra toda a vibração moderna das bandas de sua região, uma variação moderna e acessível do Melodic Death Metal que está bem próxima ao Metalcore em alguns momentos (graças aos vocais limpos em alguns momentos), com leve acento melancólico. Mas cuidado, pois o grupo ainda pega pesado e agressivo em várias partes desse disco (a própria faixa-título remete ao Melodic Death Metal em muitos elementos). Existe esse contraste, essa coisa de “luz e sombra”, Yin e Yang, que permeia o disco inteiro.

Ou seja, a banda acertou a mão!


Arranjos/composições:

Basicamente, não seria tão heresia dizer que “I, The Mask” quase que compila a carreira do grupo em um único disco. Basicamente, elementos de clássicos como “Whoracle”, “Clayman”, e “Soundtrack to Your Escape” são mesclados à abordagem moderna e atual dos últimos trabalhos. Em comparação a “Battles”, seu último disco, “I, The Mask” seria uma seqüência lógica, bem feita, mas bem mais burilada e consensual.

Em termos de espontaneidade, esse disco soa livre, solto e pronto para ganhar novos fãs.


Qualidade sonora:

O quinteto faz uma aposta alta, pois trouxe Howard Benson para ser o único produtor do disco (uma vez em quem “Battles”, ele teve um parceiro), sem ninguém com quem dividir a responsabilidade, apenas tendo Chris Lord-Alge na mixagem e Ted Jensen na masterização. Tudo para que “I, The Mask” soe solto e livre de preocupações, com uma clareza enorme e bons timbres instrumentais.

Mas cuidado: a banda não abre mão de partes agressivas e velozes em certas canções (como em “I, The Mask”), onde o lado Melodic Death Metal se evidencia e quase que arruína os tímpanos alheios.


Arte gráfica/capa:

Fugindo do jeito “papo cabeça” da arte de alguns discos anteriores, a arte de Blake Armstrong chega a soar um pouco irônica e mesmo divertida, o que encaixa com o jeito solto da música que eles puderam nesse álbum. Mas como existe certa dose de agressividade e mesmo horror na arte, a capa mostra claramente os contrastes musicais criados pelo quinteto.


Destaques musicais:

“I, The Mask” marca duas mudanças na formação do grupo: o baixista Bryce Paul Newman entrou no lugar do veterano Peter Iwers (que estava na banda desde “Colony”), e Tanner Wayne entrou na bateria em substituição a Joe Rickard (que gravou o disco inteiro, deixando para seu sucessor as partes de uma única canção, que é “(This is Our) House”). Mas isso não parece ter influenciado muita coisa, pois quando o IN FLAMES está inspirado, é uma banda difícil de ser segurada.

O disco inteiro é ótimo e inspirado, mas roubam completamente a cena a modernosa e intensa “Voices”com seu jeito melodioso impecável (e que belo uso de contrastes nos timbres vocais, do urrado ao suave sem pudores, e o refrão é uma maravilha), a brutalidade desmedida de “I, The Mask” (a velocidade e explosão levam a mente até os tempos de “Whoracle”/”Colony”, embora o refrão tenha uma pegada mais voltada ao trabalho atual do grupo), os contrastes entre agressividade e suavidade que permeiam “Call My Name” (as guitarras despejam riffs excelentes), a pegada mais soturna e introspectiva de “Follow Me” e de “We Will Remember” (uma escorregadinha e ambas seriam dois Metalcore de respeito, pois são as canções mais acessíveis do disco, ambas mostrando riffs ótimos), “Burn” e seu jeito Melodic Death Metal clássico (embora adornada com melodias ótimas e um refrão marcante, e um trabalho de primeira de baixo e bateria), o tempo mais cadenciado e ganchudo de “Deep Inside” (outra em que boa parte do lado Death Metal do quinteto aparece, mas contrastando com partes extremamente acessíveis, algo que só eles parecem ter a cara dura de fazer), e a sinistra balada “Stay with Me” (onde o lado melancólico aflora de vez, e é uma canção que remeterá o ouvinte a “Siren Charms” em seus momentos mais pesados. E “Not Alone”, faixa extra da versão nacional, despeja um Metalcore intenso que flerta com o Gothic Rock.


Conclusão:

“I, The Mask” é um disco corajoso, mas o IN FLAMES sempre desafia seus fãs. Logo, podem ter certeza: reclamem ou aplaudam, eles mais uma vez fizeram um disco de primeira.


Nota: 9,1/10,0

I, The Mask



Call My Name



Spotify

MYRATH - Shehili


Ano: 2019
Tipo: Full Length
Nacional


Tracklist:

1. Asl (Intro)                                                    
2. Born to Survive            
3. You’ve Lost Yourself      
4. Dance                            
5. Wicked Dice                 
6. Monster in My Closet   
7. Lili Twil                         
8. No Holding Back         
9. Stardust                      
10. Mersal                         
11. Darkness Arise             
12. Shehili


Banda:


Zaher Zorgati - Vocais
Malek Ben Arbia - Guitarras
Anis Jouini - Baixo
Elyes Bouchoucha - Teclados, Backing Vocals
Morgan Berthet - Bateria


Ficha Técnica:

Kévin Codfert - Engenharia, Gravação, Produção, Mixagem
Eike Freese - Mixagem, Masterização
Jens Bogren - Masterização, Mixagem
Paul Thureau - Arte da Capa
Perrine Perez Fuentes - Artwork
Laura Billiau - Artwork
Lotfi Bouchnak - Vocais adicionais em "Mersal"
Mehdi Ayachi - Vocais em "Asl"
Pierre Danel - Violão
Kévin Codfert - Piano, Guitarras adicionais
Mohamed Gharbi - Violino
Bechir Gharbi - Violino
Hamza Obba - Violino
Riadh Ben Amor - Violino
Mohamed Lassoued - Viola
Samir Sghaier - Viola
Skander Ben Abid - Clarinete
Koutaiba Rahali - Nay, Gasba


Contatos:

Assessoria:

Texto: “Metal Mark” Garcia


Introdução:

A Tunísia é um país localizado ao norte do continente africano, e historicamente falando, sua maior referência foram as Guerras Púnicas, onde o Império Romano travou uma longa guerra a Cartago, o que levou à destruição completa da cidade. Além disso, tem uma longa história colonial, até se tornar independente em 1956.

Mas o que é interessante é ver uma banda como o MYRATH surgir naquelas paragens, e com um nível musical tão elevado. “Shehili” é uma autêntica obra de arte em termos de Metal.


Análise geral:

Tentar rotular o trabalho do grupo não é muito simples.

Imaginem uma mistura dos melhores elementos do Prog Metal do DREAM THEATER (mas não tão eclético) com as melodias orientais do ORPHANED LAND e algo de modernidade, e mesmo alguns toques épicos. Pois é, o grupo realmente mostra uma identidade única, bem como sua forma de fazer música mistura técnica, peso, ótimas melodias (algumas bem simples de serem assimiladas), refrães marcantes, enfim, tudo na medida certa.

Não é à toa que são a primeira banda tunisiana a assinar com um selo.


Arranjos/composições:

Como dito acima, não seria nenhum pecado rotular a banda como “Oriental Prog Metal”, embora não lhes faria toda justiça. E como “Shehili” é o quinto disco do grupo, tudo soa maduro e em seu lugar, com arranjos instrumentais que se encaixam como um complexo quebra-cabeça, mas sem que soe extremamente técnico ou cansativo.

Além do mais, se percebe que a técnica instrumental tem um propósito, uma motivação, não é uma exibição de egos. Desta forma, a música da banda soa bem esmerada, mas com forte apelo melódico aos ouvidos.

E é de uma beleza ímpar!


Qualidade sonora:

O trabalho de gravar, mixar e masterizar “Shehili” não foi simples, pois teve partes gravadas na Tunísia, na Alemanha e na França. E assim, vários profissionais estão envolvidos nessas etapas, embora a produção seja de Kévin Codfert (tecladista do ADAGIO). Apesar disso, o disco soa consensual, forte e pesado, mas sempre com uma clareza instrumental enorme.

A modernidade que permeia a música do grupo vem da timbragem instrumental, especialmente das guitarras. Mas tudo foi burilado de forma a não soar embolado, e isso levando em consideração que o disco é cheio de instrumentos musicais que não convencionais do Metal (como violinos, violas, e mesmo clarinetes).

Traduzindo: é de alto nível!

MYRATH ao vivo

Arte gráfica/capa:

Paul Thureaué quem fez a capa de “Shehili”. Apesar dos contrastes de cores bem simples (preto, branco e tons de azul), é algo exótico, bem feito e que encaixa em todo conceito musical da banda.


Destaques musicais:

A bem da verdade, pode-se se dizer que “Shehili” brilha por sua música bem trabalhada, mas que é fácil de gostar, especialmente porque a banda evita canções extremamente longas, preferindo ficar sempre transitando entre 3 e 4 minutos de duração.

Das 12 canções, se destacam: “Born to Survive” (que se inicia com um ritmo oriental interessante, antes de mostrar sua vocação Prog Metal, com ótimas melodias e um refrão que gruda nos ouvidos), as melodias sinuosas e densas de “You’ve Lost Yourself” (os teclados providenciam uma colcha sonora ótimas para as partes rítmicas do grupo, que são ótimas, e outro super-refrão surge nessa canção), o ritmo que mistura melodias orientais com elementos Progs modernos de “Wicked Dice” (ótimos vocais, verdade seja dita, com ótimo conjunto de timbres), a sedução melodiosa e tenra do refrão de “Monster in My Closet” (reparem nos violinos presentes e ótimas guitarras), o Prog Metal oriental e cheio de sutilezas de “Lili Twil” (algumas partes com elementos “noir” de Jazz surgem vez por outra, evidenciando baixo e bateria), as melodias mais simples e pegajosas de “No Holding Back” (os elementos percussivos orientais casaram muito bem com os teclados e violas), a beleza introspectiva de “Stardust”, e a grandiosidade Prog/Oriental de “Shehili” são as melhores, mas este disco é ótimo de ponta a ponta.


Conclusão:

Eis que pode estar nascendo uma lenda no Metal, uma vez que o MYRATHtem tudo para agradar os fãs mais exigentes. E se necessário, “Shehili”é o passaporte para vôos mais altos.

Ah, sim: a versão nacional, lançada pela Shinigami Records, pode ser adquirida seja seja em Digipack, seja em Jewelcase.

Nota: 97,0/100,0

Dance





No Holding Back



Spotify