sexta-feira, 6 de dezembro de 2019

HÉIA - Maldicíon de la Serpiente (Live in Cochabamba)


Ano: 2019
Tipo: Disco ao Vivo
Selo: Violent Records, VSF Records, Diabo Records, Trevas Nascemos, Diabolic Records, Impaled Records, Cianeto Discos, Temple of the Bizarre Cult, Blasphemy Art
Nacional


Tracklist:

1. Magia Negra
2. Negro Pandemonium de Almas Infernais
3. Choronzom
4. Elizabethan Devil (MYSTIFIER cover)
5. Onde as Trevas Predominam
6. Face do Mal
7. Ritos Noturnos
8. Elizabeth Bathory (TORMENTOR cover)
9. Karbarah’s


Banda:


Místico - Guitarras, Vocais
Sanatás - Baixo
Flávio - Bateria


Ficha Técnica:

Luciano Justiniano - Gravação
Místico - Artwork


Contatos:

Site Oficial:

Indicação: fãs de Black Metal dos anos 90, MYSTIFIER, DARKTHRONE, MAYHEM, MARDUK (antigo)


Texto: “Metal Mark” Garcia


Introdução:

Fazer Black Metal no Brasil, em geral, é quase que uma tradição.

Desde que SARCÓFAGO surgiu e lançou duas faixas na coletânea “Warfare Noise I” (1986) e seu clássico “I.N.R.I.” (1987), a face do gênero mudou completamente. Hoje em dia, muitas bandas brasileiras se dedicam ao modelo mais Old School do gênero, preferindo algo mais climático e soturno à sinfonias melodiosas. Muitos grupos fazem isso, mas o trio HÉIA, de Goiânia (GO) permanece sendo um nome bem forte dentro do underground.

A agora, comemorando o giro pela Bolívia que fizeram, eis que lançam “Maldicíon de la Serpiente (Live in Cochabamba)”, um disco ao vivo para eternizar o resultado colhido.


Análise geral:

A verdade é que a banda ao vivo mostra toda sua autenticidade musical, com aquele Black Metal veloz, ríspido e bruto de seus discos de estúdio. Nada bonitinho ou extremamente arranjado. Tudo no disco é baseado na simplicidade musical, algo direto, duro e cru, relembrando os primeiros dias da SWOBM que tomou o mundo de assalto nos anos 90.

E pode-se aferir que “Maldicíon de la Serpiente (Live in Cochabamba)” é um dos discos ao vivo mais honestos dos últimos anos, pois não existem edições ou “overdubs”, é tudo direto, nu e cru.


Repertório:

O disco do gravado em 15 de Março na cidade de Bogotá (Bolívia).

O grupo baseou seu repertório em canções de “Magia Negra” (2007) e “Ritos Noturnos” (2014), além de materiais de seus Splits. Óbvio que se percebe que a banda consegue não apenas fazer bonito em suas canções mais recentes, mas a roupagem mais brutal que eles mostram nas músicas mais antigas é ótima.

E sem mencionar o fato que a banda mostra identidade ao lidar com versões próprias para “Elizabethan Devil” (cujo nome completo é “An Elizabethan Devil Worshipper’s Prayer Book”, do também brasileiro MYSTIFIER) e “Elizabeth Bathory” do TORMENTOR da Hungria (e que foi eternizada pelo DISSECTION).

Acertaram em cheio no repertório.


HÉIA ao vivo
Qualidade sonora:

Eis onde uma análise mais subjetiva precisa ser feita.

Óbvio que o disco soa cru, direto e bruto, como se tivesse sido gravado e prensado sem mixagem ou masterização posteriores ao show (e realmente é a impressão que se tem, especialmente porque existe um errinho em “Onde as Trevas Predominam”). Pode ser dizer, guardadas as devidas proporções, que este disco pode ser comparado em termos de organicidade e honestidade a “Live in Leipzig” do MAYHEM, pois não existem overdubs aqui. E se existem, não podem ser percebidos.

Se busca-se algo de uma banda de Black Metal mais jovem, ou adepta de Black metal sinfônico, a decepção é certa; mas se o ouvinte quer algo mais cru e de raiz, pode ir tranquilo, pois vai gostar. E sinceramente, não existem problemas em se compreender o que está sendo tocado.


Arte gráfica/capa:

O guitarrista/vocalista Místico é responsável pelo trabalho gráfico que é apresentado em “Maldicíon de la Serpiente (Live in Cochabamba)” é simples, direto e inteligente: foto da banda na capa, encarte com seis páginas dobrável, com informações, fotos dos integrantes e uma foto ao vivo do grupo. Tudo para que o foco dou ouvinte fique na música em si.


Destaques musicais:

Como já dito, “Maldicíon de la Serpiente (Live in Cochabamba)” é um disco honesto, e um deleite para os fãs de Black Metal dos anos 90, quando a tendência era soar mórbido e agressivo.

As faixas que se destacam: a veloz e direta “Magia Negra” (e pela simplicidade, mostra uma energia enorme, com algumas mudanças de ritmo e um trabalho eficaz nas guitarras), a brutalidade de “Negro Pandemonium de Almas Infernais” (outra com algumas mudanças de andamento herdadas dos primórdios do Black Metal, e assim, o baixo e a bateria mostram sua força) e de “Choronzom” (esta mostra partes mais cadenciada, e assim, comprova-se a versatilidade do grupo em termos de arranjos), o ritmo envolvente de “Onde as Trevas Predominam” e de “Faces do Mal” (nesta, surgem sutis passagens com melodias soturnas nas guitarras), “Ritos Noturnos” e seu foco em algo mais mórbido (o andamento nem veloz e nem rápido lembra bastante as ambientações de bandas como BATHORY, SARCÓFAGO e mesmo do SODOM em seus primeiros registros), e “Kabarah’s” (curta, direta e veloz, e com uma agressividade enorme transpirando dos vocais e guitarras). Mas é óbvio que as versões para “Elizabethan Devil” (do MYSTIFIER) e “Elizabeth Bathory” (do TORMENTOR) ficaram excelentes.

Sim, é um disco ao vivo de Black Metal de respeito!


Conclusão:

“Maldicíon de la Serpiente (Live in Cochabamba)” vem para mostrar que o HÉIA tem tudo para se tornar uma potência dentro do Black Metal do Brasil.

Ah, sim: “Maldicíon de la Serpiente (Live in Cochabamba)” está disponível nas seguintes plataformas.

Deezer: https://www.deezer.com/br/artist/13439979
Google Play: http://bit.ly/2Wrd2bE


Nota: 8,4/10,0


Magia Negra

HELLSKITCHEN - We Are the Hells Crew


Ano: 2019
Tipo: Full Length
Selo: Independente
Nacional


Tracklist:

1. Hellskitchen (intro)
2. Public Enemy
3. Keep Running
4. 29112013
5. On Your Mind
6. Hellbound
7. Killing Myself
8. The Only Way
9. The Answer
10. Live and Let Live
11. We Are the Hells Crew


Banda:


Gustavo Palito - Guitarra solo, Vocais
Guilherme Patrício - Guitarra base
Rodrigo Barros - Baixo
Guilherme Azzi - Bateria


Ficha Técnica:


Contatos:

Instagram:
Assessoria:

Indicação: fãs de Stoner Metal/Rock, CATHEDRAL, TROUBLE, SOUNDGARDEN, BLS e similares


Texto: “Metal Mark” Garcia


Introdução:

Mais e mais, a existência de bandas dedicadas ao Stoner/Rock Metal e vizinhanças no Brasil se torna evidente. Nomes e mais nomes estão surgindo em vários lugares do país, mesmo nos mais inesperados. Sinal que o gênero está em processo de oxigenação, e que pode explodir comercialmente a qualquer momento.

No Brasil, existem nomes que já são bem conhecidos, como o finado STATIK MAJIK (que tinha uma vibração bem próxima à do Hard Rock clássico), COSMIC ROVER, e se juntando a esta turma, vem o HELLSKITCHEN, de Santa Bárbara D’Oeste (interior de São Paulo)


Análise geral:

Em termos de sonoridade, o quarteto mostra um trabalho que mescla o peso e energia do Metal tradicional com elementos de Stoner Metal/Rock e Grunge (ou seja, aquela aura cheia de energia crua e boas melodias de nomes como MONSTER MAGNET, ALICE IN CHAINS e SOUNDGARDEN). Para muitos pode soar algo que já foi ouvido em algum lugar, mas a banda tem personalidade, e a tendência é que algumas arestas, assim que aparadas, resultem em um nome forte para o cenário.

É melodioso, agressivo e duro, mas sempre agradável, e nem de longe entediante ou repetitivo.


Arranjos/composições:

Esse “mix” de influências musicais da banda resultam em algo melodioso, até mesmo acessível, mas quando resolvem rebuscar um pouco mais o lado Stoner/Grunge, as coisas ficam mais interessantes, pois a dinâmica simples entre os instrumentos e vocais se transforma em algo mais pessoal.

Arranjos não muito rebuscados tecnicamente, passagens marcantes, refrães muito bons, contrastes entre passagens pesadas e momentos introspectivos (como se ouve em “Public Enemy”), solos eficazes, riffs pegajosos, base rítmica sólida... Sim, o grupo faz um trabalho musical muito bom.


HELLSKITCHEN ao vivo
Qualidade sonora:

É um dos aspectos que o grupo pode melhorar.

Não que esteja ruim (longe disso, para ser honesto), mas aquele equilíbrio entre uma sonoridade orgânica e direta com algo limpo não foi 100% atingido, pois a sonoridade está um pouco seca demais. Óbvio que se entende o que o grupo está tocando, mas falta aquele toque de crueza essencial ao que eles fazem.


Arte gráfica/capa:

O desenho da capa é direto, simples e “on your face”, algo que o encaixa bem na proposta sonora do grupo. Óbvio que este recurso dista de ser algo novo, mas sempre rende bons frutos quando usado corretamente (o que é o caso do quarteto).


Destaques musicais:

“We Are the Hells Crew” é um disco que mostra o quanto o grupo pode oferecer. Se ainda precisam acertar alguns detalhes (como a compatibilidade dos vocais com o instrumental), mostram energia e espontaneidade acima da média.

Destacam-se: “Public Enemy” (um típico Heavy Metal tradicional com influências claras tanto do US Metal como da NWOBHM, com equilíbrio entre peso e melodias, bons contrastes de ambientações, e baixo e bateria mostrando boa diversidade rítmica), “Keep Running” (mais refreada, e mostra um peso enorme e gorduroso com inspiração clara em ALICE IN CHAINS nos vocais e backing vocals), a variação de partes introspectivas com momentos mais pesados mostrada em “29112013”, o jeitão Heavy Metal dos anos 80 com uma ambientação Stoner Rock mostrado em “Hellbound” (belo trabalho de guitarras, inclusive nos solos),  o conjunto de melodias pegajosas de “Killing Myself”, a pegada mais suja e bruta de “The Answer” (que refrão mais legal, verdade seja dita), o clima Rock ‘n’ Roll/Hard Rock que permeia “Live and Let Live”, e o Rock ‘n’ Roll sujo á lá MOTORHEAD apresentado em “We Are the Hells Crew”. Estas balançam esqueletos até de defuntos!


Conclusão:

“We Are the Hells Crew” é muito bom como primeiro registro, mas verdade seja dita: o HELLSKITCHEN tem muito a acrescentar.

PS. 1: ainda sobre os vocais: não é uma questão de trocar de vocalista ou algo do tipo, apenas de certas os timbres de voz.

PS. 2: agradecimentos à Heavy Metal Rock Records por nos enviar uma cópia promocional do CD.


Nota: 8,1/10,0


The Only Way



We Are the Hells Crew

LOUDNESS - Rise to Glory: Live in Tokyo


Ano: 2019
Tipo: Duplo CD + DVD ao vivo
Nacional


Tracklist:

CD 1
1. The Lines Are Down
2. Crazy Nights
3. Like Hell
4. Heavy Chains
5. Get Away
6. We Could Be Together
7. Loudness
8. In the Mirror
9. Crazy Doctor

CD 2
1. In the Mirror
2. The Law of Devil’s Land
3. Black Wall
4. Sleepless Night
5. Speed
6. Crazy Doctor
7. Milky Way
8. Ares’ Lament
9. Dream Fantasy
10. Esper

DVD
1. Soul On Fire
2. I’m Still Alive
3. Like Hell
4. Heavy Chains
5. The Sun Will Rise Again
6. Go For Broke
7. Ares’ Lament / Until I See the Light
8. Kama Sutra (Instrumental)
9. Crazy Doctor
10. In the Mirror
11. S.D.I.
12. Loudness (with Masayuki Suzuki)
13. Crazy Nights (with RIOT V)


Banda:


Minoru Niihara - Vocais
Akira Takasaki - Guitarras
Masayoshi Yamashita - Baixo
Masayuki “Ampan” Suzuki - Bateria


Ficha Técnica:

Fumiki Yamamoto - Gravação
Masatoshi Sakimoto - Mixagem
Ryuichi Tanaka - Masterização
Iwata Room - Artwork, Design


Contatos:

Assessoria:
E-mail:

Indicação: fãs de Heavy Metal tradicional, ANTHEM, e bandas clássicas dos anos 80


Texto: “Metal Mark” Garcia


Introdução:

O mercado musical japonês, muitas vezes, parece fechado em si. Só mesmo aqueles fãs mais engajados conseguem novidades musicais de lá que esteja fora de animes e tokusatsus (ou seja, os seriados em forma de filme) exibidos na TV ou na internet. E chega a ser complicado ver que poucas bandas de Metal do país conseguiram ter expressividade fora de lá. EARTHSHAKER, BOW WOW, ANTHEM, SIGN são alguns dos nomes que venceram as fronteiras, mas para o país que, nos anos 80, recebia um grande show de Metal/Rock por dia, é muito pouco, e todas são muito underground.

Mas existem os que conseguem fugir e ter maior reconhecimento, e desses, nenhum nome consegue ter a força e respeito que o LOUDNESS, da cidade de Osaka, tem. Isso porque tocaram em turnês pelos EUA nos anos 80.

São 38 anos de muitas lutas e Hard Rock/Heavy Metal nos ombros, logo, nada melhor que um ao vivo para comemorar, e é isso que “Rise to Glory: Live in Tokyo” nos dá. E que bom que a parceria entre a Shinigami Records e a earMUSIC nos brinda com uma  linda versão brasileira.


Análise geral:

Como já dito, o quarteto tem por raiz fazer um mix inteligente e pesado entre Hard/Glam Metal dos EUA com uma pegada Heavy Metal extremamente pesada, e tudo guiado pelo virtuosismo das seis cordas de Akira Takasaki (e não seria uma blasfêmia dizer que ele é o Eddie Van Halen de seu país), mas sem que Minoru Niihara (vocais), Masayoshi Yamashita (baixo) e Masayuki “Ampan” Suzuki (bateria) sirvam de meros coadjuvantes. Nada disso: cada uma das peças do quarteto funciona perfeitamente e em harmonia com os outros.

Resultado: peso, melodia e tudo de melhor que pode existir no Hard ‘n’ Heavy dos anos 80, só que cheio de energia.

Cabe deixar claro que a energia do grupo ao vivo é algo impressionante, que é de deixar muita banda jovem de queixo caído.


Repertório:

Gravado durante o festival “Metal Weekend”, no Zepp DiverCity, em Tóquio, que compreendeu os dias 21 a 24 de setembro de 2018.

Vale explicitar que o CD 1 (gravado no segundo dia do festival) é baseado no repertório da excursão que a banda fez nos EUA em 1985 (para promover o clássico “Thunder in the East”, de 1985, um de seus discos mais famosos), enquanto o CD 2 (cujas gravações são do terceiro dia) é todo baseado em canções de “The Law of the Devil’s Land” (1983) e “Disillusion” (1984), o que significa uma enxurrada de clássicos do início de carreira do grupo.

Já o DVD, gravado no primeiro dia do evento, possui materiais que vêm tanto do último disco do grupo (o ótimo “Rise to Glory”, de 2018), fora velhos hinos do passado.

E uma coisa legal: os repertórios dos CDs e DVDs são diferentes, logo, é muito legal ver duas versões para “Crazy Nights”, uma com o LOUDNESS sozinho, e outra com eles junto com RIOT V (que também tocou no festival).

Basicamente, o grupo soube escolher bem as canções para este lançamento.



Qualidade sonora/visual:

Em termos de sonoridade, está perfeito.

A captação do áudio ao vivo dos CDs ficou excelente, sem mencionar que a mixagem e masterização deram um brilho à sonoridade captada. Mas tudo feito de forma que a energia e feeling ao vivo do quarteto não fosse danificado. Se existem “overdubs”, são imperceptíveis.

Quanto à qualidade de vídeo, a captação foi feita com 11 câmeras, o que permite “takes” excelentes de cada um dos integrantes, da banda como um todo e mesmo de como o público reagiu ao show.


Arte gráfica/capa:

É linda, simplesmente linda.

Um digipack de três bandejas nos é apresentado em um trabalho de alta qualidade. Tanto o é que a parte interna (onde o encarte é guardado) tem fotos e mais fotos do evento.

E por falar no encarte, é cheio de fotos da apresentação e informações preciosas.

LOUDNESS ao vivo

Destaques musicais:

Basicamente, o LOUDNESS ao vivo tem uma qualidade comum com várias bandas de sua época: funciona muito bem porque evitam exageros em estúdio que não poderiam ser reproduzidos ao vivo. Tudo bem, a voz de Minuro Niihara já não é a mesma dos anos 80, mas como ele nunca foi de usar tons extremamente altos ou exageros, consegue ir muito bem, fazendo ao menos 80% do que fazia.

Aliás, antes de continuar, é preciso dizer que, ao vivo, o grupo é arrasador, tanto musicalmente como em termos de performance no palco.

O CD 1 em si é maravilhoso, perfeito, cheio de clássicos que embalam gerações, em sua maioria vindos de “Thunder in the East”, como a energia pegajosa Hard ‘n’ Heavy de “The Lines Are Down” (baixo e bateria perfeitos, sem mencionar os vocais e a interação com o público), a força e peso de “Crazy Nights” (um dos maiores hinos do quarteto, inclusive com guitarras fantásticas, e durante a esmerilhada do solo, se percebe como o baixo é precioso para o trabalho do grupo) e de “Like Hell”, a esmagadora de ossos “Heavy Chains” (o comecinho lento e climático permite perceber como os vocais tem uma carga diferenciada por conta do sotaque, enquanto nas partes de peso, as seis cordas criam riffs pesados, graças à cadência do ritmo), as mais acessíveis (embora ambas pesadas demais) “Get Away” e “We Could Be Together”, que estão na ordem que vinham no álbum (exceção feita à “The Lines Are Down”). Já “Loudness” é um velho clássico do grupo (reparem na reação da plateia quando ela começa), música que abre “The Birthday Eve” (de 1981), e que tem um jeitão que transita entre o Hard/Glam e o Metal (e reparem em um momento solitário de baixo e bateria, que mostra uma enorme solidez rítmica), enquanto “In the Mirror” (um senhor Hard Rock) vem de “The Law of Devil’s Land~魔界典章”, e “Crazy Doctor” (outro Hard pesado e técnico, com riffs de guitarra insanos, bem como mostra momentos de interação entre Minoru e o público) vem de “Disillusion~撃剣霊化” mostra momentos de interação entre Minoru e o público, outra canção que mostra o quanto o quarteto estava de olho no mercado norte-americano da época (embora de um jeito mais pesado que o Hard/Glam daqueles dias).

No CD 2, com material anterior à maior exposição da banda com “Thunder in the East”, a energia continua intensa e em níveis estratosféricos, com peso fluindo em hinos como “In the Mirror” (sim, ela de novo), enquanto o peso vai ficando maior em “The Law of Devil’s Land” e “Black Wall” (esta com uma longa introdução baseada em teclados e efeitos). Mesmo soando cheia de energia e peso, “Sleepless Night” tem um andamento pegajoso (e muita vibração ocorre, pois ocorrem interações entre Minoru e a plateia em vários momentos). Em “Speed”, como o título diz, é uma música rápida e instigante, com um trabalho e tanto de Masayoshi e “Ampan” na base rítmica (segurança e peso aos borbotões), e a energia continua absurda em “Crazy Doctor”. E dando continuidade à exibição de gala de baixo e bateria, vem “Milky Way” (outra faixa que leva os fãs à loucura). Mostrando um lado mais sensível (e mesmo melancólico), vem “Ares’ Lament”, onde Akira se mostra extremamente versátil. “Dream Fantasy” mais uma vez leva à banda por caminhos acessíveis, e que refrão marcante, enquanto a saideira “Esper” é um galope intenso, cheio de energia e agressividade.

No DVD, como já explicado, mostra uma coleção de canções que abrange até o mais recente disco de estúdio, “Rise to Glory”, e são a ótima “Soul on Fire” (um Hard ‘n’ Heavy furioso, com ótimo trabalho dos vocais), a moderna “I’m Still Alive” (baixo e bateria mostrando partes que parecem influenciadas pelo Heavy Metal moderno), “Go For Broke” e seu jeito LOUDNESS tradicional de ser (que riffs!), e “Until I See the Light” (que está em um “medley” com “Ares’ Lament”). Mas óbvio que os fãs não poderiam ficar sem as clássicas “Like Hell”, “Heavy Chains”, “The Sun Will Rise Again”, “Crazy Doctor”, “In the Mirror”, “S.D.I.” (de “Hurricane Eyes”), “The Sun Will Rise Again” (que vem de do disco de mesmo nome, lançado em 2014), “Loudness” (uma canção que parecer ser impossível retirar do setlist da banda), e “Crazy Nights” (esta é impossível de sair do repertório), sendo que o pessoal do RIOT V sobre com eles ao palco, em uma versão magistral para este eterno clássico.

Sim, este CD é obrigatório para qualquer fã que se preze!


Conclusão:

Pode-se dizer que “Rise to Glory: Live in Tokyo” mostra que o grupo ainda tem muita lenha para queimar. Os anos parecem não passar para eles.

Adquiram, e aproveitem!

Aos Samurais do Metal, resta dizer Domo Arigato Gosai Masu, e BANZAI LOUDNESS!!


Nota: 10,0/10,0


Soul On Fire

quinta-feira, 5 de dezembro de 2019

NAILED TO OBSCURITY - Black Frost


Ano: 2019
Tipo: Full Length
Nacional


Tracklist:

1. Black Frost
2. Tears of the Eyeless
3. The Aberrant Host
4. Feardom
5. Cipher
6. Resonance
7. Road to Perdition
8. Abyss (2019 version) (bônus)
9. Autumn Memories (2019 version) (bônus)
10. Fallen Leaves (2019 version) (bônus)


Banda:


Raimund Ennenga - Vocais
Jan-Ole Lamberti - Guitarras
Volker Dieken - Guitarras
Carsten Schorn - Baixo
Jann Hillrichs - Bateria


Ficha Técnica:

V. Santura - Produção, Engenharia de Som, Mixagem, Masterização
Santiago Caruso - Artwork


Contatos:

Assessoria:
E-mail:

Indicação: fãs de PARADISE LOST (antigo), ANATHEMA (antigo), TIAMAT (antigo), e Doom Death Metal em geral


Texto: “Metal Mark” Garcia


Introdução:

Em termos históricos, o BLACK SABBATH lançou as sementes do que viria a ser o Doom Metal com seus 3 primeiros álbuns, e bandas como WITCHFINDER GENERAL, SAINT VITUS, TROUBLE, THE OBSESSED e outros deram continuidade ao azedume original; o CANDLEMASS levou o gênero a outro patamar ao usar vocais líricos e uma sonoridade mais limpa, sem perder o peso característico; no início dos anos 90, PARADISE LOST e MY DYING BRIDE deram origem ao Doom Death Metal, fundindo os andamentos lentos do Doom Metal com a brutalidade do Death Metal, e os experimentalismos deste e de outros iriam definir elementos que hoje são a espinha dorsal de bandas mais extremas em termos de Doom Metal.

Desta forma, vê-se que o quinteto alemão NAILED TO OBSCURITY é depositário de uma tradição de quase 50 anos de música em seus ombros. Mas “Black Frost”, seu quarto e mais recente disco (que saiu no Brasil pela Shinigami Records/Nuclear Blast Brasil) mostra que são capazes de criar algo diferenciado.


Análise geral:

Pode-se aferir que o quarteto faz o que podemos chamar de Doom Death Metal melódico, ou seja, o peso e azedume do Doom Metal, a brutalidade opressiva do Death Metal e melodias soturnas que experimentalismos dentro do gênero acabaram permitindo.

A diferença: apesar da opressão, existe algo de elegante e quase de gótico em certos momentos (como ouvido em “The Aberrant Host”), e a banda mostra personalidade ao criar seu próprio jeito de fazer música em um estilo já bem desgastado.

Simplificando: é bom demais!


Arranjos/composições:

Um dos pontos mais fortes do grupo: sua capacidade de arranjar as canções de forma diferenciada.

Como dito, Doom Death Metal já não é algo de novo, então, trilhar este gênero é algo que necessita não só de “gostar de fazer”, mas de ter talento para tanto. E o grupo é capaz de criar uma boa dinâmica entre ritmos, e além de saber usar bem os contrastes de partes suaves com momentos intensos. E isso em uma banda que faz algo mais tradicional em termos de instrumentos, pois todas as ambientações são criadas pelas guitarras, e não por teclados.


NAILED TO OBSCURITY ao vivo
Qualidade sonora:

V. Santura (guitarrista do TRIPTYKON e DARK FORTRESS) é quem produziu, fez a engenharia sonora, mixou e masterizou “Black Frost”, conferindo à banda uma sonoridade que é clara e densa nos momentos mais limpos, mas brutal e azeda nas partes extremas. Além disso, a escolha dos timbres dos instrumentos foi de uma sabedoria incrível, justamente para que tudo possa soar claro, mas bruto.

Sim, é um trabalho muito bem feito, e que encaixa como uma luva na proposta musical do disco.


Arte gráfica/capa:

O artista argentino é o responsável pela arte de “Black Frost”, criando algo que aparenta ser simples e bem orgânico, mas que ao mesmo tempo, transpira a forte aura melancólica que exala das músicas do grupo.


Destaques musicais:

Para aqueles que gostam de Doom Death Metal, “Black Frost” é um disco indispensável, que realmente é rico em termos de ambientações melancólicas aliadas à brutalidade do gênero.

Melhores momentos: a brutal e opressiva “Black Frost” (com seus andamentos lentos e soturnos, tudo mostrando um trabalho firme e bem entrosado de baixo e bateria); os contrastes de partes agressivas e momentos melancólicos e limpos de “Tears of the Eyeless”; as mudanças entre algo gótico e Death Metal mostradas em “The Aberrant Host” (onde se percebe a versatilidade dos vocais, e ao mesmo tempo, se percebe algo que o TIAMAT mostrava em “Wildhoney”); o peso cadenciado e agressivo de “Feardom” e “Cipher” (nesta última, mais uma vez a banda exibe uma enorme riqueza de contrastes, e que trabalho ótimo de guitarras), o típico ‘approach’ Doom Death Metal alemão (ou seja, pesado, agressivo, mas melancólico e soturno ao mesmo tempo) de “Resonance” e “Road to Perdition”. Ou seja, todas as 7 faixas do disco em si são ótimas.

Mas nem se atrevam a deixar de lado as novas versões do grupo para “Abyss”, “Autumn Memories” e “Fallen Leaves”, todas do primeiro disco do grupo (“Abyss”, de 2007), agora com a formação atual, ganhando assim mais peso, impacto e mesmo agressividade.

Não dá para ouvir uma só, e nem uma única vez!


Conclusão:

O tempo em geral separa os discos “mais um” dos clássicos, algo que nenhum escritor pode aferir com exatidão (na realidade, a tendência é errar feio), mas “Black Frost” vem para estabelecer o NAILED TO OBSCURITY como um gigante do gênero.


Nota: 9,0/10,0


Black Frost



Tears of the Eyeless

NORTHTALE - Welcome to Paradise


Ano: 2019
Tipo: Full Length
Nacional


Tracklist:

1. Welcome to Paradise
2. Higher
3. Follow Me
4. The Rhythm of Life
5. Time to Rise
6. Way of the Light (bonus)
7. Shape Your Reality
8. Everyone’s a Star
9. Siren’s Fall
10. Bring Down the Mountain
11. Playing With Fire
12. If Angels Are Real
13. Even When


Banda:


Christian Eriksson - Vocais
Bill Hudson - Guitarras
Mikael Planefeldt - Baixo
Jimmy Pitts - Teclados
Patrick Johansson - Bateria


Ficha Técnica:

NorthTale - Produção
Jonas Kjellgren - Mixagem, Masterização
Felipe Machado Franco - Artwork


Contatos:

Site Oficial:
Assessoria:

Indicação: fãs de HELLOWEEN, STRATOVARIUS, GAMMA RAY e Power Metal em geral


Texto: “Metal Mark” Garcia


Introdução:

Ao pensar em Power Metal e suas vertentes, é comum vir à mente países como Alemanha, Itália, Finlândia e Suécia (apesar do Brasil ser um celeiro e tanto para bandas do gênero). Mas o que poucos sabem é que o rótulo surgiu primeiramente nos Estados Unidos no início dos anos 80, denotando uma resposta (no sentido de ser uma consequência, e não uma competição) a NWOBHM. O rótulo foi usado por um número enorme de grupos (mesmo METALLICA e SLAYER foram chamados de bandas de Power Metal antes da canonização do Thrash Metal em 1986), mas muitas já mostravam a pré-disposição para algo que fundisse a velocidade do nascente Thrash Metal com a técnica refinada do JUDAS PRIEST e IRON MAIDEN, algo que o HELLOWEEN sedimenta nas duas partes de “The Keeper of the Seven Keys”.

Isso significa que o Power Metal (seja como ele for feito) é um estilo universal, que abarca todas as nacionalidades possíveis. Por isso, não chega a ser espantoso ver uma banda como o NORTHTALE, que reúne músicos da Suécia, Estados Unidos e Brasil, e que acaba de lançar seu primeiro álbum, “Welcome to Paradise”. E a Shinigami Records junto com a Nuclear Blast Brasil nos concedem uma versão nacional essa joia.


Análise geral:

De cara, percebe-se que é um Power Metal influenciado por nomes como HELLOWEEN, GAMMA RAY, BLIND GUARDIAN e outros desse quilate. Mas como dito, o grupo é um esforço de músicos de 3 países diferentes, e com experiência de sobra em suas carreiras (passagens por nomes como YNGWIE J. MALMSTEEN, W.A.S.P., STORMWIND, CIRCLE II CIRCLE, DORO, U. D. O., NIGHTRAGE, VITAL REMAINS, SAVATAGE, TWILIGHT FORCE, SABATON estão nos currículos dos membros da banda), começam-se a surgir nuances de Glam/Hard Rock e mesmo Heavy Metal tradicional no trabalho do grupo.

Sente-se essa fluência de estilos na pegada pesada e agressiva de certas partes (como se ouve em alguns riffs de “Follow Me”), nos momentos em que as canções soam mais acessíveis. Basicamente, o quinteto tece uma colcha de influências sobre o alinhavo do Power Metal clássico.

Se é bom? Pra mais de metro!!!!


Arranjos/composições:

Baseada na experiência de cada integrante e no que pode contribuir em termos musicais, a diversidade subjetiva das canções de “Welcome to Paradise” é notada. Por isso os arranjos e detalhes são, muitas vezes, fora do comum (como a própria faixa-título mostra em algumas partes).

A técnica instrumental da banda é muito boa, mas cede espaço à criação de melodias pegajosas, refrães de fácil assimilação, e peso na dose mais correta.


NORTHTALE ao vivo
Qualidade sonora:

Nesse aspecto, é algo bem clássico: limpo de uma maneira que até os mínimos detalhes das canções podem ser entendidos. Mas é bom não levarem isso ao pé da letra, pois existem partes em que não existem guitarras base sob os solos (“Follow Me” tem essa característica, onde baixo e teclados entram no lugar de riffs), o que denota uma preocupação em soar o mais próximo do ao vivo possível. Um trabalho muito bom da banda e de Jonas Kjellgren (que fez a mixagem e masterização do disco).

Ficou de alto nível, verdade seja dita.


Arte gráfica/capa:

A belíssima arte é do artista colombiano Felipe Machado Franco (vocalista do THUNDERBLAST), que fez algo no sentido mais clássico em termos de arte gráfica para bandas de Power Metal, e o uso de tons de preto, branco e azul ficou excelente.


Destaques musicais:

Mesmo longe de inovar em termos de Power Metal (em que pese os elementos musicais mais subjetivos já citados), “Welcome to Paradise” é pegajoso de uma forma maravilhosa, ou seja, é ouvir e gostar.

A “bicuda na porta” chamada “Welcome to Paradise” abre o disco, com um refrão marcante, e embora as guitarras puxem para o Power Metal, baixo e bateria dão uma pegada pesada à lá Heavy Metal tradicional; uma introdução mais sinfônica dos teclados é o ponto de partida para “Follow Me”, uma canção rica em termos de guitarras (bases, solos e arranjos fantásticos); os toques de dramaticidade presentes na pesada “The Rhythm of Life” são marcantes (graças às mudanças de timbres dos vocais); a veloz e pegajosa “Shape Your Reality” (reparem algumas conduções de baixo e bateria, e vejam a vibração do Metal tradicional); os toques de US Metal/Hard Glam norte americano que permeiam o peso cavalar de “Everyone’s a Star” (outro refrão pegajoso de lascar); o peso-pesado e ambientação densa de “Bring Down the Mountain” (algo não convencional para o estilo, embora os teclados criem partes que remetam ao gênero e o refrão seja algo típico do gênero); e o jeito de Power Metal nórdico (ou seja, praticado na Suécia, Noruega e Finlândia) de “If Angels Are Real”. Estas podem ser vistas como as melhores para que o ouvinte seja introduzido ao trabalho do quinteto.

Depois, vira vício!


Conclusão:

Pode-se dizer que, apesar de novato, o NORTHTALE mostra imenso potencial. E que “Welcome to Paradise” possua vários sucessores, pois merece!


Nota: 9,1/10,0


Higher



Shape Your Reality



Everyone’s a Star