terça-feira, 30 de julho de 2019

THE CROSS - Still Falling


Ano: 2019
Tipo: Full Length
Selo: The Metalvox Recs & Distro, Violent Records, Black Order Productions, Totem Records, Eclipsys Lunarys Productions
Nacional


Tracklist:

1. The Witch’s Last Conjuration
2. Flames of Deceit
3. The Fall   
4. Scars of an Illusion
5. Flames of Deceit (1993 demo version)
6. The Fall (1993 demo version)
7. Scars of an Illusion (1993 demo version)
8. Unto the Deep


Banda:


Eduardo Slayer - Vocais
Paulo Monteiro - Guitarras
Mario Baqueiro - Baixo
Louis - Bateria


Ficha Técnica:

Louis - Produção, Mixagem, Masterização
Mario Baqueiro - Artwork
Maria Tarrafa - Artwork
Camila Carvalho (EMINENT SCORN) - Vocais em 1
Lord Vlad (MALEFACTOR) - Vocais em 2
Sérgio “Ballof” Borges (HEADHUNTER D.C.) - Vocais em 3
Alex Habigzang (DYING SUFFOCATION) - Vocais em 3
Zé Felipe - Vocais em 8


Contatos:

Site Oficial:
Instagram:
Assessoria: https://sanguefrioproducoes.com/artistas/THE+CROSS/69(Sangue Frio Produções)

Texto: “Metal Mark” Garcia


Introdução:

O cenário Doom Metal do Brasil é bem amplo, com cada uma das subvertentes do gênero possuindo um representante no país. Aliás, que se diga de passagem que nomes como SERPENT RISE, PENTACROSTIC, SILENT CRY e outros deram contribuições ótimas ao cenário. Mas poucos sabem que o grupo baiano THE CROSS (de Salvador) é o pioneiro do gênero no país. Vindo ao mundo em 1990, a sua Demo Tape “The Fall” (de 1993) é um clássico do gênero, e em homenagem aos 25 anos de seu lançamento (completados ano passado), eis que eles trazem esse EP, “Still Falling”.


Análise geral:

A ideia inicial era ser uma banda com claras influências de BLACK SABBATH, TROUBLE e CANDLEMASS, mas o grupo exibe ainda influências de Metal extremo, logo, acabam tendo momentos de Doom Death Metal e mesmo alguns elementos de Black Metal aqui e ali.

Óbvio que os anos amadureceram o grupo (hoje um quarteto), e temos aqui uma banda que sabem fazer uma música soturna, densa e de qualidade, sem complicar com técnica instrumental elaborada. Nada disso, aqui tudo soa compacto e forte, com o forte sendo as ambientações fúnebres.


Arranjos/composições:

O trabalho do grupo se baseia em um formato tradicional de Doom Metal (ou seja, ambientação fúnebre com instrumentos clássicos, sem adendos como teclados, violinos ou outros), logo, sua musicalidade não é complexa (embora seja bem arranjada). Além disso, o uso de vocais em timbres urrados/rasgados contrastando com vozes em tons de lamento é muito boa.

Em termos de variações rítmicas, a banda apresenta ótimas passagens, mas raramente ousando sair dos tempos lentos do gênero. Mas mesmo assim, a fluidez de suas canções é incrível, em algo em gruda nos ouvidos.


Qualidade sonora:

No EP, existem basicamente três partes: as regravações das 3 canções de “The Fall”, as próprias originais (vindas da Demo de 1993), e uma nova.

As regravações são bem feitas, procurando aliar a crueza do Doom Metal com algo bem feito, e o resultado é ótimo, com tudo claro, pesado e com sua devida dose de clareza.

As originais, obviamente, têm aquela sujeira dos anos 90 em termos de Metal nacional. Mas além de servirem como testemunho de uma época de ouro, a qualidade não é tão ruim assim. É cru, mas se consegue compreender o que está sendo tocado.

E “Unto the Deep”, a faixa inédita, apresenta uma sonoridade moderna e clara, mas mantendo o peso e agressividade naturais do trabalho do grupo, com tudo compreensível aos ouvidos.


Arte gráfica/capa:

A arte ficou bem simples, com uma imagem de fundo apresentando algo que remete ao título do disco. Mas a diagramação simples das letras no encarte ficou ótima, além de fotos da banda, todas do passado, serem apresentadas.

Algo simples, direto, mas funcional.


Destaques musicais:

É difícil não se apaixonar pela música do grupo...

“The Witch’s Last Conjuration” é uma introdução sinistra com vocais femininos, que vai preparando o ouvinte para a longa e ótima “Flames of Deceit”, um funeral lento e soturno, com uma ambientação opressora criada pelas guitarras, e onde os vocais mostram sua versatilidade. Também longa e climática é “The Fall”, onde baixo e bateria guiam os andamentos com muito peso, e as ambientações das guitarras são absurdamente sinistras. E triturando de vez o que ainda houver sobrado dos ossos alheios, vem a pulverizadora “Scars of an Illusion”, que dá sequência ao jeito “Doom Metal raiz” de ser do grupo, mostrando mudanças de andamento muito boas.

Em seguida, vem as versões de 1993 (ou seja, as originais da Demo Tape “The Fall”) para “Flames of Deceit”, “The Fall”, e “Scars of an Illusion”, todas mostrando que os anos permitiram ao THE CROSS criar alguns arranjos novos, presentes nas novas versões. Mas, ao mesmo tempo, permite que ouvinte note a consensualidade entre o passado e o presente do grupo, que a personalidade musical dos anos 90 e dos tempos atuais continua intacta.

“Unto the Deep”, canção que encerra o EP, já mostra uma maior diversidade de texturas musicais, mais camadas melódicas, e mesmo certa elegância bem requintada, algo que a banda acumulou no amadurecimento, mas sem que se perca sua essência. E mostra o que se pode esperar do grupo para o futuro.


Conclusão:

No Brasil, ser pioneiro em um estilo tão comercialmente inviável (verdade seja dita: devido ao ranço extremo do cenário no país, poucos fãs de Metal possuem a devida abertura para absorver um estilo tão azedo e com andamentos tão lentos) é um ato de coragem. E o THE CROSS merece palmas por, mesmo depois de tantos anos e provações no underground, continuarem em sua luta.

E “Still Falling” é um ótimo aperitivo, deixando os fãs ansiosos por algo novo da banda.


Nota: 9,0/10,0


Youtube Playlist

Nenhum comentário:

Postar um comentário