sexta-feira, 8 de setembro de 2017

WATAIN - Casus Luciferi (Álbum)


2003 (relançamento 2017)
Nacional

Nota: 9,2/10,0

Tracklist:

1. Devil’s Blood
2. Black Salvation
3. Opus Dei (The Morbid Angel)
4. Puzzles ov Flesh
5. I Am the Earth
6. The Golden Horns of Darash
7. From the Pulpits of Abomination
8. Casus Luciferi


Banda:


E. - Baixo, vocais
C. - Guitarras
H. - Bateria


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Texto: Marcos “Big Daddy” Garcia


Um dos maiores pecados na visão distorcida de muitos fãs de Metal é a evolução que uma banda sofre durante sua carreira. Ninguém consegue fazer discos seguidos que se tornarão referências em qualquer vertente sendo repetitivo. E pelo visto, os suecos do WATAINentenderam esta regra de ouro desde muito cedo. Se em “Rabid Death’s Curse” o grupo se mostrava promissor e cheio de potencial, “Casus Luciferi”, seu segundo álbum, mostra que eles eram uma banda que merecia a atenção de todos.

Lançado no por aqui recentemente pela divisão brasileira da Drakkar Production, o segundo álbum dos suecos é uma mostra de como eles conseguem ser versáteis sem abrir mão de seu estilo característico.

Ainda fazendo um Black Metal cru e agressivo até os ossos, em “Casus Luciferi” se percebe que o WATAIN começa permitir-se o uso de um refinamento musical em termos de arranjos, bem como expandiram mais sua musicalidade com melodias ainda mais bem definidas e encorpadas (algo que ficará ainda mais evidente nos futuros álbuns do grupo), com estruturas harmônicas mais bem acabadas. É Black Metal na mais pura essência do gênero, ainda com aquele jeitão da escola sueca do gênero, apenas mais bem estruturado e um pouco menos cru.

Produzindo, mixando, masterizando e cuidado da engenharia sonora de “Casus Lucifieri” está Necromorbid, que é ninguém menos que o mesmo Tore Stjerna com quem eles trabalharam em “Rabid’s Death Curse”. E parece que a experiência mútua de ambos os lados contribui muito para que o disco soe mais limpo e consensual, sem, no entanto, perder sua sonoridade Black Metal. Ainda há crueza e sujeira, mas com maior definição sonora e timbres instrumentais mais bem escolhidos e claros.

Ketoladog é o mesmo Davthvs com quem o grupo trabalhou para a arte de “Rabid Death’s Curse”. Desta vez, ele fez uma capa muito boa e simples, mas o encarte em forma de livreto lhe permitiu usar gravuras diferentes aliadas às letras. E mais uma vez, ficou ótimo.

O que separa o que se ouve em “Casus Luciferi” do que o WATAINfez em “Rabid Death’s Curse” é o amadurecimento, a capacidade o grupo de explorar seu próprio universo musical e criar arranjos mais bem acabados, uma preocupação estética que substituiu a ingenuidade inicial. E não é à toa que o grupo só cresceu depois desse disco em termos de exposição.

Este disco é mais homogêneo e com uma abordagem mais refinada, o que nos permite dizer que suas oito músicas são excelentes. Mas a porradaria extrema e com boa diversidade rítmica de “Devil’s Blood”, o peso cavalar e azedume infernal de “Black Salvation” (que belo trabalho de baixo e bateria nesses ritmos tão variados), o cortejo fúnebre atmosférico e soturno de “Opus Dei (The Morbid Angel)”e seu trabalho fantástico de vocais, o inferno de peso e de riffs avassaladores de “I Am the Earth” (onde certo retoque de técnica musical surgem nas guitarras nessa pegada mais cadenciada), a extrema e brutal “From the Pulpits of Abomination”, e a abrasiva e mais simples “Casus Luciferi” (que tem uma pegada mais próxima ao material do disco anterior, mas destilada ao longo de oito minutos de pura obscuridade mórbida nos vocais).

Tal qual o lançamento de seu antecessor, “Casus Luciferi” também tem tiragem limitada, logo, é bom irem à luta por suas cópias!

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