terça-feira, 1 de outubro de 2019

ROTTING CHRIST - Theogonia (RELANÇAMENTO)


Ano: 2007 (Original) / 2019 (Relançamento)
Tipo: Full Length
Nacional


Tracklist:

1. ΧΑΟΣ ΓΕΝΕΤΟ (The Sign of Prime Creation)
2. Keravnos Kivernitos
3. Nemecic
4. Enuma Elish
5. Phobos’ Synagogue
6. Gaia Tellus
7. Rege Diabolicus
8. He, the Aethyr
9. Helios Hyperion
10. Threnody


Banda:


Sakis Tolis - Vocais, Guitarras, Teclados
Themis Tolis - Bateria
Andreas Lagios - Baixo


Ficha Técnica:

Sakis Tolis - Produção, Mixagem, Masterização
Aris Christou - Engenharia de Som, Mixagem
Magia - Vocais em “Nemecic”
Giorgos Bokos - Guitarra solo em “Helios Hyperion”
Christos Antoniou - Arranjos de corais
Douglas Silva - Artwork


Contatos:

Assessoria:

Texto: “Metal Mark” Garcia


Introdução:

Falar do ROTTING CHRIST, mesmo em perspectiva, é falar de uma história cheia de transições musicais e mudanças, pois a rigor, cada disco do grupo apresenta algo diferente do anterior. Mas sempre de autenticidade e fidelidade às raízes.

Desde sua fundação em 1984 (quando ainda se chamava BLACK CHURCH) até o ano de 2007, a banda teve uma fase inicial mais crua e soturna (que compreende obras como “Thy Mighty Contract” de 1993 e “Non Serviam” de 1994), passando pelo refinamento musical e de qualidade sonora (na fase que compreende “Triarchy of the Lost Lovers” de 1996, “A Dead Poem” de 1997), a modernização a algo que fosse melódico, soturno e com leves toques de Doom/Gótico (“Sleep of the Angels” de 1999), e a tentativa de voltar a soar mais brutal e seco do passado, sem esquecer o refinamento melódico (que se ouve em “Khronos”de 2000, “Genesis” de 2002, e “Sanctus Diavolos” de 2004). Logo, o que poderia acontecer depois disso tudo?

A resposta veio em 2007, após 3 anos de sumiço: o quarteto ressurge do silêncio em uma nova gravadora, com uma nova formação, e finalmente, um novo disco, “Theogonia”. E que a Cold Art Industry Records acaba de relançar em uma versão luxuosa no Brasil.


Análise geral:

Com todas essas transições, o que “Theogonia” tem para mostrar, afinal de contas?

Basicamente, é o início de uma fase onde o grupo mostra uma faceta mais épica, grandiosa, com certa influência étnica mediterrânea (como se percebe na maior presença da língua grega em suas letras em relação, e mesmo no uso de latim em alguns momentos), mas mantendo seu som característico e já lapidado pela experiência. Aliás, nada disso chega a ser absurdo, pois este é um disco conceitual. Sim, “Theogonia”(que significa “A Genealogia ou Nascimento dos Deuses”) é baseado no poema de mesmo nome, e é uma obra de Hesíodo (poeta grego que viveu entre os séculos 8 e 7 Antes de Cristo, tendo sido contemporâneo de Homero).

Hesíodo
Mas cuidado: apesar de soar claro e bem definido, existem canções aqui que poderiam estar em qualquer disco anterior da banda, e por isso, “Theogonia” é consensual com o passado, mas já mostra sinais do que viria mais adiante.

Mais uma característica interessante que é quase que subjetiva aos sentidos: “Theogonia” é o disco do grupo que mais soa espontâneo. É quase como se a pausa de três anos tivesse revigorado as idéias.


Arranjos/composições:

Eis onde “Theogonia”faz a diferença.

Aparentemente, os 3 anos sem novos trabalhos parecem ter recarregado as baterias da banda, e assim, se percebe que há um esmero, uma riqueza de arranjos musical ainda maior que no passado, sem contar que o talento em termos de mudanças de ritmo e a adição de corais e elementos étnicos ajudou demais a música da banda. Mas como dito acima, eles não perderam o tino de fazer algo mais fúnebre e atmosférico.

Um dos pontos mais fortes: a orientação quase que total das melodias para as guitarras, deixando os teclados bem mais na parte de ambientação. Isso permitiu que o grupo (nessa encarnação como um quarteto) pudesse reproduzir mais facilmente o que fizeram em estúdio.


Qualidade sonora:

O ponto que a banda mostrou que estava disposta a mudanças radicais, ousaram e ganharam o jogo.

Sakis fez a produção, mixagem (onde Aris Christouajudou) masterização de uma forma não usual ao Black Metal. No fundo, pode se notar muita influência de Classic Rock/Hard Rock na sonoridade, o que dá a “Theogonia” uma ambientação clássica, mas com os timbres dos instrumentos (especialmente das guitarras) bem limpos e agressivos. Basicamente, soa orgânico, mas poderoso, pesado e sinistro.

Aliás, é um dos pontos mais inovadores, já que fizeram algo à moda deles, e não seguindo padrões.

Bem, pioneiros como são, não é de se espantar.


Arte gráfica/capa:

É uma lindeza.


Neste relançamento, a Cold Art Industry Records caprichou demais.

Primeiro de tudo, a arte é totalmente nova, bem mais bonita que a original. E tudo em um Digipack lindo e bem feito, e todo em um papel especial muito resistente (em especial para os cupins de encartes da vida), um lindo pôster e um slipcase caprichadíssimo.

Ainda existe uma versão deluxe com caixinha de madeira, adesivo e palheta da banda.

Versão deluxe

Destaques musicais:

É até desnecessário dizer que “Theogonia” é mais uma obra-prima do grupo. Agora, para quem estava acostumado com o que eles fizeram até este disco, leva um tempo para se acostumar por causa da sonoridade.

De cara, duas pedradas lindas: “ΧΑΟΣ ΓΕΝΕΤΟ (The Sign of Prime Creation)” (veloz e climatic, é uma faixa até simples em termos de arranjos) e “Keravnos Kivernitos” (cheia de guitarras dobradas e riffs memoráveis, refrão marcante e boas mudanças de andamentos, e cujo título em grego fica “ΚΕΡΑΥΝΌΣ ΚΥΒΕΡΝΗΤΟΣ” e significa “senhor do relâmpago”, uma alusão a Zeus). Depois, diferente da ordem original, vem a clássica “Nemecic”, introduzida por teclados, com vocais em corais muito bons, andamento mais cadenciado que permite que as melodias sejam bem claras aos ouvidos, e que trabalho de primeira de baixo e bateria (fora alguns teclados fazendo efeitos étnicos interessantes). “Enuma Elish” é outra canção veloz e marcante, com corais muito bem sacados, enquanto “Phobos’ Synagogue”é um pouco mais lenta, mas com um impacto pesado de primeira, deixando aquele feeling à lá “Non Serviam” bem claro aos ouvidos (embora atualizado). E “Gaia Tellus” segue a tendência de soar mais cadenciada e climática, sem ser veloz e com vocais vorazes. A curta “Rege Diabolicus” nem chega aos 3 minutos, logo, fica claro que o enfoque é na rapidez agressiva e bem arranjada do grupo (reparem bem nas guitarras), fora a força “rhythmic piledriving” de baixo e bateria. Mais uma torrente de energia intensa temperada com arranjos instrumentais excelentes é mostrada em “He, the Aethyr”, que tem momentos bem atmosféricos que lembram o passado mais sujo da banda, e que solo de guitarra mais bem encaixado (logo, não é à toa que ficou anos no setlist de shows). Carregada em termos de melodias soturnas, mas com uma pegada mais veloz e vocais com efeitos, vem “Helios Hyperion”, mas com aquela vibe “Greek Black Metal” com arranjos que vão direto ao coração. E fechando, “Threnody” começa com um jeito mais Epic Black Metal, com um andamento não muito veloz, focado em algo que transita entre o tétrico e o melancólico.


Conclusão:

O que se pode aferir: na época, “Theogonia” representava o renascimento do ROTTING CHRIST em uma nova encarnação, que é consensual com o passado, e revigorada para o futuro.

No mais, são apenas 300 cópias, logo, corram atrás das suas, antes que fiquem chupando o dedo!


Nota: 10,0/10,0


Keravnos Kivernitos



Enuma Elish



Threnody

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