terça-feira, 9 de julho de 2019

AVATARIUM - Girl With the Raven Mask


Ano: 2015 (original) / 2019 (nacional)
Tipo: Full Length
Nacional


Tracklist:

1. Girl with the Raven Mask
2. The January Sea
3. Pearls and Coffins
4. Hypnotized
5. Ghostlight
6. Run Killer Run
7. Iron Mule
8. The Master Thief


Banda:


Jennie-Ann Smith - Vocais
Marcus Jidell - Guitarras, backing vocals
Carl Westholm - Teclados, Teremim, Piano (Grand, Rhodes), Mellotron, órgão de rua, moog
Leif Edling - Baixo
Lars Sköld - Bateria


Ficha Técnica:

Marcus Jidell - Produção, Engenharia de Som
David Castillo - Engenharia de Som, Mixagem
Jens Bogren - Masterização
Tim Wezel - Artwork
Anders Iwers - Baixo nas faixas 4, 5, 8
Michael Blair - Percussão nas faixas 1, 3, 4, 5, 8
Mats Valentin - Percussão na faixa 6, Chocalho na faixa 1
Max Lachmann - Samples na faixa 2


Contatos:

Assessoria:

Texto: “Metal Mark” Garcia


Introdução:

É fato consumado que músicos com certo renome e bagagem, vez por outra, costumam iniciar novos projetos, e como já é amplamente sabido, vem da necessidade de se expressarem de outra maneira. Mas para muitos músicos, é difícil se desfazer de sua individualidade, e assim, dos elementos musicais que carrega consigo.

Esse é o caso do baixista Leif Edling, lendário baixista e líder do CANDLEMASS, pois é difícil não perceber no trabalho do AVATARIUM(banda que fundou em conjunto com o guitarrista Marcus Jidell (ex-EVERGREY, e com quem Leif também toca no THE DOOSMDAY KINGDOM) os elementos dos anos 70 e 80 que lhe são bem comuns. Mas não se assustem, pois no ótimo “Girl With the Raven Mask”, segundo disco da banda, pulsa uma identidade toda própria. E a Shinigami Records e a Nuclear Blast Brasil botaram o disco nas lojas por aqui.


Análise geral:

Basicamente, só o fato de Jennie-Ann Smith nos vocais e Carl Westholm nos teclados (e outros instrumentos do tipo) já fariam a diferença. No fundo o AVATARIUM tem o peso e a energia que se espera de algo onde Leif esteja, mas a estética onde as melodias beiram algo mais “noir”, mais voltado ao Rock psicodélico e cheio de nuances bluesy dos anos 70.

Basicamente, se alguém busca algo do CANDLEMASS, do THE DOOMSDAY CEREMONY ou mesmo do EVERGREY, é bom ir tirando isso da cabeça. O AVATARIUM tem uma aura musical pessoal, e um jeito de fazer música que realmente é belíssimo.


Arranjos/composições:

A diversidade mais suingada (ou seja, nada tão rígido como o Doom Metal clássico) das músicas de “Girl With the Raven Mask”, e mesmo sua riqueza musical, nascem de arranjos musicais espontâneos, e muitas vezes, de contrastes estilo “luz e sombra” (como se ouve em “Hypnotized”). Outro ponto forte: apesar dos riffs pesados de guitarra, muito do enfoque instrumental está focado nas ótimas partes de instrumentos de tecla, gerando uma ambientação psicodélica agradável.

Além disso, os vocais melodiosos dão uma profundidade carregada de “feeling”. Mas não falar que os arranjos de baixo e bateria está justinhos, e as guitarras fazem bonito seria injustiça (riffs bem construídos, solos melodiosos sem exageros). E tudo coeso e sólido como uma muralha.


Qualidade sonora:

Marcus Jidell chamou para si a responsabilidade de produzir o disco, tendo como parceiros David Castillo (mixagem) e Jens Bogren(masterização). Tudo para criar um “blend” bem feito do passado com o presente em termos de sonoridade, ou seja: tudo soa limpo e pesado como as qualidade de som atuais pedem, mas com um toque orgânico essencial.

Ou seja, é bem gravado e bem feito, mas com certa crueza sonora permeando o produto final.


Arte gráfica/capa:

O trabalho de Tim Wezel deu aquele toque mais soturno e denso que a banda mostra em sua música em vários momentos, mas ao mesmo tempo, tem a classe e elegância garantidas.


Destaques musicais:

É preciso entender que em “Girl With the Raven Mask”, o AVATARIUM vai mostrar momentos pesados e com energia (sem perder a classe), e em outros é mais climático e denso. Por isso, o disco é uma viagem de bom gosto e diversidade.

Aliás, que discão, pois a energia selvagem e frenética de “Girl with the Raven Mask” (aqui, os elementos mais brutos do Doom Metal aparecem, especialmente porque os tempos possuem boa velocidade, e a energia flui das guitarras, sem mencionar o ótimo refrão), o clima denso e melódico de “The January Sea” (algumas partes mais focadas em melodias ternas e com teclados prevalentes; outras com riffs abusivamente pesados e monolíticos típicos de Doom Metal), a ambientação “noir” típica de cabarés que se sente em “Pearls and Coffins” (que vocais de primeira, sem mencionar que os teclados estão primorosos) e em “Hypnotized”(ótimos pianos, embora a faixa transite entre peso ácido e melodias mais psicodélicas), o peso compacto e bruto de “Ghostlight” (que realmente é uma canção puramente de Doom Metal, mesmo com algumas partes mais amenas dos teclados), o jeito mais voltado ao Doom Rock (por conta de alguns momentos mais acessíveis, como o andamento e guitarras mais simples, embora seja uma canção mais pesada) de “Run Killer Run”, a volta do clima “noir” de boates antigas de “Iron Mule” e “The Master Thief” (as partes de baixo e bateria ficaram ótimas, verdade seja dita, justamente pela não convencionalidade. Mas é melhor ter cuidado, pois existem partes mais brutas e ácidas, com peso desproporcional) garantem ao ouvinte diversão do mais alto nível.

Trocando em miúdos: “Girl With the Raven Mask” é um discão!


Conclusão:

Mesmo sendo anterior a “Hurricane and Halos” (já lançado no Brasil), a beleza musical de “Girl With the Raven Mask” é atemporal, e mostra que o AVATARIUM merece aplausos.

Em tempo: Leif deixou a banda em 2017.


Nota: 9,1/10,0


Girl With the Raven Mask



Pearls and Coffins



Spotify


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