segunda-feira, 8 de abril de 2019

TORMENTA - Batismo da Dor


Ano: 2019
Tipo: Full Length
Selo: Independente
Nacional


Tracklist:

1. Cumulusnimbus
2. Batismo da Dor
3. Escravo da Ilusão
4. Reféns do Medo
5. Em Nome de Deus
6. Dono da Verdade
7. Antaustorm’
8. A Noite Espessa
9. Perseverança
10. Mal Necessário


Banda:


Rogener Pavinski - Vocais, guitarras
Flávio Santana - Guitarras
Fernando “Muttley” - Baixo
Luis Fregonesi - Bateria


Ficha Técnica:

Tormenta - Produção
Rômulo Felício - Gravação, mixagem, masterização
Rogener Pavinski - Gravação, mixagem, masterização, sintetizadores, violão, arte do encarte


Contatos:

Assessoria: http://metalmedia.com.br/tormenta/(Metal Media)

Texto: “Metal Mark” Garcia


Introdução:

A dura realidade brasileira, muito provavelmente, é um dos fatores mais relevantes para a prevalência do Metal extremo de nosso país. Poderia até se dizer que 70-75% do que é feito em termos de Metal por aqui está nas vertentes mais agressivas. Mas esta prevalência acaba fazendo com que os ouvintes sejam bem seletivos.

Mas uma dica a estes: ouçam o trabalho do quarteto TORMENTA, um veterano de Ribeirão Preto (SP) que tem mais de 20 anos de luta nas costas, e que agora consegue chegar ao seu primeiro disco, “Batismo da Dor”.


Análise geral:

Basicamente, é um disco de Thrash Metal com aquela mistura de aspectos agressivos de METALLICA e SLAYER, com um equilíbrio entre estas influências. Mas existem partes em que um lado melódico mais apurado surge (especialmente nos ótimos riffs e solos de guitarras), além de uma técnica muito boa herdada do Techno Thrash do KREATOR antigo.

Embora não seja inovador em termos de estilo, sente-se que o grupo tem personalidade, e poderia ir além (ouçam a belíssima instrumental “Antaustorm’” e entenderão isso claramente), mas “Batismo da Dor” já é, por si só, um disco muito bom, que empolga o ouvinte desde a primeira audição.


Arranjos/composições:

Como já dito acima, o Thrash Metal do grupo, embora focado em algo que se equilibra entre a técnica e a agressividade, tem ótimos arranjos, alguns deles tão simples que não saem mais da memória do ouvinte. Além disso, não são um grupo de um “fôlego só”, ou seja, existe boa diversidade de ritmos, o que força baixo e bateria a mostrarem peso e trabalho.

Mas cuidado: existem claros toques de Hardcore em vários momentos, deixando tudo ainda mais agressivo.

Ou seja: é um disco quase que impossível de resistir!


TORMENTA
Qualidade sonora:

A produção ficou nas mãos da banda, tendo a dupla formada por Rômulo Felício e Rogener Pavinski cuidado da gravação, mixagem e masterização, garantindo assim uma qualidade sonora que permita entender o que estão tocando com clareza (fator auxiliado pela boa escolha de timbres instrumentais), mas sem que se perca a agressividade tão seminal da música do TORMENTA.


Arte gráfica/capa:

A capa é uma imagem de Enrico Ferrarini, chamada “Urlo”, que se encaixa no contexto musical/lírico do grupo. O encarte, por sua vez, ficou mais simples, direto e funcional. Ainda é necessário dizer que na diagramação de cada letra existe uma referência filosófica que a precede, para esclarecer o que o grupo quer dizer nas letras.


Destaques musicais:

“Batismo da Dor” é um disco que levou mais de duas décadas para ser lançado, mas nem por isso soa datado ou sem energia. De forma algum, suas canções soam atuais e cheias de vida. E as melhores são:

Melhores momentos:

“Batismo da Dor”: Riffs intensos e grudentos à lá SLAYER da época de “Hell Awaits” grudam nos ouvidos, mas a canção inteira é permeada por “inserts” de Hardcore que encaixaram como uma luva.

“Escravo da Ilusão”: Aqui o ritmo começa a mostrar maior alternância. 70% tem aquela pegada em tempo mediano, mas existem partes mais lentas que encaixaram perfeitamente. E que belo trabalho de baixo e bateria.

“Reféns do Medo”: Uma das mais canções mais cadenciadas, mostrando uma energia absurda e um trabalho de guitarras maravilhoso, especialmente porque os solos transpiram melodias bem pensadas.

“Antaustorm’”: Justamente por ser um momento mais introspectivo e melodioso, com uma ambientação sombria, que merece ser aplaudida. A presença de sintetizadores e violão deu um jeitão diferente que merece ser explorado futuramente em suas canções.

“A Noite Espessa”: Mais uma em que a força da Velha Escola surge em suas harmonias bem feitas. Os vocais agressivos em tons normais (bem similar ao que se ouve em bandas antigas de Hardcore) ficaram bem legais, mas podem melhorar ainda mais no futuro.

“Perseverança”: E eis que o grupo começa a ousar a sair dos modelos musicais pré-existentes. O início é bem melancólico e sombrio, até que vira uma explosão de agressividade encorpada e moldada por belas melodias.

“Mal Necessário”: Outra em que melodias soturnas vão adentrando o abrasivo conteúdo musical do grupo. É uma canção moderna, bem feita, e que mostra o quanto o quarteto pode oferecer.


Conclusão:

A verdade é que “Batismo da Dor” poderia (e deveria) ter sido lançado há alguns anos, pois o cenário merece uma banda com tal potencial. E pode-se dizer que o TORMENTA tem tudo para ser grande, pois é atrevido o suficiente para ousar. E ser ousado é necessário sempre.

No mais, ouçam, comprem e prestigiem, pois o grupo merece aplausos.


Nota: 91%


Batismo de Fogo


  
Spotify


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