quinta-feira, 21 de fevereiro de 2019

ROADIE METAL VOLUME 11


Ano: 2019
Tipo: Coletânea Dupla
Selo: Roadie Metal Records
Nacional
  

Tracklist:

CD 01:

1. DEATH CHAOS - Through the Eyes of Brutality
2. RAVENOUS MOB - The Enemy Undying
3. LIVING LOUDER - The Crow
4. REFFUGO - Reffugo
5. BORN TO KILL - Goodbye Soldier
6. WARAGE - Torture
7. RHEGIA - Shadow Warrior
8. LUSFERUS - Luciférico Hino
9. ANGUERE - Cadeia
10. TIBERIUS PROJECT - You Bitch!
11. LIBERTAD - Closed Fists
12. SENTINELAS DO REI - Rios do Deserto
13. NOVO CHÃO - Terra Dos Homens
14. WAR MACHINE - A New Kind
15. WAR ETERNAL - Burning Alive

CD 02:

1. KRAKKENSPIT - Fear My Name
2. MEDICINE FOR PAIN - Vendida Como Bonecas
3. HEAVENLESS - The Reclaim
4. TORTURIZER - Slaughtersouse
5. DIALHARD - Now You’re Free
6. EPITAH - Something Better Than God
7. CROMATA - Resigned in Blood
8. MAMUTE - The End
9. THE DAMNED HUMAN FLASH - Inferno
10. IN SOULITARY - Hollow
11. LONEHUNTER - Eternal Time
12. ZERO HORA - Batina do Papa
13. CxDxM - Como Um Muro Inatingível
14. OBSCURED BY THE CLOUDS - Ethereal


Texto: “Metal Mark” Garcia


Introdução: Os anos 80 foram aqueles em que as coletâneas de bandas ganharam definitivamente espaço. Além de não serem tão caras (o investimento era mínimo em questões de estúdio e gravação, já que cada banda entrava com a canção pronta), o interessante era o conjunto da obra: muitas e muitas bandas juntas. E nomes como METALLICA, SLAYER, FLOTSAM AND JETSAM, RAVEN, VENOM, SARCÓFAGO, e outros acabaram ganhando notoriedade nelas; séries como “Metal Massacre”, “Warfare Noise”, “Lead Weight”, “Headthrashers Live” e inúmeras outras foram importantíssimas para a sedimentação do cenário mundial. Mesmo hoje, na era digital, elas continuam por aí, como a série “Roadie Metal” continua, chegando ao seu 11º volume.

Análise geral: Talvez esse seja o volume mais eclético de todos, indo de bandas de Heavy Metal tradicional ao Death/Black mais bruto possível, os dois discos mostram uma enorme diversidade musical, ou seja, muitas opções sonoras. Isso pode deixar os mais radicais com a pulga atrás da orelha, mas no geral, um fã de bom senso saberá aproveitar ao máximo esta coletânea que selecionou nomes de bom nível para nela estarem.

Qualidade sonora: Aqui começam a aparecer diferenças entre as canções, já que cada banda fez as coisas ao seu modo, justamente para se encaixar no próprio estilo que toca. No geral, o resultado é bom, e não se pode reclamar tanto.

Arte gráfica/capa: Como sempre, a arte é um primor, com uma capa muito bonita. O papersleeve (as famosas capas que imitam as dos antigos discos de vinil) usado ficou bem legal, dividido em duas partes, e cada disco tem seu próprio encarte, onde estão fotos e informações de contatos das bandas.

Destaques musicais: Em coletâneas, cada banda segue suas próprias regras em termos de composição, logo, isso pode criar oscilações no nível musical. Óbvio que entre as 29 canções existem momentos ótimos; outros que ainda necessitam de amadurecer um pouco mais (o que o tempo e ensaios ajudarão a sanar). Mas se destacam as seguintes bandas e respectivas canções:

DEATH CHAOS - “Through the Eyes of Brutality”: o quarteto destila um Death Metal tradicional recheado de elementos modernos. Boas mudanças de ritmo, guitarras de alto nível e vocais que são muito bons, mas que podem melhorar (alguns timbres não tão guturais ajudariam a diversificar o trabalho).

LIVING LOUDER - “The Crow”: Um toque do mais delicioso Classic Rock/Hard Rock setentista que se possa pedir. Mezzo LED ZEPPELIN, mezzo DEEP PURPLE e com muita personalidade, o trio cativa o ouvinte por suas linhas melódicas envolventes e de fácil assimilação.

REFFUGO - “Reffugo”: Bruta e cantada em português, é uma canção de Death Metal Old School direta e reta. Boas mudanças de ritmo e um trabalho ótimo em termos de baixo e bateria são sensíveis.

RHEGIA - “Shadow Warrior”: Uma banda de Heavy/Power Metal com nuances Prog Metal (reparem no baixo para terem a noção disso), com muito peso e boa técnica. Tem muito futuro, mas precisa ajustar mais os vocais, bem como precisam de uma gravação mais limpa.

LUSFERUS - “Luciférico Hino”: E chega a vez de um Black/Death ríspido e melodioso à lá DISSECTION, com ótimas partes de guitarra. O trabalho musical é cheio de mudanças de ambientação, indo do brutal ao suave sem problemas.

ANGUERE - “Cadeia”: Hardcore/Crossover sem dó dos ouvidos alheios, com um andamento mais cadenciado e com alguns “inserts” de ritmos regionais do Brasil (que nem sempre serão percebidos pelo ouvinte). Bons vocais e ótimas guitarras.

WAR MACHINE - “A New Kind”: Uma canção voltada aos tempos da NWOBHM, em especial ao IRON MAIDEN de “Iron Maiden”. É muito legal e empolgante, com ótimas partes de guitarras e baixo, mas o vocalista precisa dar uma melhorada (tem bom timbre, mas ainda precisa amadurecer no quesito agressividade).

No disco 2, tem mais:

KRAKKENSPIT - “Fear My Name”:É uma banda de Heavy Metal tradicional com um enfoque moderno, ou seja, tem aquela ambientação mais pesada e agressiva, com um jeitão ICED EARTH muito bom, com boa base rítmica, guitarras excelentes e vocais competentes. Só a qualidade sonora que pode dar uma melhorada no futuro.

HEAVENLESS - “The Reclaim”:A solidez do trabalho do grupo é bem conhecida. Aqui, apresentam um Thrash/Death Metal arrastado e muito pesado, com um trabalho bem forte de baixo e bateria, riffs gordurosos e vocais urrados de primeira.

TORTURIZER - “Slaughterhouse”:Outro que é bem conhecido, e que mostra enorme evolução em relação ao que se ouve no EP de estreia do trio. Agressivo, veloz e intenso, baixo, guitarras e bateria formam uma unidade sólida e bruta para que os vocais urrados sejam perfeitamente assentados.

DIALHARD - “Now You’re Free”: Um belo Hard ‘n’ Heavy da parte desse quinteto, que soa melodioso e intenso, capaz de tocar o ouvinte. Tudo soa muito bem, e os vocais são muito bons (restando apenas ajustar os tons mais agressivos, pois a vocalista é ótima), e realmente merecem um disco todo deles.

EPITAH - “Something Better Than God”: Excelentes ideias são apresentadas nessa canção, um Thrash Metal intenso e vigoroso à lá Bay Area, mas esbarram numa qualidade musical que deveria ser melhor (a música deles pede isso). Percebe-se que as guitarras e a bateria são de primeira.

MAMUTE - “The End”:Doom/Stoner poderoso e com muito Groove. Soa gorduroso e melódico, mas como a qualidade de gravação não ajuda tanto, ela ficou aquém do seu potencial, embora não a ponto de não se perceber a força das guitarras do grupo.

IN SOULITARY - “Hollow”: Um dos nomes mais fortes do Metal extremo do Brasil. Seu mix de Black/Thrash/Death com partes melodiosas é fabuloso, apresentando ótimos vocais, guitarras de primeira e cozinha rítmica excelente. Merecem mais que uma chance! Ouçam bem alto!

LONEHUNTER - “Eternal Time”: Um mix inteligente de Death Metal old School com aspectos modernos, boas partes mais técnicas e teclados sinistros. A gravação é fraca para o que eles fazem, mas se percebem algumas similaridades com o NOCTURNUS em “The Key”, logo, são uma banda promissora.

ZERO HORA - “Batina do Papa”: Tosqueira Punk Rock de raiz, direto, reto e uma bicuda nos ouvidos. É ótimo, tem muito futuro, mas uma melhorada na qualidade sonora ajudaria bastante (podem soar com crueza, mas mais bem definido), pois está um pouco embolado.

OBSCURED BY THE CLOUDS - “Ethereal”: E para fechar, um Doom Gótico de primeira, com aquela ambientação melancólica e densa, boas partes de teclados, ótimos vocais limpos (as partes guturais precisam de um “boost”). Mas a qualidade sonora fica devendo, pois em termos musicais, são uma ótima banda.

Conclusão: Óbvio que a maioria das bandas ainda precisa de uma evoluída no aspecto musical, a maioria tem que acertar na escolha da sonoridade mais correta para o que desejam, mas lembrando de que as clássicas coletâneas de Metal dos anos 80 (em especial, a “Metal Massacre”) eram baseadas em canções de Demo Tapes, até que está bom.

Às bandas que não foram citadas: não se decepcionem, pois ainda tem muito potencial a usar.

Parabéns à Roadie Metal por mais esse bom trabalho, que pode ser ouvido nas plataformas digitais abaixo:








Nota: 80%

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