Tipo: Full Length
Selo: Satanath Records
Nacional
Texto: “Metal Mark” Garcia
Introdução: A ruptura dos países ligados ao antigo regime comunista da finada URSS trouxe ao mundo uma nova leva de bandas vindas de locais onde antes o Rock era visto como “subverso” e “causa do desvio” para a juventude. Hoje, onde outrora existiu a opressão, o Metal cresce e se desenvolve. E a República Tcheca há anos revela nomes muito bons. E não é à toa que bandas como o SOLFERNUS, de Brno, vem destroçando os ouvidos com “Neoantichrist”, seu segundo disco, lançado em 2017.
Análise geral: É um traço de bandas de países que antes estiveram atrás da finada Cortina de Ferro terem pessoalidades diferentes. E no caso do quarteto, não é diferente. O Black Metal do grupo é permeado de influências de Death Metal, Thrash Metal e mesmo vários elementos melodiosos, sem deixar de ser brutal e agressivo. Basicamente, a música é bem pessoal, diferente, e que tende a surpreender os fãs do gênero. E sim, é excelente!
Arranjos/composições: É fato que o SOLFERNUS evita se enquadrar dentro de um ou outro modelo musical, se nega a seguir regras. Por isso, a música do grupo sangra em energia, mas é feita sobre arranjos musicais ótimos. Tudo é bem feito, e ao mesmo tempo, as mudanças de ritmo evitam que os ouvintes fiquem se sentindo entediados. Longe disso, tudo em “Neoantichrist” é precioso e desce bem. Basicamente, é algo feito baseado em contrastes entre a brutalidade e o requinte.
Qualidade sonora: O trabalho de Paul Dread e Pavel Kolařík na produção (com o último tomando conta da mixagem e masterização) garantiram uma sonoridade muito bem feita. Tudo é audível, sem que se perca a agressividade, e mantendo a energia nas alturas. Ao mesmo tempo, a escolha dos timbres dos instrumentos é de primeira. Pode-se dizer que a banda fez um esforço enorme para criar a excelente sonoridade de “Neoantichrist”, mas valeu a pena: tudo funciona bem balanceado.
SOLFERNUS |
Arte gráfica/capa: Para uma banda de Black Metal, a arte da capa tem que ser algo chamativo, e mesmo polêmico. E Thomas Bruno criou algo do tipo, que é simples em termos de traços e cores. E além de despertar a atenção, é bem feito e que se encaixa com a proposta sonora do grupo.
Destaques musicais: No fundo, “Neoantichrist” é o tipo de disco que todo fã gostaria de encontrar mais vezes, pois é muito bem feito e a qualidade musical se distribui homogeneamente por todas as canções do disco. Mas destacam-se as seguintes.
“Ignis ~ Dominion”: Uma introdução com guitarras prepara o ouvinte para uma canção brutal, veloz e agressiva, que apresenta a banda e o disco aos ouvintes. Mas mesmo assim, mostra excelente nível técnico e belas melodias, além de toques de Thrash Metal em vários riffs de guitarra (sem contar que ainda existem partes de violão com melodias orientais aqui e ali).
“Glorifired”: A velocidade diminui um pouco, mas não a agressividade e o peso. As partes mais cadenciadas realmente se agarram aos nossos ouvidos, levando a cabeça do ouvinte a balançar sozinha. E é que trabalho de primeira dos vocais.
“Mistresserpent”: Mais arrastada e cadenciada, é uma canção de ambientação soturna, com o uso de efeitos fazendo fundo. Mas como as guitarras estão fabulosas, seja nas melodias transcendentais, seja nos riffs introspectivos.
“Pray for Chaos!”: A velocidade tramita entre o veloz e algo mais climático, e influências de Crossover/Thrash Metal surgem nas linhas melódicas. É a típica canção que se ouve e não se consegue esquecer, e ótimo trabalho de contrastes nos vocais e nos solos de guitarras.
“That One Night”: E o quarteto não cansa de nos surpreender, usando linhas de efeitos que realmente encaixam no meio de tanta agressividade. E é incrível o trabalho de baixo e bateria em termos de peso e técnica.
“Once Upon a Time in the East”: A força das influências externas ao Metal surge nessa canção, cujo andamento é cadenciado e bruto (com alguns momentos mais velozes à lá Old School Black Metal). Mais uma vez belas melodias aparecem, com ótimo uso de contrastes de timbres dos vocais.
“Neoantichrist”: Andamento mais lento na linha das primeiras bandas da SWOBM, mas sempre com excelentes melodias rascantes. Mais uma vez, a técnica de baixo e bateria surgem no meio desse azedume enegrecido e de bom gosto.
Conclusão: “Neoantichrist” vem para mostrar o que a República Tcheca tem de melhor em termos de Metal extremo, e verdade seja dita: o SOLFERNUS tem tudo para se estabelecer como uma das pontas-de-lança do Metal de seu país, pois qualidade não lhes falta.
Nota: 96%
Tracklist:
1. Ignis ~ Dominion
2. Glorifired
3. Mistresserpent
4. Pray for Chaos!
5. That One Night
6. Between Two Deaths
7. Once Upon a Time in the East
8. My Aurorae
9. Neoantichrist
10. Stone in a River
Banda:
Khaablus - Vocais
Igor - Guitarras, backing vocals, teclados, effeitos
Mamba - Baixo
Paul Dread - Bateria
Ficha Técnica:
Paul Dread - Produção
Pavel Kolařík - Produção, mixagem, masterização
Thomas Bruno - Arte da capa
Khaablus - Layout
Big Boss - Vocais em “Pray for Chaos!”
Hanz - Violão em “Ignis ~ Dominion” e “My Aurorae”
Contatos:
Site Oficial:
Instagram:
Assessoria:
E-mail: igorhubik@hotmail.com
“Mistresserpent”: https://www.youtube.com/watch?v=fe5504QXscc
Bandcamp:
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