sexta-feira, 5 de outubro de 2018

FOR THOSE ABOUT TO BRAZIL… - A Brazilian Tribute to AC/DC


Ano: 2018
Tipo: Disco-Tributo Duplo
Importado


Tracklist:

CD 1:

1.      STEEL WARRIOR - Back in Black 
2.      MX - Rock and Roll Ain’t Noise Pollution
3.      GENOCÍDIO - Let There Be Rock 
4.      MEGAIRA - Hard as a Rock 
5.      WOSLOM - High Voltage 
6.      THUNDERSPELL - Heatseeker 
7.      ARMUN - Fire Your Guns 
8.      PASTORE BAND - Black Ice 
9.      SEU JUVENAL - Giving the Dog a Bone 
10.  UGANGA - Whole Lotta Rosie
11.  CHAOS SYNOPSIS - Highway to Hell 
12.  TORTURE SQUAD - Flick of the Switch 
13.  S.O.H. - Nervous Shakedown
14.  FRADE NEGRO - Rising Power 
15.  MOTOROCKER - Hells Bells 


CD 2:

1.      TAILGUNNERS - You Shock Me All Night Long 
2.      ATTRACTHA - Thunderstruck 
3.      JACKDEVIL - Big Gun 
4.      MADGATOR - Landslide 
5.      ANEUROSE - Shoot to Thrill
6.      PANIC - If You Want Blood (You’ve Got It) 
7.      DARK SIDE - Dirty Deed Done Dirt Cheap
8.      SILVER MAMMOTH - Jailbreak 
9.      CHEMICAL DISASTER - Have a Drink on Me 
10.  THREESOME - Badlands 
11.  POSTHUMOUS - Riff Raff 
12.  ANCESTTRAL - Are You Ready? 
13.  OBSKURE - T.N.T. 
14.  KING BIRD - Moneytalks
15.  LEVIAETHAN - For Those About to Rock 


Ficha Técnica:

Alcides Burns - Artwork


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Assessoria:
E-mail:

Texto: “Metal Mark” Garcia


Fazer discos onde uma banda é homenageada por outras que tenham sido influenciadas é uma estratégia interessante, mas que teve seu ápice nos anos 90. De uns anos para cá, inclusive por conta da crise da indústria fonográfica por conta dos downloads ilegais, são raros os tributos, e alguns deles nem merecem ser mencionados devido ao baixo nível das bandas escolhidas. Mas a Secret Service Records é bastante criteriosa, e dessa fusão da necessidade de homenagear um nome conhecido com a escolha bem feita de quem tem talento para participar, nasce “For Those About to Brazil... – A Brazilian Tribute to AC/DC”, tributo ao AC/DC, um dos pais do “Rock Sujo”.

Antes de tudo, é preciso dizer que o AC/DC é um dos grupos mais difíceis de homenagear, pois emular suas características é um trabalho árduo. Não tem com a técnica instrumental da banda ou com os timbres de voz, mas com sua energia crua, a força de suas composições, algo que nascia do grupo, que parece estar dando sinais de que vai parar, já que Malcolmse uniu a Bon para uma jam do outro lado, e Brian anda tendo problemas com os ouvidos. No caso, as bandas desse tributo mostram um trabalho que honra o homenageado, pois todos preferiram fazer suas próprias versões dos velhos clássicos.

Em termos de sonoridade, cada uma das 30 bandas entrou com sua música produzida conforme bem entendeu, adaptando a sonoridade à abordagem que faria. Mas no geral, quase todos buscaram (mesmo com boa definição em termos de timbres e sonoridades claras) ser o mais simples possível, para rebuscar a aura suja e direta que permeia os trabalhos do grupo australiano, embora alguns tenham tentado soar mais limpos, o que não chega a ser um pecado ou tira o valor de suas versões. Basicamente, todos se saíram muito bem nessa empreitada.

Dissecando o disco.

CD 1:

STEEL WARRIOR - “Back in Black”: o quarteto de Itajaí (SC) vem com força, mostrando que conseguem dar uma roupagem à lá Metal tradicional nessa canção icônica (talvez uma das mais conhecidas do AC/DC) que vem do disco de mesmo nome. E mostram um trabalho de primeira das guitarras.

MX - “Rock and Roll Ain’t Noise Pollution”: os headthrashers de Santo André (SP) já gostam de fazer algo mais sujo em termos sonoridade, e eles encheram a canção que também vem de “Back in Black” de agressividade, mostrando seu valor, inclusive com ótimas conduções de bumbos e vocais. Existe até certo tom de ironia na canção.

GENOCÍDIO - “Let There Be Rock”: outro hino icônico dos australianos, e é a faixa-título de um de seus discos mais famigerados. E nas mãos desse veterano do Thrash/Death Metal de SP ganhou uma aura bem agressiva, com uma sonoridade que busca balancear a crueza e a limpeza nas mesmas proporções. Baixo e bateria fazem bonito, mas impossível não falar de como os vocais rasgados e as guitarras estão de primeira.

MEGAIRA - “Hard as a Rock”: como o quinteto de SP transita faz algo que combina influências de Power Metal e Thrash Metal, eles pegaram uma das canções mais fortes de “Ballbreaker” e empurraram seu próprio jeito de fazer as coisas nela. E digamos de passagem: ficou ótimo, especialmente porque os teclados encaixaram na fúria inerente à versão original, e sem falar nas variações de timbres vocais.

WOSLOM - “High Voltage”: para quem já viu o quarteto de SP fazendo versões, sabe que eles sempre se saem bem. E com esse rockão vindo direto do primeiro disco dos australianos (que leva o nome da canção) não seria diferente, pois combinam a essência Thrasher clássica que carregam com o jeitão espontâneo rocker da canção. Reparem como a base rítmica está excelente, dando vida nova ao que é bem simples no original.

THUNDERSPELL - “Heatseeker”: e de “Blow Up Your Video” vem essa, onde o quinteto de Belém (PA) releu de uma forma em que as melodias da NWOBHM entrem no que fizeram. E ficou bem legal, inclusive porque os vocais buscaram se afastar dos timbres originais, se diferenciando e agregando valor.

ARMUN - “Fire Your Guns”: o trio de Goiânia (GO) foram buscar no clássico “The Razor’s Edge” outro hino. Agora, imaginem um AC/DC Death Metal que mantém suas características originais? Pois é, é isso, com guitarras abrasivas de doerem os ouvidos menos acostumados. Ótima!

PASTORE BAND - “Black Ice”: seria possível associar a classe e noção melódica do Power Metal ao trabalho dos australianos? Sim, é sim, e o PASTOREmostra isso na faixa-título do penúltimo disco do AC/DC. Classe e rudeza se fundiram, e esses vocais mais técnicos casaram muito bem na pancadaria original.

SEU JUVENAL - “Giving the Dog a Bone”: mais uma de “Back in Black”, que tem um jeitão evidentemente Blues/Rock dos anos 50, mas que nas mãos do SEU JUVENAL(de Uberaba, MG) ficou mais sujo e visceral, quase que um MOTORHEADhomenageando o AC/DC. Sujo, abrasivo e hipnótico, onde se destacam bastante a força das guitarras “plug ‘n’ play” da banda.

UGANGA - “Whole Lotta Rosie”: e pondo fogo no Triângulo Mineiro (óbvio que em MG) em mais um de “Let There be Rock”, o UGANGA mostra a força de seu Thrashcore/Crossover em uma versão causticante, com guitarras sujas, vocais em timbres rasgados, e muito peso e técnica na base rítmica. Muita personalidade em uma canção explosiva!

CHAOS SYNOPSIS - “Highway to Hell”: São José dos Campos (SP) deve estar com o solo chacoalhando até agora, já que o quarteto de Death/Thrash Metal da cidade resolveu mandar tudo às favas e reescreveu a icônica “Highway to Hell” à maneira deles. Ficou ótimo, com uma ferocidade absurda (em especial nas guitarras), honrando a memória de Bon e Malcolm.

TORTURE SQUAD - “Flick of the Switch”: o quarteto de SP faz bonito em uma das melhores faixas do álbum que leva o mesmo nome. Baixo e bateria perfeitos (algo comum da banda), guitarras ótimas e vocais muito bons nos timbres mais rasgados (os graves estão extremos demais, e não ficaram 100% compatíveis).

S.O.H. - “Nervous Shakedown”: um murro nos ouvidos vindo direto de “Flick of the Switch”, que os cearenses de Fortaleza encheram a canção de uma energia suja de seu Grindcore/Death Metal. Interessante ver como adequaram os andamentos ao estilo deles, ficou muito bom, com um trabalho excelente das guitarras.

FRADE NEGRO - “Rising Power”: o quarteto de Metal tradicional de Jaraguá do Sul (SC) também pegou uma canção de “Flick of the Switch”, mas deu um jeitão mais Heavy Metal “Made in Germany” a ela, que ficou diferente e excelente. E os vocais e backing vocals estão muito bons.

MOTOROCKER - “Hells Bells”: se tem uma música do AC/DC que marcou muitos é, sem sombra de dúvidas, essa. E o quinteto curitibano (PR), que já faz algo nessa linha, caprichou e honrou a versão original, embora usando de timbres mais claros e uma qualidade de gravação muito boa. E que vocais!

E aqui fechou o CD 1.


CD 2:

TAILGUNNERS - “You Shock Me All Night Long”: o quinteto de São Paulo resolveu escancarar no Heavy Metal à lá NWOBHM e deram uma roupagem ao jeito deles nesse clássico que veio de “Let There Be Rock”, embora sem descaracterizar a original. Ficou muito bom, inclusive pelos toques mais técnicos de baixo e bateria.

ATTRACTHA - “Thunderstruck”: essa é a canção que revitalizou o AC/DC, que andava em baixa na época (ela é de “The Razor’s Edge”). E quem a conhece, sabe que não é simples de fazer versão dela, mas o quarteto paulista bancou o desafio, fez uma releitura extremamente pesada, com jeitão de Heavy Metal moderno. E que trabalho ótimo na bateria (pesado e técnico)

JACKDEVIL - “Big Gun”: São Luís (MA) nos deu os Thrashdemons, que aqui resolveram fazer algo que mixasse seu jeito Classic Thrash Metal com a essência Rock ‘n’ Roll dessa faixa (que é exclusiva da trilha sonora do filme “Last Action Hero”), e colocam a casa abaixo com guitarras esbanjando peso nos riffs e melodias bem sacadas nos solos.

MADGATOR - “Landslide”: o quarteto de Hard/Prog/tradicional com jeitão moderno trouxe seu estilo para esta faixa de “Flick of the Switch”, que se não chega a ser clássica, nas mãos dele parece uma pérola, pois ganhou uma energia intensa e encorpada, sem deixar o jeito espontâneo de lado. E que vocais!

ANEUROSE - “Shoot to Thrill”: o jeito Thrash/Death intenso e bruto dos mineiros de Lavras ficou empolgante de uma forma que dá vontade de sair pulando e batendo cabeça. A energia é absurda, especialmente porque as guitarras e o baixo estão de primeira nessa que veio de “Back in Black” (e reparem nas passagens 1X1 em certos momentos).

PANIC - “If You Want Blood (You’ve Got It)”: direto de “Highway to Hell” vem essa aqui, que mostra o quanto os Thrashers de Porto Alegre (RS), especialmente por estes timbres vocais bem pessoais da banda. O jeito Thrash Metal da banda não estragou em nada as melodias originais, longe disso.

DARK SIDE - “Dirty Deed Done Dirt Cheap”: outro de Fortaleza (CE) que chegam para preservar a energia original dessa que vem do disco de mesmo nome, mas adaptando muitos elementos ao seu jeito Heavy Metal tradicional de ser. E como o baixo está muito bem em todos os momentos.

SILVER MAMMOTH - “Jailbreak”: esta é outra canção do AC/DC difícil de lidar, vinda do EP póstumo “‘74 Jailbreak”. Imaginem isso aliado ao estilo psicodélico do quinteto de SP. Só que ficou muito bom, inclusive pela adição de teclados, e os vocais encaixaram muito bem, sem tentar emularem os tons originais.

CHEMICAL DISASTER - “Have a Drink on Me”: outra de “Back in Black”, também não muito citada por aí, e nas mãos desses veteranos do cenário Death Metal de Santos (SP), só podia vir coisa boa. Interessante é que a agressividade natural do grupo diminuiu um pouco para as melodias ficarem intactas, mas o jeito cru e duro de ser deles não se alterou, e a versão ficou de primeira, especialmente porque os vocais guturais e as guitarras ficaram no jeito.

THREESOME - “Badlands”: o quinteto de Campinas (SP) que se destaca no cenário por um Rock ‘n’ Roll/Hard Rock visceral pegou uma desconhecida de “Flick of the Switch” e deu um brilho todo próprio a ela. Passagens de gaita, outras mais intimistas e o vocal feminino se destacam bastante.

POSTHUMOUS - “Riff Raff”: interessante ver o quinteto de Black Metal de Criciúma (SC) pegando um dos hinos antigos do AC/DC, que vem de “Powerage”. Mas eles buscaram respeitar muitos aspectos da original, mas colocando muitos elementos de seu jeito de ser nela, em especial nas conduções rítmicas (baixo e bateria estão muito bem) para criar algo diferente. Muito, muito bom mesmo.

ANCESTTRAL - “Are You Ready?”: imaginem uma versão Thrash/Heavy Metal moderna e densa para essa canção de “The Razor’s Edge” (que não chega a ser extremamente conhecida)? Só que quem conhece o quarteto de SP, sabe que eles nunca foram de fazer as coisas como mandam regras, e mostraram um trabalho incrível, transformando um Rock ‘n’ Roll nervoso em algo pesado e bem feito, com um trabalho ótimo em todos os instrumentos e nos vocais. Amem ou odeiem, mas não se pode negar: eles são um dos melhores nomes do Metal nacional.

OBSKURE - “T.N.T.”: que esta canção de “High Voltage” já possui uma versão Death Metal, todos já sabem. Mas nas mãos do quinteto de Fortaleza (CE), ela ganha partes de teclados que encaixaram muito bem, fora uma aura gordurosa e moderna de primeira, sem perder seu “swing” original.

KING BIRD - “Moneytalks”: para quem sabe fazer um bom Hard Rock, tocar algo do AC/DC se torna uma questão de honra, especialmente de vem de “The Razor’s Edge”. E ouvir o quarteto de SP detonando nessa versão bem feita e que respeita os aspectos originais (imputando a ela a classe do que eles fazem) é algo prazeroso. Vocais, guitarras, baixo e bateria arrasando.

LEVIAETHAN - “For Those About to Rock”: fechar um tributo é sempre um trabalho ingrato, mas o quarteto Thrasher de Porto Alegre faz bonito, enchendo essa canção icônica com sua própria personalidade. Vinda do disco homônimo, ela está cheia de guitarras de primeira, baixo e bateria melhorando a técnica original, e os vocais rasgados da banda estão muito bem.

Um disco de primeira, e podemos dizer que a memória do AC/DC é preservada por cada banda. Bone Malcolm devem estar sorrindo de onde estão, bem como a banda se sentiria honrada com esse tributo.

Ah, sim: “For Those About to Brazil... – A Brazilian Tribute to AC/DC” vai agradar a todos os fãs da banda, inclusive os que ficam de “#simaxl” e “nãoaxl” nas redes sociais.

Nota: 100%

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