quinta-feira, 22 de março de 2018

ANGRA - ØMNI



Ano: 2018
Tipo: Full Length
Nacional


Tracklist:

1. Light of Transcendence
2. Travelers of Time
3. Black Widow’s Web
4. Insania
5. The Bottom of My Soul
6. War Horns
7. Caveman
8. Magic Mirror
9. Always More
10. ØMNI - Silence Inside
11. ØMNI - Infinite Nothing


Banda:


Fabio Lione - Vocais
Rafael Bittencourt - Guitarras
Marcelo Barbosa - Guitarras
Felipe Andreoli - Baixo
Bruno Valverde - Bateria


Ficha Técnica:

Jens Bogren - Produção, mixagem
Tony Lindgren - Masterização
Daniel Martin Diaz - Capa
Gustavo Sazes - Layout
Alession Lucatti - Teclados
Nei Medeiros - Teclados em “Insania” e “Always More”
Dedé Reis - Percussões em “Travelers in Time”, “Black Widow’s Web”, “War Horns” e “Caveman”
Wellington Sancho - Percussões em “The Bottom of My Soul”, “Magic Mirror”, “Always More”, e “Silence Inside”
Tiago Loei - Percussões em “Insania”     
Francesco Ferrini - Orquestrações
Kiko Loureiro - Guitarra solo em “War Horn”
Sandy - Vocais em “Black Widow’s Web”
Alissa White-Gluz - Vocais em “Black Widow’s Web”
Alírio Netto - Corais
Bruno “Detonator” Sutter - Corais


Contatos:

Site Oficial: http://angra.net
Bandcamp:
Google+:
Assessoria: http://hoffmanobrian.com.br/ (Hoffman & OBrian)

E-mail:

Texto: Marcos Garcia


Existem três bandas no Metal nacional que estão em um patamar que, nos dias de hoje, se tornaram difíceis de serem alcançadas: SEPULTURA, KRISIUN, e obviamente, o ANGRA. E no caso do último, eles vivem tendo que enfrentar renascimentos sucessivos (por conta de mudanças de formação que envolvem membros fundadores e/ou importantes), o que sempre deixa os fãs apreensivos. No caso atual, após a saída de Kiko Loureiro (que se juntou ao MEGADETH), novas instabilidades se criaram na base de fãs. Mas os fãs podem ficar tranquilos: “ØMNI”, que é disco mais recente do quinteto, e que foi lançado no Brasil pela Shinigami Records, é excelente.

No lugar de Kikoestá Marcelo Barbosa, conhecido pelo trabalho com o ALMAH. O estilo da banda, aquele Power/Prog Metal melodioso, técnico e com boa noção de virtuose, além de toques de ritmos regionais (como podem ser percebidos na condução rítmica de “Travelers in Time”), continua intacto, embora não tão voltado a algo tão denso e introspectivo como “Secret Garden”. O quinteto volta a ter um clima mais positivo, pois o aspecto técnico deu um pouco mais de ênfase ao seu lado Prog, com passagens etéreas dignas de bandas de Rock Progressivo. Além disso, as linhas melódicas estão bem pegajosas, capazes de nos envolver com facilidade.

“ØMNI” nos mostra uma produção de alto nível, já que Jens Bogren (o mesmo que já trabalhou com ORPHANED LAND, MOONSPELL, AMON AMARTH, SEPULTURA e outros) assina o álbum, e ele deixou qualidade de som cristalina e pesada nas medidas certas, e assim, as linhas melódicas da banda ficaram bem evidentes. A escolha de timbres foi ótima, pois assim a música do grupo ganhou peso, mas mantendo a definição ao ponto de todos os arranjos ficarem evidentes. E a arte da capa ficou muito bem feita, antenada com a proposta musical da banda.

O quinteto mostra amadurecimento no disco novo, já que ousou mostrar alguns elementos musicais que, muitas vezes, fogem do universo do Heavy Metal, como o uso de contrastes vocais em “Black Widow’s Web” (onde Alissa White-Gluz, do ARCH ENEMY e a cantora Pop Sandy aparecem como convidadas), as belas orquestrações, e tudo o mais. Além disso, verdade seja dita: a banda vive um momento criativo e tanto.

“ØMNI” é um disco precioso, com 11 canções excelentes. E se destacam o murro Power/Prog Metal pesado de “Light of Transcendence”(que arranjos de guitarras, especialmente os duetos), os experimentalismos percussivos no início de “Travelers of Time” (um dos melhores momentos de baixo e bateria do disco inteiro), a polêmica e provocadora de mimimis chatos “Black Widow’s Web” (os vocais suaves se contrastam bem com os guturais e a voz grandiosa de Fabio, sem falar nas variações entre partes agressivas e outras mais amenas), o peso grandioso e adornado de lindos corais e orquestrações de “Insania”, a mistura de elementos regionais brasileiros e linhas melódicas carregadas de emoção na linda “The Bottom of My Soul” (uma aula de interpretação dos vocais, que com uma versatilidade de timbres excelente), a pegada Prog/Jazz de “Magic Mirror”, o jeitão melodioso quase Pop de “Always More” (que arranjos emocionantes e ternos), a diversidade pesada e melodiosa de “Silence Inside”, e a orquestral “Infinite Nothing”.

Um comentário extra sobre “Black Widow’s Web”: os fãs mais radicais não aceitam misturas, e muitos ficaram enchendo a paciência alheia sem nem entender a canção direito. MAS:

1. O Heavy Metal e suas vertentes são filhos diretos do Rock, que por si só, é fruto de uma mistura imensa de estilos musicais (inclusive Gospel norte-americano). Isso é fato, logo, seu choro radicalóide e puritano é uma contradição grosseira;

2. Tal puritanismo levou o Metal no Brasil à bancarrota financeira, com pessoas se recusando a irem a points e shows onde acabam se aborrecendo, e não aproveitando um bom momento, já que gente chata assim se recusa a manter a ignorância guardada dentro de si. Gostar ou não de uma banda, música, disco é direito de todos, mas encher a paciência não, especialmente quando sua opinião não é solicitada. Respeito é bom e todos gostam;

3. Atitudes como esta do ANGRA chamam a atenção de muitos possíveis novos fãs para o gênero, tanto que a canção foi muito bem sucedida no Spotify, um sucesso como há anos o Metal não experimenta. Isso potencializa o alcance de um estilo musical já tão combalido por palhaçadas que os fãs de Metal adoram fazer (que parecem adora dar uma de radicais e serem vistos como pessoas ridículas por tantos outros).

No mais, “ØMNI”  é o melhor disco do ANGRA em muitos anos, e os coloca de novo como uma das forças motrizes do Metal brasileiro.


Nota: 100%



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