segunda-feira, 30 de abril de 2018

ANTIPOPE - Denial/Survival


Ano: 2018
Tipo: Full Length
Nacional


Tracklist:

1. Waters Below
2. Flat Circle
3. Denial / Survival
4. Der Sadist
5. Hunt
6. True Anarchist
7. Mindlessness Meditation
8. An Unconditional Ritual to Summon the Prince of Darkness
9. Tragic Vision
10. Resolution


Banda:


Mikko Myllykangas - Vocais, baixo, guitarras
Antti J. Karjalainen - Guitarras
Tuska E. - Bateria


Ficha Técnica:

Juhani Rikberg - Mixagem, masterização
Tiina Kaakkuriniemi - Arte da capa


Contatos:

Assessoria:


Texto: Marcos Garcia


Hoje em dia, os rótulos musicais limitam e podem até mesmo nos dar uma visão distorcida do que uma banda pode estar criando musicalmente. E é triste ver um fã perdendo oportunidades porque se prende a definições e rótulos. Muitas coisas boas acabam ficando ocultas no underground por isso, em plena época em que um clique basta para que conheçamos todo um novo universo musical. E lhes digo: o trio finlandês ANTIPOPEtem muito a oferecer, como o quinto disco deles, “Denial/Survival”, lançado por aqui pela Heavy Metal Rock, nos mostra.

Sendo o quinto disco do grupo, se percebe que temos uma banda madura e que nos brinda com um Progressive Death/Black Metal bem eclético (cheio de influências de Thrash Metal, Groove Metal e Industrial aqui e ali), cheio de passagens mais introspectivas, outras horas usam de uma aproximação mais agressiva, mas sempre mantendo um ótimo nível de criatividade. Há muitas viagens transcendentais que se chocam com partes mais agressivas e que beiram o Djent. Parece estranho, mas é isso que encontramos no caos musical criativo do trio. E verdade seja dita: o trabalho deles é uma surpresa e tanto, e é muito bom!

A produção musical ficou muito boa. A mixagem e masterização de Juhani Rikberg deram uma vida única ao trabalho deles, balancear de forma mais que satisfatória o peso, melodias e agressividade de “Denial/Survival”. E sem que a clareza seja perdida em momento algum. E a arte de Tiina Kaakkuriniemi nos dá uma visão mais subjetiva, mas que se encaixa perfeitamente no que eles criam musicalmente.

“Caos” é uma palavra boa para definir o quão criativo o ANTIPOPE é, capaz de gerar arranjos musicais de primeira. Além do mais, a banda sabe contrastar bem passagens mais sutis e melodiosas com outras em que a agressividade é a tônica. Mas isso tudo faz com que “Denial/Survival” seja um disco difícil de muitos simplistas digerirem. O melhor é a prova do ouvido: ouçam, façam a digestão, e duvido que não irão gostar.

Em 10 canções (todas elas excelentes), o grupo nos conquista aos poucos. Vejam as influências Post Rock/Space Rock que permeiam a agressividade explícita de “Waters Below”(que belos arranjos de guitarras), as belas melodias de “Flat Circle” e o contraste dos timbres dos vocais, a experimentação brutal e opressiva de “Denial/Survival”(reparem mais uma vez como os vocais exploram bastante uma enorme diversidade de timbres), a técnica sóbria e passagens etéreas criativas de “Hunt”, a agressividade moldada com efeitos de “True Anarchist” (alguns elementos Post Rock dão as caras, e reparem bem como baixo e bateria estão muito bem), mesmos elementos da introspecção experimental que permeia “Mindlessness Meditation”, e os teclados grandiosos que rebuscam uma ambientação Black Metal de “An Unconditional Ritual to Summon the Prince of Darkness” são ótimos momentos de um disco excelente.

Um ótimo disco, que realmente mexe com as concepções de muitos, logo, deixe que o ANTIPOPE o guie por um mundo de idéias ainda bem inexplorado com “Denial/Survival”.


Nota: 96 %

HAVOK666 - Sodomized by Divine Order


Ano: 2018
Tipo: Full Length
Nacional


Tracklist:

1. Intro                      
2. Not Enslaved                   
3. Scars of the Imposed Law                     
4. Apostasy of Disciple of Messiah            
5. Dethroned and Slain Pope                     
6. Legion of Satanic Statements                
7. Christian Church Thrives on Hypocrisy                     
8. Sodomized by Divine Order                  
9. Praise the Empty Christ


Banda:


Andre Brutaller - Guitarras, vocais, baixo
Felipe Wrecker - Bateria


Ficha Técnica:

Havok - Produção
Sebastian Carsin - Mixagem, masterização
Alcides Burn - Capa, artwork


Contatos:

Site Oficial:
Assessoria:


Texto: Marcos Garcia


Uma das piores concepções que muitos podem ter é que estilos extremos não possuem musicalidade, ou mesmo noções harmônicas. Pelo contrário: no meio de tanta agressividade e brutalidade, sem isso, a música soa oca e sem propósito. E digamos de passagem: nesse ponto, o Brasil está bem servido, pois como se faz Metal extremo de qualidade por aqui. E o HAVOK666 (antigo HAVOK), dupla de Salto (SP) mostra que pesar a mão é com eles mesmos. O segundo álbum deles, “Sodomized by Divine Order”, já nasceu com pedigree Death Metal!

No disco, se percebe o mais puro e opressor Brutal Death Metal que se possa pensar. Mas cuidado, pois por trás dessas concepções musicais estão mentes pensantes. Por trás de tana agressividade e peso, se percebe uma preocupação estética em criar algo diferenciado. Óbvio que os elementos comuns do estilo estão presentes, mas todos sob um alinhavo técnico muito bom, com boas mudanças de ritmo e uma técnica musical ótima. E o bom gosto faz de “Sodomized by Divine Order”um disco obrigatório para fãs de Metal extremo em geral!

Tamanha brutalidade necessita de uma produção musical bem feita. E o dueto deixou nas mãos do conhecido produtor Sebastian Carsin. Óbvio que a agressividade e crueza do Brutal Death Metal estão evidenciadas, bem como os elementos instrumentais necessários. Mas a estética limpa e a escolha sábia dos timbres ajudou a banda a ganhar peso e às canções se mostram cheias de energia e vigor, além de um poder destruidor de ouvidos de primeira. E Alcides Burn, um dos grandes artistas gráficos do Brasil, deu aquela valorizada na arte, evocando o espírito da mensagem da banda.

Se há uma coisa que se pode garantir é que o HAVOK666 sabe o que quer de sua música, e é capaz de gerar arranjos musicais que corroborem com a massa sonora que eles criam. Só que a inteligência na hora de compor é evidenciada em boas passagens em que a base rítmica mostra técnica refinada. Assim, fica claro que “barulho” é uma concepção errônea de muitos ao lidar com o dueto.

Musicalmente, “Sodomized by Divine Order” tem muito a oferecer, e muito a ensinar a quem pensa que gravação podre ou músicas mal feitas são sinônimo de Brutal Death Metal. Aqui é uma aula, logo, lições como ouvidas na explosiva e bem trabalhada “Not Enslaved” (riffs diretos, e os urros guturais entremeados de gritos agonizantes são de primeira), na simplicidade mais direta e bem feita de “Scars of the Imposed Law” (mas reparem em uns detalhes bem feitos das guitarras), na artilharia de riffs intensos apresentada em “Dethroned and Slain Pope” (o trabalho de baixo e bateria está fantástico), no trabalho técnico extremo de “Legion of Satanic Statements”, e na diversidade rítmica apresentada em “Sodomized by Divine Order” esta é para quem pensa que velocidade elevada é tudo, uma lição de partes cadenciadas brutais e com belos vocais guturais).

Lição dada, logo, aprendam com quem sabe, e vejam como o HAVOK666 tem a oferecer. E “Sodomized by Divine Order” é para marcar os fãs e destroçar ouvidos!

Nota: 85 %

WARSHIPPER - Black Sun


Ano: 2018
Tipo: Full Length
Nacional


Tracklist:

1. Nemesis (Intro)
2. Glowworm Dragon
3. Cry of Nowhere
4. Black Sun (Part I, II & III)
5. Rebirth     
6. Abandoment
7. Descending - Genesis & Ontogenesis
8. Deathblast Overhead (Intro)
9. M.E. 262   
10. Delusions of Grandeur


Banda:


Renan Roveran - Guitarras, vocais
Rafael Oliveira - Guitarras
Rodolfo Nekathor - Baixo
Roger Costa - Bateria


Ficha Técnica:

Warshipper - Produção
Rafael Augusto Lopes - Produção, mixagem, masterização, engenharia de som
Alcides Burn - Capa, artwork


Contatos:

Site Oficial:
Assessoria: http://wargodspress.net/site/  (Wargods Press)


Texto: Marcos Garcia


Uma das maiores vantagens de se escrever resenhas de discos é a possibilidade de encontrarmos novos nomes muito bons. Há 2,3 anos, este autor teve a oportunidade de conhecer e resenhar o EP “Worshippers of Doom”, do quarteto WARSHIPPER, de Sorocaba (SP). Na época, o trabalho deles deu uma impressão ótima. Agora, em 2018, tenho a oportunidade de resenhar “Black Sun”, o primeiro full length da banda, que foi lançado por um agrupamento de selos.

As perguntas a serem respondidas: como eles estão agora, e se o disco é bom.

A primeira resposta é simples: os anos ajudaram a banda a ajustarem sua musicalidade, e o Death Metal bruto e com um alinho melodioso que eles tocam está sólido. Agora, a música ganhou um pouco mais de agressividade e impacto, mas sem abrirem mão da sobriedade. Ou seja, continuam o mesmo estilo, apenas mais evoluído. E para responder a segunda questão, é simples: “Black Sun” é um verdadeiro festival de riffs ganchudos, base rítmica sólida e técnica, e vocais urrados de primeira!

Traduzindo: é excelente!

Em termos de produção, digamos de passagem: gravar, mixar e masterizar discos de Death Metal não é lá muito simples. Mas o grupo juntou forças com Rafael Augusto Lopes, e o resultado ficou muito bom, com uma timbragem muito boa e que não permite que a agressividade do grupo fique confusa (a limpeza é muito grande, verdade seja dita). Além disso, Alcides Burn criou com uma arte primorosa e que encaixa como uma luva no trabalho musical deles (e foge um pouco do simplismo que já conhecemos de outras experiências).

O WARSHIPPER vem mostrar em “Black Sun” que é um dos nomes mais fortes no cenário, fugindo do “mais do mesmo” que já cansamos de ouvir por aqui, e ousam criar algo deles, sem medo de opiniões radicais ou modelos já pré-estabelecidos. Aliás, o disco soa vivo, cheio de energia e bem pessoal. E existem passagens que grudam nos ouvidos e não se esquece mais (como se ouve em “Cry of Nowhere”), justamente pelos toques melodiosos.

Por mim, diria apenas “ouçam o disco todo”, pois não vejo como destacar uma canção ou outra. O nível é bem homogêneo em termos de qualidade. Mas para uma mera referência ao leitor, indico a expressividade veloz de “Glowworm Dragon” (que trampo de baixo e bateria, com boa técnica e muito peso), a essência bruta cheia de toques melodiosos de “Cry of Nowhere” (reparem bem no trabalho de guitarras, nos solos e bases), a longa e cheia de momentos interessantes “Black Sun (Part I, II & III)” (sim, ela possui 3 partes distintas, e cada uma delas é um delírio em termos de musicalidade, com passagens mais cadenciadas fantásticas), o esmagamento opressivo feito pelas partes mais lentas de “Rebirth” e de “Abandoment”, a atmosfera densa e terrorosa de “Descending - Genesis & Ontogenesis” (diminuem a velocidade dos andamentos e ficam ainda mais brutos que muitas bandas, e que duetos melodiosos das guitarras), e alguns momentos com elementos de Thrash Metal ouvidos em “Delusions of Grandeur”. Isso é disco para se ouvir dias e dias a fio, sem cansar!

Se o WARSHIPPERcontinuar com essa mesma pegada, ninguém os segura no Brasil. E sim, “Black Sun” vem para estar entre os melhores discos de 2018 com certeza.


Nota: 93 %

BARRIL DE PÓLVORA - Barril de Pólvora


Ano: 2018
Tipo: Full Length
Selo: Independente
Nacional


Tracklist:

1. O Som do Trovão
2. Muito Papel pra Pouca Solução
3. Inércia
4. Tocando no Inferno
5. Loucuras, Sonhos e Delírios
6. Blues da Saudade
7. Barril de Pólvora
8. Tempestade


Banda:


Flávio Drager - Vocais
Emerson Martins - Guitarras
Saulo Santos - Baixo
Alexis Bomfim - Bateria


Ficha Técnica:

Rodrigo Garcia - Produção
André Cabelo - Mixagem, masterização
Gath Comunicativa - Capa
Vinícius de Souza - Arte, design


Contatos:

Assessoria: http://www.braunamusicpress.com(Brauna Music Press - Comunicação Musical)


Texto: Marcos Garcia


Existem bandas que vivem de passado, remixando os velhos clichês e indo a lugar nenhum. Sinto muito, mas ser “Old School” é algo que está além das meras palavras, e ainda mais além do que se dizer da Velha Guarda. Ser da Velha Guarda é ter vivido o tempo certo. Óbvio que isso não significa que você não pode fazer algo mais voltado aos velhos tempos, mas é bom tomar cuidado para não ser um clone musicalmente vazio (ou seja, sem nada a oferecer de si mesmo). Mas quando bandas como o BARRIL DE PÓLVORA, quarteto de Belo Horizonte (MG), cima de pôr a mão na massa, é melhor se prepararem. E “Barril de Pólvora”, primeiro disco da banda, é uma aula de como ser “à moda antiga” sem soar clichê.

O som deles nos remete ao Metal/Rock da primeira metade dos anos 80, onde rótulos e regras pouco importavam. Era fazer música e pronto, e se percebe que o grupo busca suas influências musicais em nomes como JIMI HENDRIX, AC/DC, BLACK SABBATH, JUDAS PRIEST, UFO, RAUL SEIXAS, CELSO BLUES BOY, SECOS E MOLHADOS, O TERÇO, entre outros. E mesmo assim, a identidade do grupo pulsa vigorosa, transformando a audição do disco em algo extremamente agradável aos ouvidos e ao coração. É muita energia crua permeando as ótimas melodias desse quarteto sólido e espontâneo.

Isso é ser à moda antiga de verdade, e com pedigree!

A produção sonora de “Barril de Pólvora”busca ser bem orgânica e crua, como os antigos registros, mas sem negar que estamos no presente. Ou seja, tem aquele som mais cru e simples do passado (o velho “plug and play”), mas com aquele alinhavo moderno e claro. E que fusão mais bem feita, digamos de passagem!

E mesmo simples, a arte e design do encarte são muito legais!

Pesado e espontâneo, Old School e cheio de energia, o BARRIL DE PÓLVORA faz um trabalho excelente. A energia é assombrosa, os arranjos musicais são de primeira, e tudo em uma embalagem espontânea. E cantando em português, vai lembrar muitos fãs da era em que gigantes como SAGRADO INFERNO, STRESS, ÁGUA BRAVA, MORTALHA, VÊNUS e outros faziam a alegria dos fãs aos sábados à noite, após uma semana estressante de estudos.

O disco inteiro é muito bom, mas a energia crua de canções como “O Som do Trovão” (muito peso e ótimas linhas melódicas), a força densa do andamento mais pesado e cadenciado de “Muito Papel pra Pouca Solução”, o jeitão Bluesy de “Inércia” (reparem nos andamentos bem conduzidos por baixo e bateria), a ferocidade extremamente divertida de “Tocando no Inferno”, o peso sedutor de “Loucuras, Sonhos e Delírios”, e a selvageria espontânea e politicamente consciente de “Barril de Pólvora” são os destaques em um disco que é essencial para todo bom fã de Metal/Rock à moda antiga.

Discão para ser ouvido após o dia estressante na sexta-feira, para se libertar de tudo!


Nota: 90%


ANGEL'S FIRE - O Conto



Ano: 2018
Tipo: Full Length
Nacional


Tracklist:

1. O Conto
2. Anjo de Luz
3. Sacrifício
4. Guardião
5. Além do Horizonte
6. Meu Desejo
7. Novo Reino
8. Pensamentos em uma Linda Noite
9. Tonight
10. Angel’s Fire
11. Meu Desejo (playback)


Banda:


Priscila Lira - Vocais
Israel Lira - Guitarras
Italo Liano - Teclados
Saymo Roberto - Baixo
Andre Lima - Bateria


Ficha Técnica:

Nenel Lucena - Produção, vocais adicionais em “Meu Desejo” e “Angel’s Fire”


Contatos:

Site Oficial:
Assessoria: https://www.facebook.com/LexMetalisAA/ (Lex Metalis Assessoria e Agenciamento)


Texto: Marcos Garcia


De uns anos para cá, o Meta sinfônico tem dado uma caída em termos de popularidade. Este autor se arroga o direito de fazer tal afirmativa baseado no número cada vez menor de bandas dedicadas ao estilo. Mas isso, por outro lado, é bom, já que o desgaste pelo uso cede um pouco. E o quinteto pernambucano ANGEL’S FIRE, de Recife, faz bonito demais em seu primeiro álbum, “O Conto”.

Belas orquestrações, vocal feminino afinado e melodioso (e que timbres legais), ótimo trabalho das guitarras tanto nos riffs quanto nos solos (em uma época em que este recurso tem se tornado cada vez menos utilizado), solidez coesa de baixo e bateria, teclados fazendo orquestrações vibrantes, tudo em seus devidos lugares e nas melhores proporções possíveis. Ótimas melodias, boa dose de energia e um trabalho fascinante, que nos seduz, embora não seja algo realmente novo. Mas garanto: é ouvir e gostar.

Em termos de produção, a sonoridade está muito boa, e diferentemente dos grandes nomes do estilo, o quinteto optou por algo mais cru em termos de guitarras e baixo, tornando tudo mais pesado. Mas não se preocupem: as melodias estão intactas, bem como o alinhavo etéreo dos teclados está ótimo. Tudo nos devidos lugares, e em bom nível. E a arte da capa é muito bonita.

Um trabalho muito bem feito em termos de arranjos é o que o grupo nos traz em “O Conto”. Existe muito de NIGHTWISH, EPICA e outros nomes permeando o trabalho do quinteto, mas sem que o ANGEL’S FIRE seja uma cópia destes. É bem maduro, mesmo sendo o primeiro disco deles, e digamos de passagem: como eles sabem criar melodias de fácil assimilação por nossos sentidos. E mesmo cantando em português, a dicção e métrica não são afetadas.

Basicamente, o grupo nos brinda com 9 canções ótimas, mas se destacam as melodias elegantes de “Anjo de Luz” (que lindos teclados e vocais), a pegada mais pesada e densa das guitarras em  “Sacrifício”, a técnica mais bem trabalhada de baixo e bateria em “Além do Horizonte” (que refrão maravilhoso), as nuances atmosféricas criadas pelos teclados em “Meu Desejo” e no Power Metal sinfônico de “Novo Reino”, a beleza sutil e introspectiva de “Pensamentos em uma Linda Noite” (como essa moça canta bem), e a pegada aveludada e pesada de “Angel’s Fire” (uma das duas únicas canções cantadas em inglês do disco). Mas lembrando: “O Conto” funciona como um todo, logo, melhor que ouçam todas as canções.

Antes de encerrar, gostaria de ser bem claro: a banda sofreu certa resistência por parte de alguns veículos por terem temática cristã. Óbvio que todos possuem direito de se expressar como bem entenderem, por isso, o Heavy Metal Thunder não compactua com pensamentos radicais. O mais importante é a música, e isso, o ANGEL’S FIRE tem mais que muito grupo capirotesco por aí.

Tem tudo para ser considerado como uma das revelações de 2018.


Nota: 87%

sexta-feira, 27 de abril de 2018

RIOT V - Armor of Light


Ano: 2018
Tipo: Full Length
Nacional


Tracklist:

CD1:

1. Victory
2. End of the World
3. Messiah
4. Angel’s Thunder, Devil’s Reign
5. Burn the Daylight
6. Heart of a Lion
7. Armor of Light
8. Set the World Alight
9. San Antonio
10. Caught in the Witches Eye
11. Ready to Shine
12. Raining Fire
13. Unbelief
14. Thundersteel (2018 version)


CD 2 (Live at Keep It True Festival 2015):

1. Ride Hard Live Free
2. Fight or Fall
3. On Your Knees
4. Johnny’s Back 
5. Metal Warrior
6. Wings are for Angels
7. Sign of the Crimson Storm 
8. Bloodstreets
9. Take Me Back
10. Warrior
11. Road Racin’
12. Swords and Tequila
13. Thundersteel


Banda:


Todd Michael Hall - Vocais
Mike Flyntz - Guitarras
Nick Lee - Guitarras
Don Van Stavern - Baixo
Frank Gilchriest - Bateria


Ficha Técnica:

Chris “The Wizard” Collier - Produção
Mariusz Gandzel - Artwork


Contatos:

Assessoria:

E-mail:

Texto: Marcos Garcia


Um dos grandes problemas do chamado “Metal Old School” é a idolatria de muitos pelo passado. Você pode gostar de um disco antigo, é algo comum. Agora, daí você se dizer um fã da Velha Guarda, ou criar uma banda que só é capaz de juntar velhos clichês musicais como uma criança faz com brinquedos de montar, é absurdo. Por isso, muitas bandas do Metal anos 80 atuais soam ocas: falta a vivência. Só quem viveu sabe o que é e do que este autor está dizendo. Agora, se quer uma prova musical à vera, basta que ouçam muitas bandas que andam por aí com nomes da Velha Guarda como o RIOT V, veterano quinteto norte-americano que acaba de soltar a pedrada “Armor of Light”, seu décimo-sexto disco, que a parceria entre a Shinigami Records e a Nuclear Blast Brasil acabar de botar nas lojas.

E parece que 2018 é o ano dos velhinhos!

Assim como o SAXONcom “Thunderbolt”, e o JUDAS PRIEST com “Firepower”, a experiência musical do RIOT V faz com que “Armor of Light” seja um disco fenomenal.

Para quem não sabe, o RIOT V nada mais é que o velho RIOT. O “V” foi adicionado após o falecimento do membro fundador Mark Reale, em 2012. Ou seja, é mesmo quinteto de Nova York que pode ser considerado, junto com o BLUE OYSTER CULT e o THE RODS, pioneiros e pais do que chamamos de US Metal: ótimo nível técnico, melodias excelentes e de fácil assimilação, duetos e riffs de guitarra que grudam nos ouvidos, base rítmica sólida e com um peso absurdo, além de vocais do mais alto nível, além de uma energia musical absurda. Óbvio que a experiência os ajudou na hora de compor, tendo na figura do baixista Don Van Stavern seu principal compositor, e assim, “Armor of Light” mostra a consensualidade da banda com tudo que já fizeram em seu passado, mas fincando os pés no presente e dando uma aula sobre o que é Metal à moda antiga de verdade!

Isso é US Metal puro sangue, o verdadeiro Power Metal no sentido mais profundo do rótulo. Isso é RIOT V!

Em termos de produção, mais um veterano opta por uma qualidade sonora moderna e poderosa, mas mantendo um nível de clareza excelente. Tudo está em seu devido lugar, nada é excessivo ou está faltando, e o acabamento é perfeito. Além disso, peso e agressividade se misturam a uma dose salutar de agressividade. É de deixar o queixo caído o trabalho de Chris “The Wizard” Collier na produção. E a arte de Mariusz Gandzel deixa claro: o quinteto está pronto para a guerra, para mostrar do que são capazes e ensinar aos mais jovens o que é Metal de verdade!

Sentem-se, meninos e meninas, porque a aula vai começar!

Basicamente, sem o RIOT V, o Metal norte-americano poderia existir, mas seria diferente e bem mais pobre. A capacidade do quinteto em criar músicas de uma forma clássica (mas que mantenha uma pegada atual) é fascinante. Não há como ficar parado no lugar, tudo está perfeito. É ouvir e sair cantando!

“Armor of Light”é uma obra-prima de peso, algo que o RIOT V sempre soube fazer.

Eles vieram, viram e estão dispostos a vencer com esse disco. E ele é recheado de momentos fantásticos, como o peso e belas linhas melódicas de “Victory” (uma cacetada, preenchida com ótimos vocais, duetos e bases de guitarras que esbanjam melodia, além de um refrão maravilhoso), as harmonias abrasivas bem construídas de “End of the World” e seu ritmo rápido (reparem o peso e técnica de baixo e bateria), o massacre Power Metal de “Messiah” (outra que mostra um peso feroz, impulsionado por um trabalho bem feito das guitarras), o jeitão Classic Rock anos 70 de “Burn the Daylight”, a pegada grudenta de “Heart of Lion” (que belíssimos backing vocals), a exibição de gala das guitarras contida em “Armor of Light”, o jeitão melodioso atualizado de “Set the World Alight” (que refrão de primeira), o peso intenso e cativante de “Caught in the Witches Eye”, e...

Para, vai!

O disco inteiro é excelente, uma exibição de gala de um veterano, e merece todo respeito de todos. E, além disso, a versão nacional ainda nos dá duas faixas bônus: “Unbelief”, e um ótimo “remake” para o hino “Thundersteel”(considerado um dos maiores clássico pelos fãs da banda).

E não para por aí: a versão nacional de “Armor of Light” é dupla, trazendo no CD 2 a apresentação do quinteto no festival alemão Keep It True, de 2015. Grandes momentos em “Ride Hard Live Free”, “Fight or Fall”, “Johnny’s Back”, “Sign of the Crimson Storm”, as clássicas “Warrior”, “Road Racin’”e “Sword and Tequila” (as 3 lá do passado deles, antes do primeiro hiato), e o hino “Thundersteel”. A maior parte do material é mesmo de “Thundersteel”, mas mostra que o poder de fogo desses sujeitos parece que aumentou com o tempo.

“Armor of Light”é uma lição de Metal à moda antiga. Uma lição preciosa demais, portanto, comprem o disco, vejam o que é ser “Old School” de fato, e mostrem respeito a esses veteranos raçudos.

Um dos melhores discos do ano!!!!


Nota: 100+%



quinta-feira, 26 de abril de 2018

MINISTRY - AmeriKKKant


Ano: 2018
Tipo: Full Length
Nacional


Tracklist:

1. I Know Words
2. Twilight Zone
3. Victims of a Clown
4. TV5-4 Chan
5. We’re Tired of It
6. Wargasm
7. Antifa
8. Game Over
9. AmeriKKKa


Banda:


Al Jourgensen - Vocais, guitarras, programação, teclados
Sinhue Quirin - Guitarras
Cesar Soto - Guitarras
Tony Campos - Baixo
John Bechdel - Teclados
Derek Abrams - Bateria
DJ Swamp - Turntables


Ficha Técnica:

Al Jourgensen - Produção
Burton C. Bell - Vocais
Arabian Prince - Vocais
Michael Rozon - Teclados em “Antifa”, backing vocals em “Victims of a Clown”, “We’re Tired of It”, “Wargasm” e “AmeriKKKa”, bateria programada
Roy Mayorga - Bateria em “Victims of a Clown”, “Game Over” e “AmeriKKKa”


Contatos:

Site Oficial: www.ministryband.com
Google+:
Assessoria:

E-mail:

Texto: Marcos Garcia


Os anos finais da década de 80 verão surgir um dos maiores pesadelos dos fãs mais tradicionais e radicais do Metal: o famigerado Industrial Metal.

Amado por muitos, execrado e caluniado por outros, o Metal Industrial mostra o uso de samplers e partes cheias de efeitos especiais para criar algo sonoramente caótico, e embora nomes como RAMMSTEIN tenham sido capazes de tornar o estilo mais acessível para muitos, existem nomes que preferem criar algo tão bruto e opressivo.

De outro lado, existem aqueles que se preocupam com os abusos cometidos no mundo. Abusos contra os Direitos Humanos cometidos por todo o mundo, a falta de cumprimento das diretivas constitucionais, a falta de ética e moral dos líderes das nações com seus cidadãos, nada disso é exatamente novo, mas parecem crescer a níveis absurdos nos últimos tempos. E isso é mais que suficiente para enfurecer a muitos, especialmente Al Jourgensen, vocalista e líder do MINISTRY, um dos pioneiros do Metal Industrial. E como a raiva anarquista de Al parece ser o combustível de sua criatividade, nada mais evidente que em tempos de Trump, a banda lance “AmeriKKKant”, seu décimo-quarto disco de estúdio, que chega ao Brasil via Shinigami Records/Nuclear Blast.

A velha fórmula musical da banda está aí: peso misturado com muito Groove, além das partes sequenciais de efeitos sonoros, mais aquele impacto profundamente pesado e avassalador. E embora não se possa comparar “AmeriKKKant” com obras-primas como “Mind is a Terrible Thing to Taste” e “ΚΕΦΑΛΗΞΘ”, ele possui seu charme, mostrando que o MINISTRY está mais vivo que nunca. E que não vai deixar Donald Trump em paz.

A sonoridade de “AmeriKKKant”é justamente a que se espera de Al Jourgensen: bem feita, sendo capaz de permitir que o grupo expresse suas ideias musicais com clareza, mas com muito peso. Óbvio que a sonoridade é abrasiva e gordurosa, já que o MINISTRY tem um enfoque mais agressivo do Industrial, beirando o Groove/Thrash Metal. E na capa, a Estátua da Liberdade fazendo um “facepalm”, deixando bem claro a que o título se refere.

“Apocalipse” seria uma boa palavra para descrever o que “AmeriKKKant” nos mostra musicalmente. Mas ao mesmo tempo, o MINISTRYcontinua com seu estilo sonoro característico intacto, mas sem buscar fazer muitas inovações.

Melhores momentos: O caos hipnóticos e opressivo dos tempos de “Twilight Zone”, a força bruta do groove abrasive de “Victims of a Clown”, a rapidez caótica e claustrofóbica com elementos Thrash/Groove Metal de “We’re Tired of It” (ótimos vocais, riffs de guitarras ríspidos e simples, mais as partes sampleadas de sempre), as ótimas melodias ruidosas de “Wargasm”, a ultrajante e agressiva “Antifa”, e os pregos parnasianos de “Game Over”e “AmeriKKKa” . E vejam que os convidados como Burton C. Bell (do FEAR FACTORY), o rapper Arabian Prince e Roy Mayorga deram um sabor especial a “AmeriKKKant”.

Assim, o MINISTRYmostra-se forte e revigorado, pronto para mais pancadaria, e melhor tirarem da cabeça que Al é de esquerda ou direita: ele é apenas um pensador independente que não se enquadra em lado algum (e cospe sua ira anárquica para cima de todos), fazendo de “AmeriKKKant” um manifesto caótico e um dos melhores discos do ano!

Nota: 97%